Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso interdita médico condenado por homicídio e aborto sem consentimento
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) anunciou, nesta terça-feira (8), a interdição cautelar total do exercício profissional do médico Fernando Veríssimo de Carvalho. A decisão foi tomada após a condenação do profissional a 31 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado pelos crimes de homicídio qualificado e aborto sem consentimento, ocorridos em novembro de 2018, em Rondonópolis, a 215 km de Cuiabá.
De acordo com o CRM, a interdição foi motivada pelo “fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ao prestígio e bom conceito da profissão médica”, conforme estabelece o artigo 30 do Código de Processo Ético-Profissional. O Conselho considera que a continuidade da prática médica por Veríssimo de Carvalho poderia comprometer a integridade da profissão, levando à suspensão total de suas atividades.
A interdição será efetivada imediatamente após a ratificação da decisão pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que ainda deve emitir um parecer para a aplicação da suspensão definitiva do exercício profissional.
Fernando Veríssimo de Carvalho transferiu seu registro profissional do Conselho Regional de Medicina de São Paulo para Mato Grosso em 29 de agosto de 2023. Apesar de sua condenação, ele continuava atuando como médico na cidade, realizando atendimentos em acidentes de trânsito, visitas a pacientes no Hospital Regional e consultas domiciliares. Ele recebeu autorização da Justiça para se recolher ao presídio até as 20h e é monitorado por tornozeleira eletrônica durante o dia.
O crime ocorreu no dia em que o casal comemorava 10 meses de namoro, quando Veríssimo pediu a jovem, Beatriz Nuala Soares Milano, em casamento durante um jantar. Após retornarem para casa, ele a matou e arrumou o corpo na cama. Em seguida, passou a noite consumindo bebidas alcoólicas e assistindo TV. Ele comunicou a morte da namorada à família e à equipe médica, tentando induzir a crença de que o falecimento foi natural.
A discussão entre o casal teria começado devido à compra não finalizada de um carrinho de bebê e à organização financeira da relação. O réu, médico e conhecedor da anatomia, utilizou seu conhecimento para atacar a jovem em pontos críticos que levariam à perda de consciência. Apesar de Beatriz ter experiência em técnicas de luta, ela não teve chances de se defender. A jovem e seu bebê, que estava em gestação, morreram.
Após a descoberta do crime, Veríssimo fugiu para Ribeirão Preto (SP), onde foi preso. Ele está detido na Penitenciária Major Eldo Sá Corrêa (Mata Grande) desde 2018.