
Médico exonerado por assédio sexual em UPA de Cuiabá tenta retornar ao cargo na Justiça
O médico Ruy de Souza Gonçalves, de 68 anos, exonerado do serviço público após ser acusado de assédio sexual contra uma paciente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Pascoal Ramos, em Cuiabá, ingressou com um novo pedido judicial para retomar suas atividades profissionais. A ação foi protocolada nesta terça-feira (14), na 5ª Vara Especializada da Fazenda Pública da capital.
Na petição, o médico alega que foi vítima de uma suposta armação arquitetada pela paciente e que depende do salário como servidor público para se sustentar. Ele também pediu à Justiça a nulidade da exoneração, a reintegração ao cargo, o pagamento retroativo de sua remuneração e a transferência para outra unidade de saúde, diferente da UPA Pascoal Ramos.
Ruy, que chegou a ser preso em flagrante no dia 16 de dezembro do ano passado, foi solto no dia seguinte, mas teve sua exoneração decretada pelo então prefeito Emanuel Pinheiro. Na ocasião, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que adotou todas as medidas cabíveis diante das acusações.
Gravação comprova assédio
A denúncia contra o médico ganhou força com a gravação feita pela vítima, uma mulher de 32 anos, que registrou o momento em que Ruy, durante um atendimento, pediu um “beijinho” após prescrever um exame de hemograma e emitir um atestado médico. No áudio, é possível ouvir o médico insistindo: “Dá sim, dá sim” e, logo depois, um som que se assemelha a um beijo. Antes de encerrar, ele ainda diz: “Não esquece de mandar um oi para mim”.
Segundo relatos, a paciente estava nervosa ao acionar a Polícia Militar, que foi chamada pela coordenadora da UPA para apurar a denúncia de assédio.
Histórico problemático
Não é a primeira vez que Ruy enfrenta problemas em sua carreira. Além de médico especializado em cirurgia plástica e medicina do trabalho, ele também atua como advogado e possui um histórico de processos judiciais e situações polêmicas.
Em novembro do ano passado, o médico teve um mandado de prisão expedido por descumprir medidas cautelares impostas pela Justiça, como manter distância de uma diretora do Hospital Estadual Santa Casa, identificada pelas iniciais P.D.N., a quem ele teria injuriado e ameaçado.
Ruy também já foi detido por invadir o gabinete de uma juíza, além de acumular diversos processos em aberto contra autoridades judiciais.
Justiça mantém decisão inicial
No início de janeiro, a desembargadora Vandymara Zanolo, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, negou o primeiro mandado de segurança movido por Ruy, que também buscava sua reintegração ao cargo. Na decisão, a magistrada declarou a incompetência do TJ para julgar o caso, o que levou a defesa do médico a acionar a primeira instância.
Até o momento, a nova ação protocolada na 5ª Vara Especializada da Fazenda Pública ainda não foi analisada.