A Justiça transforma a prisão de uma estudante suspeita de abusar de animais em medida cautelar

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Foto: Reprodução

Justiça converte prisão de suspeita de maus-tratos a animais em preventiva após audiência de custódia em Cuiabá

A juíza de Direito Silvana Ferrer Arruda, do Núcleo de Audiências de Custódia de Cuiabá, converteu a prisão em flagrante de Larissa Karolina Silva Moreira em prisão preventiva. A decisão foi tomada durante audiência realizada nesta sexta-feira (13), no âmbito de um processo que investiga Larissa por supostos crimes de maus-tratos a animais.

A prisão de Larissa ocorreu no dia 13 de junho de 2025, após diligências policiais motivadas por denúncias da ONG “Tampatinhas Cuiabá”. Segundo o relato da presidente da organização, Kelly Adriany de Lima Rondon, Larissa e seu companheiro, William Angonese, haviam adotado diversos gatos, mas deixaram de prestar informações sobre o paradeiro dos animais, bloqueando os contatos com os doadores.

A magistrada baseou sua decisão em diversos elementos que apontam indícios de autoria e materialidade do crime. Um dos principais fatores foi a localização do corpo de um gato morto, envolto em sacola plástica, em um terreno baldio nos fundos da residência de Larissa. O local foi indicado pelo próprio William Angonese. No interior da casa, a polícia encontrou vestígios de sangue em lençóis e colchões.

Durante a audiência, a defesa de Larissa solicitou o relaxamento da prisão, alegando ausência de flagrante e ilegalidade na custódia. No entanto, a juíza considerou configurado o “flagrante presumido”, rejeitando o pedido.

Depoimentos prestados durante a investigação também foram determinantes para a conversão da prisão. Josayne Guia dos Reis, protetora independente, afirmou ter doado um gato chamado Nescau a Larissa. Após diversas tentativas de contato, também foi bloqueada. Em visita ao local, percebeu que a suspeita estaria de mudança e o animal já não se encontrava na residência.

O depoimento mais detalhado foi o de William Angonese, companheiro de Larissa. Ele afirmou que adotava gatos a pedido dela por medo de sofrer agressões físicas. Relatou, inclusive, ter uma cicatriz nas costas causada por um ataque com secador de cabelo. William disse ter encontrado, por duas vezes, manchas de sangue e um cabo de vassoura torto na casa da suspeita. Em uma das ocasiões, Larissa teria afirmado que matou um dos gatos após ser arranhada, sem esclarecer o paradeiro do corpo. Ele também suspeita que os animais mortos tenham sido descartados em uma área de mata próxima ao prédio onde residem.

Para a juíza, estão presentes os requisitos legais para a prisão preventiva: a materialidade do crime, os indícios suficientes de autoria e o risco que a liberdade da investigada representa à ordem pública e à instrução criminal. A conduta, segundo a magistrada, envolve “crueldade contra animais inofensivos”, configurando o chamado periculum libertatis.

A juíza ainda determinou que sejam observadas, no ambiente prisional, todas as diretrizes normativas e jurisprudenciais que garantam a dignidade e segurança de Larissa Karolina Silva Moreira, que se identifica como mulher transexual.

A investigação segue em andamento.

 

 

Da Redação com informações do Olhar Direto