‘Nova Ronda’ escolhe defender o Brasil e elege Cyborg como a maior da história

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CAMARA VG

Nascida em Phoenix (EUA), mas filha de brasileiro, Mackenzie Dern não soube escolher qual país defenderia em suas lutas no MMA, declarando-se Atleta Internacional. Assim foi em sua estreia no Ultimate Fighting Championship, na vitória contra Ashley Yoder em Las Vegas em março. Na próxima vez que subir ao octógono, no entanto, será diferente. Com um português quase perfeito, revelou que vai representar o Brasil no UFC 224 em maio no Rio de Janeiro.

AMOR PELO BRASIL

Suas férias sempre são aqui, e ela chegou até a morar na terral natal de seu pai – o faixa preta de jiu-jitsu Welington ‘Megaton’ – dos 16 aos 19 anos. Dança, praia o estilo de vida são ingredientes que a atraem. E então, há três semanas, quando foi perguntada qual seria sua nacionalidade para enfrentar a norte-americana Amanda Bobby Cooper, não resistiu em ter a torcida da casa a seu lado.

“Sempre tive o Brasil perto do meu coração. Agora achei melhor do que ser Atleta do Mundo. É um sonho. E ainda mais no Rio. Quero finalizar logo no primeiro round, mostrar o jiu-jitsu brasileiro. Não queria escolher um lado. Tenho uma conexão forte com os dois países. Mas lutar no Brasil, contra uma americana… não vimos outra possibilidade. Foi fácil decidir. Estou muito feliz. O mais irado vai ser ter a torcida do meu lado. Não queria ouvir aquele ‘uh, vai morrer’ (risos)”, contou ao espnW.

RESISTÊNCIA DO PAI

E o UFC 224 será especial também por outro motivo: está quase tudo certo para que seu pai esteja ali, assistindo de pertinho na arquibancada. Mackenzie fez seis lutas no MMA, até aqui, e ele não foi a nenhuma. “Estou muito ansiosa. Eu queria que ele tivesse ido na estreia. Mas falo que se chegar numa disputa de cinturão e ele nunca tiver ido, vou achar melhor não ir, já que estou ganhando tudo, para não arriscar (risos). Mas é 95% de certeza que vai estar lá.”

A ausência é parte da resistência de ‘Megaton’ à carreira da filha nas artes marciais mistas. A norte-americana brasileira seguiu seus passos, começou a treinar com ele aos três anos e se tornou uma estrela no jiu-jitsu. Aos 14, ganhou seu primeiro título mundial. Faixa preta, experimentou o MMA como treino complementar. E então, em 2016, já tendo conquistado tudo o que era possível no jiu-jitsu, se viu perdida sem novos desafios e objetivos. E decidiu se aventurar em novos ares. Seu pai não gostou.

“Eu queria fazer mais no esporte. Estou no meu auge. E a Ronda abria portas para as mulheres no MMA. Decidi tentar e comecei a treinar sério. Tomei a decisão e o UFC me apoiou. Mas como meu pai nos deu uma vida muito confortável por conta do jiu-jitsu, ele sempre tentou me mostrar que eu não precisava entrar no MMA. Tinha medo que fosse só pelo dinheiro. E também não queria me ver tomar soco na cara e perder peso.”

‘Megaton’ foi técnico de Mackenzie no jiu-jitsu por mais de duas décadas, até o ano passado. Agora, para preservar a relação de pai e filha, ela optou por trabalhar com outro treinador. A lutadora quer seu herói à beira do octógono, mas apenas para comemorar e lhe dar força depois de uma derrota. Sem que ele sofra por se envolver demais nas lutas.

VIDA CURTA NO MMA

Mas ele não precisa se preocupar tanto. Os planos não estão metodicamente definidos, com datas certas, mas a atleta tem uma certeza: não quer ficar no MMA por muito tempo.

“Quero representar o jiu-jitsu no MMA, tentar deixar mais popular entre as mulheres. E vi no UFC uma grande oportunidade de fazer isso. Mas já sou muito esquecida (risos). Fico pensando que não quero ficar tomando soco na cabeça por dez anos. Quero ganhar o cinturão, mas não quero ficar defendendo muitas vezes igual a Ronda e a Cyborg. Quero casar, ter uma família e talvez voltar para o jiu-jitsu. Isso que é bom do jiu-jitsu; você pode ter 70 anos e estar treinando e lutando.”

MEDO DE SOCO NA CARA

Soco na cara é o que ela mais tenta evitar quando luta. “Não digo medo, mas não é gostoso. Bate no nariz, dói muito. O olho começa a encher de água. Tenho medo de quebrar o nariz, de ter uma lesão muito séria. E não sinto mais raiva, não quero bater também. Só quero ganhar a luta. Sei que se eu não finalizar a luta a menina está tentando me machucar. Sou agressiva, competitiva, quero ser a melhor do mundo. Mas realmente não gosto de soco na cara (risos).”

RONDA

Lutadora do peso-palha no UFC, Mackenzie Dern, 25 anos, vem sendo chamada de ‘nova Ronda’. A norte-americana brasileira vê sua meia-compatriota – campeã do peso-galo – como inspiração, mas não a coloca como maior lutadora da história. E acredita que a saída de Ronda para o WWE deu chance a mais mulheres de se destacarem no MMA.

“Ela abriu portas, fez muita coisa pelo nosso esporte. Não a conheço pessoalmente. Não sei o quanto disso é da personalidade de verdade ou se só para vender luta. Mas era muito rápida, agressiva e foi uma inspiração. O WWE é a cara dela. E agora que está fora, acho que o MMA está crescendo entre as mulheres. Até a saída dela foi boa. O MMA feminino ficou mais agressivo, mais competitivo. E acho a Cyborg a maior lutadora da história.”

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