O Centro Estadual de Odontologia para Pacientes Especiais (Ceope) comemorou nesta segunda-feira (30) duas décadas de atuação em Mato Grosso, consolidando-se como referência no atendimento humanizado e especializado a pessoas com deficiência. Desde a inauguração, em junho de 2005, a unidade contabiliza mais de 84 mil atendimentos odontológicos e cerca de 288 mil procedimentos realizados.
Vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (SES), o Ceope atende moradores dos 142 municípios mato-grossenses, com foco em pacientes que enfrentam barreiras significativas no acesso ao atendimento odontológico convencional. Entre os perfis assistidos estão pessoas com deficiência mental severa, distúrbios neurológicos, múltiplas deficiências e transtorno do espectro autista em níveis mais graves.
Ao longo desses 20 anos, 12.184 pacientes únicos já passaram pela unidade. Somente entre janeiro e maio de 2025, foram realizados 1.580 atendimentos — número que representa crescimento de 5,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Desde 2018, a demanda tem crescido de forma contínua, com exceção do período da pandemia. Neste ano, já foram realizados 31.320 procedimentos, frente aos 7.456 realizados em 2018.
A estrutura atual do Ceope conta com cinco consultórios odontológicos e uma equipe multidisciplinar composta por 64 profissionais, dos quais 57 são servidores efetivos que acompanham a evolução da unidade desde o início. A marca do atendimento é a humanização, com acolhimento individualizado e procedimentos que vão desde atendimentos ambulatoriais com imobilização protetora até cirurgias sob anestesia geral, realizadas em parceria com a Santa Casa de Misericórdia. Em Cuiabá e Várzea Grande, há ainda a possibilidade de visitas domiciliares.
Segundo a diretora da unidade, Martha Aquilino Pereira, o Ceope também cumpre papel estratégico na formação de novos profissionais. “Nos últimos dois anos, capacitamos 165 cirurgiões-dentistas em parceria com a Escola de Saúde Pública (ESP). O Ceope é um diferencial dentro da política nacional de saúde bucal. Enquanto os CEOs são de responsabilidade dos municípios, o Estado assumiu a gestão direta de um centro voltado exclusivamente para pessoas com deficiência”, explicou.
Depoimentos e impacto social
A comemoração dos 20 anos contou com atrações culturais da banda da Polícia Militar, da cantora Simone Duarte e do grupo de siriri Coração Atalaiense. A cerimônia reuniu pacientes, familiares e profissionais de saúde.
Taís Augusta de Paula, superintendente estadual de Políticas para Pessoas com Deficiência, emocionou ao relatar sua experiência com o Ceope. “Fui uma das primeiras pacientes. Meus dentes estavam comprometidos, e não tínhamos condições de pagar por tratamento. O Ceope me devolveu o sorriso e a autoestima”, disse. Ela também afirmou que, desde que assumiu o cargo em 2019, nunca recebeu uma reclamação formal sobre o serviço — “um reflexo da seriedade e do comprometimento da equipe”.
Irene Moraes, mãe de Thobias Miguel, um jovem autista atendido desde pequeno, também fez questão de destacar a importância do centro. “Eles compreendem a dor que um autista não consegue verbalizar. Ter esse suporte faz toda a diferença na nossa rotina.”
Os atendimentos no Ceope são agendados exclusivamente via Sistema Estadual de Regulação (Sisreg), garantindo acesso ordenado e transparente.
FONTE – RESUMO
