Morre aos 49 anos Marcelo Vip, golpista que viveu em MT e inspirou filme nacional

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Reprodução
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Marcelo Nascimento da Rocha, conhecido como “Marcelo Vip” e considerado um dos maiores golpistas do país, morreu nesta terça-feira (9), aos 49 anos, no Paraná, em decorrência de complicações de cirrose. O criminoso, que viveu por anos em Mato Grosso e acumulou prisões, fugas e golpes famosos, teve sua morte confirmada pelo amigo e advogado Nilton Ribeiro.

Marcelo Vip residiu por anos em Mato Grosso, onde trabalhou como palestrante e produtor de eventos, sem abandonar a vida de golpes. Em 2018, foi preso na Operação Regressus por apresentar atestados médicos falsos para obter progressão de regime. Na mesma operação foram detidos o ex-assessor da 2ª Vara Criminal de Cuiabá, Pitágoras Pinto de Arruda, e Márcio Batista da Silva, conhecido como Dinho Porquinho. A ação foi realizada pela Polícia Civil, com apoio do Ministério Público Estadual e do Tribunal de Justiça, e cumpriu 19 mandados de busca e apreensão em Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis e Rio de Janeiro.

Marcelo cumpriu quatro anos de prisão e, em 2014, passou ao regime semiaberto. Como Mato Grosso não possuía estrutura adequada, recebeu autorização para prisão domiciliar mediante comprovação de trabalho, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.

Piloto de avião, o golpista acumulou uma extensa ficha criminal por associação ao tráfico, roubo de avião, estelionato e falsidade ideológica. Foi preso em 12 estados e fugiu nove vezes. Suas histórias foram reunidas no livro “VIPs – Histórias Reais de um Mentiroso”, posteriormente adaptado para o cinema, com Wagner Moura interpretando o personagem principal.

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Em Mato Grosso, Marcelo também aplicou golpes contra profissionais da saúde. Ele e Hellen Cristina Carmo de Lima foram denunciados por improbidade administrativa em um esquema de venda fraudulenta de aparelhos oftalmológicos, com a participação de servidoras da Secretaria de Administração (SAD). As funcionárias repassavam contatos de médicos e profissionais liberais, facilitando o acesso às vítimas.

Para aplicar o golpe, Marcelo se passava por auditor da Receita Federal, usando o nome falso “Wagner Monteiro”. Ele dizia que equipamentos oftalmológicos, como o auto refrator Topcon — avaliado em mais de R$ 30 mil — estariam disponíveis em leilões da Receita, ofertando-os por valores bem abaixo do mercado. As vítimas eram induzidas a fornecer dados pessoais para supostos cadastros e, em seguida, pressionadas a realizar transferências bancárias para uma conta vinculada ao grupo. O golpe não se concretizou, pois os profissionais desconfiaram e não efetuaram o depósito.

Marcelo e Hellen foram condenados a pagar R$ 42.516,13 por improbidade administrativa. Como não quitaram o valor, bens e contas bancárias do casal foram penhorados pela Justiça em julho deste ano.

A fama de Marcelo Vip se consolidou em 2001, quando se passou pelo empresário Henrique Constantino, um dos fundadores da Gol Linhas Aéreas, durante o Carnaval no Recife. Ele chegou a conceder entrevistas em rede nacional antes de ser desmascarado pela Polícia Federal. Em 2003, durante uma rebelião em Bangu, assumiu identidades de líderes do PCC e do Comando Vermelho, além de músicos e figuras públicas, ampliando sua notoriedade.

A trajetória do golpista virou filme em 2011, com o longa “VIPs”, estrelado por Wagner Moura e dirigido por Toniko Melo, que chegou a disputar a indicação brasileira ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2012.

Após deixar o sistema prisional, Marcelo passou a viver em Mato Grosso, onde atuou como palestrante, consultor e escritor. Até o momento, não há informações divulgadas sobre velório e sepultamento.