No Fantástico, faculdades de Cuiabá são acusadas de fraude para obter boas notas no Enade

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Foto: Reprodução
ALMT TRANSPARENCIA

Fonte: Olhar Direto

Maria Aparecida Enes Andrade, empresária, diretora e sócia de três faculdades em Cuiabá, foi alvo de reportagem do Fantástico, da Rede Globo, no último domingo (16). Uma denúncia de um estudante de Administração ao Inep acusa a Faculdade de Cuiabá (Fauc), Faculdade Cândido Rondon e a Faculdade Desembargador Sávio Brandão (Fausb) de fraude em processo de realização do Enade, exame que avalia o desempenho dos alunos de ensino superior.

A reportagem do Fantástico aponta que, em 2015, três faculdades tiveram notas um ou dois no Enade, em uma escala que vai até cinco. Em 2018 o Ministério da Educação aplicou novo teste, sendo que a repetição das notas baixas ocasionaria sanções às instituições, que vão desde a diminuição do número de vagas até o fechamento.
 
A maior parte dessa nota, 55% dela, sai de uma prova feita por estudantes veteranos que já tenham cumprido 80% do curso. A direção dessas faculdades deu um jeito de garantir que só os bons alunos fizessem o Enade: apressou a formatura dos alunos mais fracos, que poderiam abaixar a nota média.
 
Um estudante de administração fez uma denúncia anônima na página do Inep, responsável pelo Enade. Segundo a denúncia, a faculdade ameaçou reprovar alunos que se negassem a participar da fraude. A gravação indica também que as faculdades interromperam as aulas da graduação para dar curso preparatório para o Enade.
 
Em gravações de reuniões da diretora com professores, obtidas pelo Fantástico, ela cobra resultados positivos na avaliação nacional. "Vocês têm que parar tudo e só intensificar Enade", diz em um trecho. ""Do jeito que nós estamos, a gente nunca vai sair de protocolo de risco", acrescenta em outro.
 
"Nós vamos ter que colocar goela abaixo. Porque senão o meu Enade vai ser zero", diz Maria Aparecia Enes Andrade.
 
Há outras duas avaliações que compõem a nota de uma faculdade. Uma delas é o "Questionário do Estudante", preenchido pelos alunos, com informações sobre a instituição. Ele pode ser preenchido de qualquer lugar com acesso à internet. Mas os professores obrigavam os alunos a fazerem isso nos computadores da faculdade, para controlar as respostas dadas.
 
"Antes de o aluno enviar tem que ter um auditor olhando as respostas e chancelando para o aluno ir embora", afirma a diretora Maria Aparecida nas reuniões gravadas. "Essa coisa de liberdade não existe. Ela é entre aspas."
 
Por telefone, estudantes confirmaram a fraude. "Indiretamente, houve uma indução", diz um deles.
 
De acordo com o presidente do Inep, Alexandre Lopes, já foi iniciado um processo de investigação. "Já enviamos questionário à instituição de ensino, já recebemos, estamos fazendo agora a apuração interna e assim que concluirmos encaminharemos ao Ministério da Educação", afirma.
 
Por meio de seus advogados, Maria Aparecida negou as irregularidades. A reportagem completa pode ser conferida AQUI.

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