A Justiça de Mato Grosso recebeu a denúncia contra dois policiais militares acusados de integrar a milícia armada conhecida como “Os Cabriteiros”, apontada por atuar com grilagem de terras, garimpo ilegal, tráfico de armas e lavagem de dinheiro, com ligação direta com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A decisão foi proferida nesta quinta-feira (12) pelo juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, que também determinou o afastamento cautelar do soldado Junio Alves Ferreira do cargo na Polícia Militar.
Junio, acusado de ser o líder da organização criminosa, foi denunciado em abril pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ao lado de outro policial militar, Cleberson Rodrigues de Brito, e mais cinco civis: o vaqueiro Adenil da Silva Melo, Claiton Alves (conhecido como Goiano), Gilmar da Silva (Jota/J), Cleomar Dias Souza (Queleu) e Junior Dias da Silva.
Conforme a investigação, o grupo atua desde março de 2023, tendo como base a Fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Água Boa (MT). A milícia mantinha uma estrutura organizada, com divisão de tarefas e envolvimento direto com crimes patrimoniais e violentos. Junio, também conhecido como “Dudu”, usava sua posição na Polícia Militar para coordenar ações ilegais, garantindo proteção e designando membros para ocupação de áreas griladas. Ele é acusado de estar envolvido na morte por envenenamento de Edilson Conti, o “Capixaba”, cuja propriedade rural foi tomada pelo grupo após o homicídio.
Entre os crimes denunciados estão o comércio ilegal de armamentos de grosso calibre, lavagem de dinheiro com movimentações milionárias e uso de empresas de fachada, como MB Agro Negócios e Ricardo Montenegro de Lima Ltda. O Gaeco aponta que Junio movimentou cerca de R$ 2 milhões entre 2022 e 2025, mesmo recebendo um salário mensal de R$ 4 mil.
Além disso, Cleomar Dias mantinha registros de atividades de agiotagem e repasses financeiros, inclusive com uso de contas de terceiros para encobrir transações suspeitas. Claiton Alves seria responsável pela logística da quadrilha e pela execução de ações violentas, enquanto Gilmar da Silva, ligado ao PCC, atuava como intermediário. O grupo também é acusado de envolvimento habitual com o tráfico de armas, com provas documentadas por meio de mensagens e apreensões.
Com o recebimento da denúncia, todos os citados se tornam réus e deverão responder pelos crimes de organização criminosa, grilagem de terras, tráfico de armas, lavagem de dinheiro e homicídio com motivação patrimonial.
FONTE – RESUMO