A Assembleia Legislativa de Mato Grosso estuda a possibilidade de contribuir financeiramente para a compra do prédio da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá. A proposta em análise pelos parlamentares prevê que o governo estadual adquira o imóvel e o doe posteriormente ao município, que assumiria a responsabilidade pela gestão da unidade hospitalar.
Segundo o deputado Paulo Araújo (PP), presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, a principal dificuldade não está na aquisição do imóvel, mas na definição sobre quem e como irá administrar os serviços prestados, especialmente os de atenção básica.
“A grande dificuldade não é nem com relação ao aporte de recursos financeiros, com relação à aquisição da unidade hospitalar. A dificuldade é na gestão em si”, afirmou o parlamentar. Ele destacou ainda que áreas como oncologia e pediatria são especialmente sensíveis, pois a Santa Casa se tornou referência nesses atendimentos na capital.
O imóvel, avaliado em cerca de R$ 78 milhões, está disponível para venda após avaliação realizada pela Coordenadoria de Apoio à Efetividade da Execução (CAEX), vinculada ao Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT-MT). O valor obtido será usado para o pagamento de dívidas trabalhistas, que ultrapassam R$ 50 milhões e envolvem mais de 860 processos.
A Assembleia cogita utilizar recursos de emendas parlamentares ou economias feitas com o duodécimo para colaborar com a aquisição. No entanto, a decisão final depende do posicionamento do governador Mauro Mendes (União Brasil), que, segundo Paulo Araújo, ainda não sinalizou claramente qual caminho irá seguir.
“Quem conhece o Mauro sabe que ele não fala para ninguém, acho que nem a dona Virginia [primeira-dama] sabe da situação”, disse o deputado, em tom de brincadeira.
O Ministério Público também participa das discussões. O promotor Milton Mattos sugeriu uma alternativa mais econômica: a construção de um anexo ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), que, segundo ele, demandaria menos investimento e teria custos de manutenção inferiores aos da estrutura da Santa Casa.
“Com o mesmo valor usado na compra da Santa Casa, seria possível construir uma nova unidade, e a longo prazo, o gasto com manutenção seria muito menor”, relatou o deputado, ao comentar a sugestão do MP.
FONTE – RESUMO