
Facção Criminosa Impõe ‘Taxa de Funcionamento’ a Comerciantes em Várzea Grande
Delegado revela impacto devastador das extorsões praticadas pelo Comando Vermelho
A operação “A César o que é de César”, deflagrada nesta segunda-feira (10) pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Draco), expôs um esquema de extorsão que tem aterrorizado comerciantes em Várzea Grande. Segundo as investigações, membros da facção criminosa Comando Vermelho exigiam uma “taxa de funcionamento” de até 5% sobre o faturamento mensal dos lojistas, sob ameaça de incendiar os estabelecimentos.
O delegado Antenor Pimentel Marcondes, responsável pela operação, classificou a situação como “extrema” e destacou o impacto emocional nas vítimas. “Vimos comerciantes em depressão, pessoas que fecharam suas lojas. Uma das vítimas chegou a comprar uma arma para se defender e cogitou tirar a própria vida”, revelou o delegado durante coletiva de imprensa.
Prisão dos suspeitos e modus operandi
Dois suspeitos foram presos na operação: O.R., de 35 anos, conhecido como Shelby, e seu comparsa, C.R.L.S., apelidado de Maxixi. Shelby exercia a função de “disciplina” dentro da facção, impondo regras e intimidando comerciantes, enquanto Maxixi atuava como seu principal executor, sendo ainda mais agressivo nas cobranças.
As investigações apontam que os criminosos monitoravam de perto a rotina dos comerciantes, garantindo que os pagamentos fossem realizados. “Eles alegavam falsamente que estavam oferecendo segurança aos estabelecimentos, mas, na verdade, exerciam pressão psicológica e ameaçavam as vítimas”, explicou Marcondes.
Fuga e capturas
Shelby chegou a fugir para a comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, ao perceber a movimentação policial. “Quando a Polícia Civil intensificou as investigações, ele comprou uma passagem de R$ 5 mil à vista e se escondeu na Rocinha. Fizemos o monitoramento e conseguimos prendê-lo fora de casa”, afirmou o delegado.
Medo e dificuldades nas investigações
Apesar das prisões, o medo ainda impede muitas vítimas de denunciarem a extorsão. “Estamos indo de porta em porta para convencer os comerciantes a prestarem depoimentos. Mesmo sem precisar mostrar o rosto, muitos ainda temem represálias”, relatou Marcondes.
O delegado reforçou a importância da colaboração da população nas investigações. “É fundamental que as vítimas denunciem. Garantimos o sigilo absoluto”, concluiu.