Advogado Renato Nery foi assassinado com munição comprada para Polícia Militar, revela laudo de balística

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Foto: Secom-MT
ALMT

O exame de comparação balística, realizada pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), apontou que os projeteis que estavam na arma que matou o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT) Renato Nery, em julho de 2024, foram adquiridas pela Polícia Militar. Ao todo, cinco policiais militares e um caseiro estão presos temporariamente suspeitos de terem participado do crime.

A equipe de investigação da Polícia Civil apontou que foi possível fazer a identificação por meio do número de série dos projéteis. Em uma investigação policial, projéteis são elementos essenciais para a perícia balística, que busca determinar as circunstâncias de um disparo de arma de fogo. Quando encontrados em uma cena de crime, podem fornecer informações cruciais, como o calibre da arma utilizada, a trajetória do disparo e a possível distância entre atirador e vítima.

O laudo apontou que os objetos foram adquiridos pelo Estado e repassados ao Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Metropolitanas (Rotam). Os projéteis foram utilizados em uma arma “fria”, com numeração raspada. No jargão policial, o termo arma fria refere-se a uma arma de fogo que não possui registro ou não pode ser rastreada, dificultando a identificação de sua origem e de seu proprietário.

 Conforme publicado pelo Olhar Direto, a arma foi apreendida em um “confronto” entre policiais da Rotam e três homens, na Avenida Contorno Leste, em Cuiabá. O fato ocorreu na madrugada do dia 11 para o dia 12 de julho, ou seja, seis dias após o atentado contra o advogado na Avenida Fernando Correa, em plena luz do dia.

No entanto, investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apontaram que os militares presos da Rotam forjaram o confronto para “plantar” a arma que matou Nery na suposta cena do
crime. Na ocasião, um homem foi assassinado e um adolescente ficou ferido.

A intenção dos agentes, segundo a Polícia Civil, era desviar o rumo dos trabalhos investigativos. Na ocasião, policiais da DHPP que foram acionados para liberarem o corpo recolheram duas armas de fogo. Os dois objetos foram submetidos a exame de balística, que apontou que uma das armas havia sido utilizada para matar o advogado. A motivação do assassinato, no entanto, ainda não foi revelada.

Os trabalhos investigativos avançaram e os policiais chegaram à conclusão que o confronto havia sido forjado. A reportagem do Olhar Direto teve acesso ao boletim de ocorrência que tratou sobre o confronto e que fora escrito pelos policiais militares. No documento, constam que Jorge Rodrigo Martins, Leandro Cardoso, Wailson Alesandro Medeiros Ramos e Wekcerlley Benevides de Oliveira participaram do suposto confronto.

Todos eles foram presos temporariamente na operação deflagrada pela DHPP, nesta quinta. O sargento Heron Teixeira Pena Vieira é um dos cinco policiais investigados. Ele teve o mandado de prisão decretado pela Justiça, mas está foragido. A polícia tenta descobrir qual era o papel de Heron na dinâmica do crime.

Além dos militares, também foi preso Alex Roberto de Queiroz Silva, que é caseiro de Heron. Ele é apontado pela Polícia Civil como o executor de Renato Nery. A motocicleta utilizada no crime também foi apreendida, parcialmente desmontada, pelos agentes em uma mecânica, na cidade de Barão de Melgaço (100 km de Cuiabá).

Da Redação com Informações Do Olhar Direto