Selma vaza áudio de ex-marqueteiro para tentar provar extorsão; Lima rebate e vê quebra de confiança; ouça

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ALMT TRANSPARENCIA

A senadora Selma Arruda (PSL) vazou áudio encaminhado a ela por seu ex-marqueteiro Kleber Lima em novembro do ano passado para tentar provar tentativa de extorsão que ela alega ter sofrido pelo publicitário Junior Brasa e pelo deputado estadual Wilson Santos (PSDB).

Lima foi arrolado por Selma como testemunha no processo e antes da divulgação do áudio havia dito que não viu nenhuma tentativa de extorsão. Após o vazamento, afirmou que a mensagem só corrobora sua visão sobre o episódio. O ex-marqueteiro de Selma prestou depoimento à Polícia Federal e negou ter visto tentativa de extorsão. De acordo com ele, o delegado que o ouviu mostrou o áudio e ele explicou a situação.
 
Ao Olhar Direto, Kleber afirmou que o vazamento, por um lado, foi bom para mostrar que ele falou a verdade quando disse não haver tentativa de extorsão. O marqueteiro, no entanto, não poupou críticas à senadora por aquilo que classifica como uma quebra de confiança em uma relação profissional.
 
A mensagem de áudio foi encaminhada pelo aplicativo WhatsApp em novembro do ano passado, quando a senadora já estava eleita e Lima não mais prestava serviços a ela. A juíza aposentada destaca que a comunicação foi feita dia oito de novembro, cinco dias antes de data marcada para oitivas de testemunhas pela Justiça Eleitoral.
 
O áudio
 
Na gravação, Kleber relata à senadora que foi procurado por Wilson, a pedido de Brasa, para propor um acordo entre ela e Junior Brasa, que havia prestado serviço para a juíza aposentada em parte da campanha, mas acabou substituído por Kleber e a processou cobrando R$ 1,16 milhão, valor que Selma não reconhecia como devido.
 
“Eu vou transmitir um recado para a senhora por desencargo de consciência. Eu particularmente até já disse para a pessoa que a senhora não tinha interesse, mas ai a minha consciência está me acusando aqui porque eu não consultei a senhora”, explica Lima no início da gravação. O marqueteiro ainda pede para a magistrada apenas ignorar o que foi dito, caso fique brava com o conteúdo da mensagem.
 
Kleber afirma no áudio que Brasa procurou o Wilson Santos e o deputado o chamou para propor um acordo. “Ele [Junior Brasa] estaria sendo procurado pelos advogados lá das outras partes [concorrentes de Selma] para [ver] se ele não pode testemunhar para essas pessoas e tal, mas que ele [Brasa] não tem interesse e que o interesse que ele tem é de resolver com a senhora. Ao eu falei para o Wilson, ‘tá quanto ele quer para resolver?’ e ele falou R$ 600 mil”, segue Lima na gravação.


Kleber Lima foi marqueteuro de Wilson Santos na eleição a prefeito de 2016 

Posteriormente, Kleber reproduz para Selma que afirmou a Wilson Santos que achava que Junior Brasa “não valia mais nada” naquela altura do campeonato, porque a ação da impugnação do registro de candidatura de Selma estavam nas mãos do Ministério Público, e que com isso Brasa não poderia retirá-la. O marqueteiro ainda completa que informou a Wilson Santos que não acreditava que Selma fosse querer pagar R$ 600 mil para o publicitário.
 
Antes de finalizar, Lima disse que afirmou a Wilson Santos que mesmo se perdesse a ação, achava difícil que Selma pagaria mais do que o pedido por Brasa no acordo. Completou que já havia conversado com o advogado de Selma sobre o assunto e que o jurista concordava com a s tese de “perda de importância do publicitário. “Se a senhora tiver interesse, é só procurar o Wilson Santos ou me falar que a senhora tem interesse e ai eu marco um encontro da senhora com o Wilson pra tratar disso, está bom?”.
 
Indignação
 
Ao Olhar Direto, Kleber Lima confirmou a autoria do áudio e que já deu sua versão sobre ele ao delegado que apura o caso. A indignação do profissional da comunicação fica por parte do nível de exposição que se viu inserido nesse episódio. Ele conta que foi arrolado como testemunha à revelia e que se tivesse sido consultado afirmaria que não testemunhou tentativa de extorsão e que não gostaria de se ver envolvido nessa ação.
 
“Fico feliz que esse áudio venha à tona, ele confirma o que eu disse anteriormente, mas lamento muito o fato de ter se quebrado uma relação de confiança profissional, travada entre assessor e assessorado”, afirmou.
 
“Eu não queria nem ter sido arrolado. Isso me expõe como como profissional de jornalismo e também expõe o deputado Wilson Santos, que é uma pessoa de bem”, completou. Na análise de Lima, o vazamento prejudicará também a carreira política da senadora. “Ela vai ter dificuldade d ter uma relação de confiança depois desse episódio”.
 
Kleber Lima ainda sustenta que esse áudio foi a única vez que tratou com Selma do assunto. Como a abordagem foi feita após o período eleitoral, os dois já não mantinham contato com frequência.
 
Wilson nega extorsão
 
O deputado estadual Wilson Santos negou qualquer envolvimento na suposta extorsão denunciada pela senadora Selma Arruda. Dito surpreso com as acusações, o tucano destacou que foi eleitor da pesselista nas últimas eleições e lembrou, ainda, ter trabalhado pela eleição da senadora e vinculado, inclusive, o nome da juíza aposentada ao seu material de campanha.
 
“Eu votei na senadora eleita. Eu trabalhei por ela. Usei o nome dela em todos os meus materiais [de campanha] até a reta final. Foi uma surpresa essa posição dela. Ela deve estar usando essa argumentação na sua defesa, mas não vai encontrar guarida, porque não fui porta-voz do empresário Brasa. Eu não tenho nada a ver com isso”, disse Wilson, por meio de comunicado enviado à imprensa.

Wilson comentou, ainda, que Júnior Brasa é um amigo e que nos anos 1980 o empresário foi aluno dele. Brasa, que é dono da Genius Publicidade, foi marqueteiro de Selma até meados de agosto. Ele também foi responsável pelo marketing da campanha do deputado tucano.

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