O julgamento do investigador da Polícia Civil Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, pelo Tribunal do Júri de Cuiabá, pelo homicídio do policial militar Thiago de Souza Ruiz, ocorrido em abril de 2023, teve que ser suspenso após uma discussão entre os advogados de defesa e a juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, que conduzia a sessão. Um protesto foi agendado para a manhã de hoje (16), em decorrência das falas da magistrada, que teria ofendido a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) dizendo “que se dane a OAB”, e foi acusada de abuso de autoridade.
Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, o advogado Cláudio Dalledone Júnior, que patrocina a defesa de Mário Wilson, contou que o desentendimento ocorreu no momento em que um delegado era inquirido.
Um trecho da confusão foi filmado. No início do vídeo, a defesa questiona a magistrada se ela disse “a OAB que se dane”. Ela então responde: “que se dane uai, vocês estão aí só levantando ‘OAB, OAB’, mantenha o respeito”. Em seguida a juíza manda retirar os advogados da sala.
Um dos advogados então a provoca dizendo: “manda prender então excelência! Manda prender os advogados. Eu entrego a minha liberdade a vossa excelência, manda me prender. Eu entrego a minha liberdade pela defesa dos acusados, vossa excelência está passando de todos os limites”.
Depois, Dalledone pediu à magistrada para que reconsiderasse a decisão, já que criaria um “tumulto desnecessário” e um “impasse institucional”. A juíza então responde: “pode chamar o presidente da OAB, chama”.
Dalledone afirmou que o Ministério Público concordou com a postura da magistrada e a situação foi mediada pela Polícia Militar. A sessão foi interrompida e depois foi adiada para esta terça-feira (16). A defesa afirmou que iria pedir intervenção da OAB nacional no caso.
O Olhar Jurídico tentou contato com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, mas até o momento não houve manifestação. Em uma matéria publicada no site oficial do TJ, com os relatos sobre o julgamento, não é citado o desentendimento.
O crime
O crime aconteceu no dia 27 de abril, por volta das 3h30, tendo iniciado no interior da conveniência de um posto de gasolina, em Cuiabá, local próximo ao Choppão e à praça. Conforme apurado no inquérito policial, Mário e um amigo foram até a conveniência e lá encontraram uma terceira pessoa, que apresentou a vítima aos dois. Consta na denúncia, que o PM e o investigador se “estranharam” pela desconfiança sobre a condição de policial de Thiago.
“A conversa seguiu no sentido de um indagar ao outro informações acerca das atividades e formação policial de ambos, instante em que Thiago levantou a camisa para mostrar uma cicatriz de que era portador, momento em que Mário visualizou e se apossou do revólver que aquele trazia na cintura, afirmando que iria chamar a polícia para averiguar aquela arma. Neste interim sacou da pistola que trazia consigo e apontou em direção a Thiago, após o que voltou sua pistola para a cintura e permaneceu com o revólver da vítima em mãos”, diz a denúncia.
Na sequência, conforme o Ministério Público, Thiago tentou pegar de volta seu revólver, momento em que os dois se atracaram e caíram no chão. Durante a confusão, testemunhas tentaram separar os dois, mas Thiago acabou sendo atingido por vários disparos de arma de fogo efetuados por Mário. Mesmo alvejado, Thiago ainda conseguiu sair do local, mas foi alcançado por Mário, que ainda atirou pelas suas costas.















