Bolsonaro nega conhecer líder de acampamento golpista citado em investigação do STF
Durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou desconhecer o caminhoneiro mato-grossense Lucas Rotilli Durlo, conhecido como “Lucão”, apontado como uma das principais lideranças dos acampamentos golpistas instalados nas imediações do Quartel General do Exército, em Brasília, em 2022.
A declaração foi dada em resposta a uma pergunta do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que culminou nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
“Não lembro desse nome, pode até aparecer uma fotografia minha e dele por aí. Mas não tenho a menor ideia de quem seja essa pessoa”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente é réu na ação penal e responde por crimes de tentativa de golpe de Estado e por tentar abolir o Estado Democrático de Direito. Esta é a primeira vez, desde a promulgação da Constituição de 1988, que um ex-presidente da República eleito é julgado por esse tipo de crime.
As investigações da Polícia Federal indicam que Lucão mantinha contato direto com o então secretário-executivo da Presidência da República, o general Mauro Cid Fernandes, e era uma das figuras centrais na articulação dos acampamentos contrários à posse de Lula. Segundo a PF, interceptações telefônicas revelam que Fernandes orientava Lucão diretamente sobre como proceder com as manifestações em Brasília e teria, inclusive, feito ajustes com a Secretaria de Segurança Pública para viabilizar os atos.
A relação entre os dois teria se intensificado a ponto de o general usar sua influência para tentar impedir o cumprimento de decisões judiciais. Em 8 de dezembro de 2022, por exemplo, Lucão acionou Fernandes em busca de apoio para barrar uma ordem do ministro Alexandre de Moraes que determinava o confisco de caminhões estacionados diante do QG do Exército.
De acordo com a PF, as mensagens trocadas entre Lucão e o general Fernandes reforçam a existência de uma articulação entre os manifestantes golpistas e a cúpula da Presidência da República na tentativa de mobilizar as Forças Armadas para aderirem a um golpe de Estado.