Roberto França lamenta abandono de seu legado político e dá conselho a atual prefeito

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CAMARA VG

“Este aqui é o livro de quando eu saí da Prefeitura, um resumo das mil obras que nós fizemos. Esse aqui, infelizmente, não existe mais”, lamenta o ex-prefeito de Cuiabá, Roberto França (PSDB), apontando para o antigo prédio do Centro de Reabilitação para dependentes químicos da Capital, que era localizado na estrada da Guia. “Hoje o filho do pobre que é drogado não tem onde tratar. Chegamos a ter 22 pessoas internadas lá, acabaram com ele, como acabaram com muita coisa”, reforçou.


 
Na semana em que Cuiabá completa 299 anos, França conversou com o Olhar Direto e, quatorze anos depois de deixar o Alencastro, criticou o fato de seus sucessores terem abandonado alguns de seus projetos. Mas, ao mesmo tempo, comemorou a continuidade de iniciativas como o ‘Siminina’ e o ‘Bom de Bola, Bom de Escola’, que vem sendo resgatado pelo atual prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).

Aliás, foi para Pinheiro o principal recado que Roberto França deixou, durante a entrevista: “não se faz política só com festa”, alfinetou, fazendo questão de destacar que os eventos promovidos pela Prefeitura são feitos com recursos da iniciativa privada.

“Esse modelo de parceria [público-privada] ele poderia também estender para determinadas obras do município. Por que não fazer parcerias para que as empresas assumissem, cada uma, um dos mini-estádios, e recuperá-los?”, sugeriu.

Roberto França, que é jornalista, foi prefeito de Cuiabá entre 1997 e 2004. Ele começou sua carreira política nos anos 70, quando elegeu-se vereador em Cuiabá e presidiu a Câmara Municipal. Exerceu quatro mandatos de deputado estadual (1981 a 1994), ocupando os cargos de presidente e primeiro-secretário da Assembléia Legislativa. Ele também foi deputado federal, no período de 1995 a 1996, e vice-líder do PSDB na Câmara Federal.

Ele foi o prefeito com maior longevidade à frente do Palácio Alencastro – oito anos de mandato ou 98 meses ininterruptos.  Depois dele, quem mais governou – pela ordem – foi Frederico Campos, seguido por Wilson Santos e Dante Martins de Oliveira (in memorian). Mas, apesar do currículo respeitável, França garante que deu adeus à vida pública.

“Eu acho que já passou a minha época. O cavalo já passou arriado, na época eu não montei, agora não consigo nem pegar no rabo dele”, brincou.

300 anos de Cuiabá

O ex-prefeito avaliou ainda a capacidade de Emanuel Pinheiro conseguir realizar o pacote de obras anunciados para os 300 anos de Cuiabá. Entre os principais projetos estão a construção de um viaduto na rotatória da Ponte Sérgio Motta, que será construído na avenida Beira Rio; uma trincheira no encontro das avenidas das Torres e Itália; e uma das obras mais ambiciosas, o denominado contorno leste.

“Tudo, eu acho difícil. Mas se ele conseguir viabilizar recursos as principais obras podem sair do papel. São três obras [citadas acima] importantíssimas. Na minha opinião, se ele conseguir estas já terá sido um grande feito”, avaliou.

Relembre quais são as obras previstas para os 300 anos da Capital, comemorado no próximo ano.

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