Feminicídio em Nova Lacerda: mulher é morta a facadas pelo ex-companheiro e suspeito é encontrado ferido em hospital

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Foto: Olhar Direto
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Da Redação
Uma mulher identificada como Gabriela da Fonseca, de 26 anos, foi assassinada a facadas pelo ex-companheiro, Rafael, de 32, na noite desta terça-feira (14), no município de Nova Lacerda (MT). O suspeito foi encontrado ferido, com grande perda de sangue, no Hospital Regional da cidade, onde permanece internado sob custódia policial.
De acordo com informações da Polícia Militar, os agentes foram acionados para atender uma denúncia de feminicídio na Avenida Antônio Carlos Amaral. No local, encontraram a vítima já sem vida, com múltiplos ferimentos provocados por arma branca.
Uma testemunha relatou ter ouvido uma discussão entre Gabriela e o agressor instantes antes do crime, seguida por pedidos de socorro. Em seguida, o vizinho acionou a PM e informou que o autor seria o ex-namorado da vítima.
Durante as buscas, a polícia recebeu a informação de que um homem ferido por faca havia dado entrada no hospital. Ao chegar à unidade, confirmou-se que se tratava de Rafael. A Polícia Civil acompanha o caso e aguarda a alta médica do suspeito para que ele seja encaminhado à delegacia.
Crescimento da violência contra mulheres em Mato Grosso
O assassinato de Gabriela se soma a uma estatística alarmante. Segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) e do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), o estado já registrou 36 feminicídios em 2025, um aumento de cerca de 38% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A maioria dos casos ocorre dentro de casa e é praticada por companheiros ou ex-companheiros das vítimas. Um levantamento do Observatório Caliandra indica que mais de 70% dos feminicídios acontecem no ambiente doméstico, e cerca de 43% são cometidos com armas brancas, como facas ou canivetes.
Em 2024, 47 mulheres foram mortas por motivos de gênero em Mato Grosso. Dessas, apenas uma possuía medida protetiva de urgência ativa no momento do crime — o que revela falhas na aplicação e fiscalização das políticas de proteção.
Ações e desafios no combate ao feminicídio
Para tentar conter o avanço da violência, o Poder Público tem implementado uma série de ações. O Poder Judiciário de Mato Grosso expandiu neste ano as Redes de Proteção às Mulheres Vítimas de Violência, instalando novas unidades em municípios do interior, como Chapada dos Guimarães, Nova Brasilândia e Planalto da Serra.
O Ministério Público Estadual também tem promovido campanhas de conscientização e o plantio de 53 ipês em Cuiabá — um para cada vítima de feminicídio registrada entre 2024 e 2025.
No Congresso, a senadora Margareth Buzetti (PSD-MT) cobrou maior agilidade na aplicação da Lei 14.994/2024, que transformou o feminicídio em crime autônomo. Desde a sanção da norma, apenas três condenações foram registradas no estado.
Apesar dos esforços, especialistas alertam que as medidas de combate ainda são insuficientes diante da escalada da violência. O desafio, afirmam, vai além da punição: envolve prevenção, acolhimento e mudança cultural, com políticas públicas que cheguem efetivamente às mulheres em situação de risco.