Terreiro de Candomblé em Cuiabá celebra 15 anos com documentário em defesa da liberdade religiosa

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Foto: Reprodução
ALMT

O terreiro Ilè Okowoò Asè Iyá Lomin’ Osà, localizado no bairro Jardim Universitário, em Cuiabá, está celebrando seus 15 anos de história com a produção de um documentário que denuncia o racismo religioso e exalta a resistência das religiões de matriz africana em Mato Grosso. O curta-metragem tem previsão de lançamento para o mês de agosto e marca uma trajetória de lutas por reconhecimento, liberdade de crença e valorização da cultura afro-brasileira.

A obra, intitulada como uma “resistência audiovisual”, está sendo realizada pelo coletivo Aquilombamento Audiovisual Quariterê e tem direção das cineastas negras Juliana Segóvia e Paula Dias. O filme deve participar de mostras estaduais e nacionais, com uma proposta poética e intimista tanto na fotografia quanto na construção sonora, conforme adiantou Segóvia.

Fundado em julho de 2010, o Ilè é mais do que um espaço religioso. Com biblioteca temática, acervo histórico e ações culturais, o terreiro atua como centro de formação e combate ao preconceito, promovendo oficinas, rodas de conversa e cartilhas sobre igualdade racial, religiosa, de gênero e orientação sexual.

O documentário trará relatos de fundadores e das novas gerações que atuam na casa de axé, abordando temas como estratégias de resistência ao racismo religioso e a importância da oralidade na preservação das tradições afro-brasileiras. A proposta é também lançar uma mensagem de esperança e de construção de um futuro mais inclusivo.

Para o babalorixá Bosco ty Xangô, líder religioso do terreiro, a produção é uma ferramenta poderosa de enfrentamento ao preconceito. “Esse documentário mostrará a luta e persistência de um ilê axé que nasceu em 2010 e permanece até os dias atuais com o objetivo de ser um território de preservação da história, cultura e religiosidade do povo negro”, declarou.

A diretora Paula Dias reforça que a obra busca ocupar espaços simbólicos de representação. “O cinema e o audiovisual são campos de disputa. É preciso garantir narrativas diversas para combater estereótipos históricos que atingem populações racializadas e adeptos das religiões de matriz africana”, afirmou.

FONTE – RESUMO