O aposentado Júlio Talaska, 64 anos, saiu de Castanheira que fica a 45 km de Juína, para, finalmente, realizar a cirurgia de catarata nesta quarta-feira (20.09) na Caravana da Transformação. Depois de receber as orientações sobre a recuperação e os óculos de proteção, ele saiu com a segunda cirurgia já agendada.
Por mais de dez anos Júlio teve de enfrentar as limitações causadas pela catarata nos dois olhos. “Tentei fazer a cirurgia pelo SUS no município de Castanheira, mas não consegui ser atendido; depois tentei particular e queriam me cobrar cinco mil reais por olho. Não tenho condições de jeito nenhum e já estava sem esperança de voltar a enxergar”, conta o aposentado.
Muito surpreso com a estrutura da caravana e com a qualidade do serviço, Julio Talaska disse que jamais imaginou que existisse esse tipo de serviço. “É tudo tão bem organizado e a qualidade do atendimento é de primeira”. Com um dos olhos operado, o paciente já conseguia enxergar alguma claridade e estava feliz com a possibilidade de voltar a pescar e assistir o seu time de futebol, o Santos, jogar.
Essa oportunidade que o aposentado Júlio Talaska e outros milhares de moradores de Mato Grosso têm de voltar a enxergar somente é possível graças ao investimento do governo do Estado que vem realizando a Caravana da Transformação com recursos próprios. O sucesso da caravana também se deve a parceria com os municípios. Até agora, nas oito edições anteriores foram realizadas 26 mil cirurgias e 48 mil consultas oftalmológicas.
O investimento na Caravana da Transformação é 100% com recurso público do Estado por meio do SUS estadual, destaca a Superintende de Gestão Hospitalar e Ambulatorial da Secretaria de Saúde do Estado, Selma Aparecida Carvalho, o que é reforçado pelo coordenador Geral da Caravana e secretário de Gabinete do Governo, José Arlindo de Oliveira e pela Coordenadora de Saúde, Simone Balena.
De acordo com a superintendente Selma Carvalho, todos os procedimentos são pagos com valores da tabela SUS. Cada consulta custa R$ 10,00; o custo dos exames varia de R$ 3,37 a R$ 24,24; o valor de cada cirurgia de catarata é R$ 643,00. Os outros procedimentos cirúrgicos variam de R$ 45,00 a R$ 794,88. A previsão inicial da SES MT para a nona edição da Caravana é investir R$ 3,3 milhões em procedimentos oftalmológicos.
No mercado privado uma consulta custa em média R$ 100 e a cirurgia de catarata não sai por menos de R$ 6 mil, valores que o público alvo da caravana teria dificuldades para pagar, considerando que a doença acomete pessoas com idade acima de 55 anos. “Como a população idosa vem crescendo consideravelmente, a tendência seria muitos idosos ficarem sem enxergar, se não fosse essa iniciativa do governo”, destaca Selma Aparecida Carvalho.
Interesse de Rondônia
O modelo da Caravana da Transformação atraiu o interesse do governo de Rondônia, que há dois anos tenta realizar um trabalho para a demanda reprimida do Estado na área oftalmológica estimada em 6 mil pessoas. O secretário de Saúde de Rondônia, Williams Pimentel de Oliveira, e o adjunto, Luís Eduardo Maiorquin, visitaram a Caravana nesta quarta-feira e conheceram a dinâmica do atendimento dos pacientes, bem como o trabalho da equipe da SES MT que realiza o controle, avaliação e fiscalização do contrato e das condições e as normas sanitárias do evento.
A visita foi acompanhada pela superintendente de Gestão Hospitalar e Ambulatorial, Selma Aparecida Carvalho e pela fiscal da superintendência de Controle e Avaliação e fiscal de contrato da SES MT, Sonia Alves Pio.
“O governo do Rondônia tenta há dois anos resolver o problema da lista de espera por cirurgias oftalmológicas, sem sucesso. Realizamos licitações, mas não houve empresa interessada; para atrair o prestador do serviço chegamos a ofertar até 200% da tabela SUS, mesmo assim não houve interesse. Acreditamos que a partir desse modelo de caravana de Mato Grosso, venhamos a obter êxito e fazer um trabalho idêntico para a população de Rondônia”, ressaltou o secretário de Saúde daquele Estado.
A economicidade da caravana, a organização e eficiência do atendimento, a unidade do grupo de trabalho e a superestrutura foram bastante elogiadas pelos representantes do governo de Rondônia.