O analfabetismo entre indígenas com deficiência atinge um terço da população em Mato Grosso

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Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil
ALMT

Censo 2022 revela que 1 em cada 3 indígenas com deficiência em Mato Grosso é analfabeto

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2025, com base no Censo Demográfico de 2022, apontam para um grave cenário de exclusão social em Mato Grosso: 33,8% dos indígenas com deficiência no estado são analfabetos. Isso significa que uma em cada três pessoas desse grupo não sabe ler nem escrever.

A pesquisa destaca uma sobreposição de vulnerabilidades que atinge, sobretudo, populações historicamente marginalizadas. Apesar de Mato Grosso apresentar o segundo menor índice de pessoas com deficiência do país (5,7%), o percentual de analfabetismo entre essa parcela da população é alarmante, especialmente entre indígenas.

Desigualdade racial e estrutural

No recorte racial, os indígenas com deficiência lideram os índices de analfabetismo em Mato Grosso, seguidos por pessoas pretas (24,1%) e pardas (21,7%). Entre os brancos, a taxa é de 17,1%, e entre os amarelos, 6%.

Além da deficiência, fatores como o isolamento geográfico, a precariedade no acesso à educação básica e a ausência de políticas públicas específicas agravam a situação. Muitas comunidades indígenas não possuem escolas adaptadas às necessidades das pessoas com deficiência, dificultando a permanência desses alunos no sistema de ensino.

Exclusão em camadas

Especialistas apontam que os dados do Censo revelam um padrão de exclusão em camadas. Ser indígena, ter deficiência e viver em áreas de difícil acesso amplia os obstáculos ao direito à educação. O analfabetismo, por sua vez, impacta diretamente o acesso a serviços essenciais, como saúde, trabalho e cidadania.

Essa edição do Censo marca a primeira vez em que o IBGE coleta dados detalhados sobre diversos tipos de deficiência — visual, auditiva, motora, intelectual e também sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) — com cruzamentos por idade, gênero, raça e escolaridade.

Panorama nacional também é preocupante

Em âmbito nacional, os números também são preocupantes. A taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência no Brasil é de 21,3%, quatro vezes maior do que entre pessoas sem deficiência (5,2%).

O recorte racial nacional revela a mesma tendência de desigualdade:

  • Indígenas com deficiência: 32,5% analfabetos

  • Pretos: 27,8%

  • Pardos: 22,9%

  • Brancos: 17,4%

  • Amarelos: 10,3%

Outro dado relevante é que 63,1% das pessoas com deficiência no país não concluíram o ensino fundamental, evidenciando as barreiras persistentes ao longo da trajetória escolar.

Os dados reforçam a necessidade urgente de políticas públicas inclusivas e específicas para garantir o direito à educação a todos os brasileiros, independentemente de sua condição física, origem étnica ou local de moradia.

 

 

Da Redação com informações do Olhar Direto