Em 2024, foram identificados 49 autores de feminicídios em Mato Grosso, sendo que, em dois casos, houve a participação de dois criminosos. Um exemplo é o assassinato de Raquel Maziero Cattani, de 26 anos, que foi morta pelo ex-marido e seu irmão, Romero e Rodrigo Xavier Mengarde, em Nova Mutum. O outro caso envolveu Torrea Eskalati de Souza, de 30 anos, assassinada pelo ex-companheiro e o irmão, Willian Jhonatan e Wender Dantas Bueno, em Várzea Grande.
Conforme levantamento da Polícia Civil, 23 dos autores foram presos em flagrante, enquanto 13 foram detidos por mandados. Dez criminosos, que cometeram feminicídios no último ano, estão mortos – dois em confronto com a polícia e oito que cometeram suicídio após os assassinatos. Um caso que chamou atenção foi o de Sônia Maria de Jesus Chaves, de 48 anos, assassinada com uma facada no pescoço, em Pontes e Lacerda. O autor do crime, o namorado de 67 anos, Valter Alves Rosa, deixou um áudio pedindo perdão à filha antes de se suicidar. Ambos foram encontrados mortos na varanda da casa do suspeito.
Outros dois autores seguem foragidos, e um foi identificado, indiciado e responde ao crime em liberdade.
A Polícia Civil afirmou que 96% dos casos foram devidamente investigados e que os inquéritos já foram encaminhados ao Poder Judiciário para a oferta de denúncia. Os 4% restantes estão em fase de conclusão, mas a autoria e a dinâmica dos crimes já estão esclarecidas.
Perfil dos autores
A maioria dos autores de feminicídios (55%) possuía antecedentes criminais, e 45% já haviam cometido atos de violência doméstica contra suas parceiras atuais ou anteriores. Quando somados casos de violência familiar e doméstica, 76% dos assassinos tinham registros de outros crimes, como ameaça, injúria, lesão corporal e violência psicológica.
Em relação à faixa etária, 67% dos autores tinham entre 30 e 49 anos, 18% tinham entre 18 e 29 anos, 12% estavam na faixa de 50 a 60 anos e apenas 2% eram menores de idade. A maioria dos autores (73%) era parda, seguida por 16% de negros e 10% de brancos.
Quanto ao nível de escolaridade, 59% dos criminosos tinham o ensino fundamental como o grau de escolaridade mais alto, 20% haviam cursado o ensino médio e apenas 6% tinham formação superior. Em 14% dos casos, o dado sobre a escolaridade não foi encontrado.
Em relação à situação financeira, 80% dos autores tinham trabalho e renda estável, com ocupações predominantes como pedreiro e operador de máquinas. Apenas três dos 49 suspeitos estavam desempregados.
Análise e medidas de prevenção
O relatório da Polícia Civil destaca padrões recorrentes nos casos de feminicídio em Mato Grosso e a urgência de estratégias para proteger as mulheres e combater a violência doméstica e estrutural. O documento reforça a ideia de que o assassinato de mulheres reflete uma cultura de ódio e discriminação de gênero, sublinhando a necessidade de ações intersetoriais e da mobilização social no combate à violência.
As mulheres vítimas de violência doméstica podem procurar ajuda nas delegacias de Defesa da Mulher ou no atendimento virtual via Delegacia Digital. O SOS Mulher também está disponível tanto no site quanto em aplicativo de celular para apoio imediato. Além disso, as vítimas podem ser encaminhadas para atendimento jurídico, psicológico e social, e, caso necessário, também receber auxílio financeiro por meio do programa SER Família Mulher, que oferece suporte para que a mulher possa se afastar do agressor e garantir sua segurança.