PM mudou fardamento para que escuta contra Perri fosse instalada com “perfeição”

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Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto
ALMT TRANSPARENCIA

Olhar Direto

A corregedoria da Polícia Militar determinou a mudança de fardamento de alguns agentes nos primeiros dias deste mês de setembro. A medida não tem relação com a alta temperatura recente. Conforme investigação sobre grampos em Mato Grosso, a troca foi determinada para que um equipamento de captação de imagem e áudio fosse instalado no uniforme do tenente coronel Soares.

Soares foi convocado para atuar como escrivão no inquérito do caso grampos. Logo da convocação, a suposta organização criminosa teria buscado sua cooptação. O referido grupo envolvido nos grampos conta com ramificações de personagens militares, advogados, políticos, membros do Ministério Público e agentes de comunicação social.
 
O aparelho foi instalado no fardamento de Soares com o objetivo de obter registros que pudessem provocar a suspeição do desembargador Orlando Perri.  A mudança no uniforme ocorreu para que o equipamento funcionasse de forma disfarçado.
 
O Coronel Siqueira, preso nesta quarta-feira (27) possui ligação direta com equipamento de captação. Conforme Perri, Siqueira é amigo do corregedor da Polícia Militar, o coronel Carlos Eduardo Pinheiro da Silva.
 
“Esdras”

A lista de pessoas que tiveram a prisão preventiva decretada pelo desembargador Orlando Perri nesta quarta-feira (27) na Operação Esdras conta com nomes de advogados, dois coronéis, um major da Polícia Militar e também o delegado e secretário afastado, Rogers Jarbas. 

Em hebraico, Esdras significa “ajudador”. É um livro bíblico que conta a história de um escriba e de pessoas fiéis e diligentes que venceram a oposição e a resistência para reconstruir o templo de Deus e restaurá-lo a sua antiga glória.

Foram presos:
 
Paulo Cesar Zamar Taques

cel. pm Airton Benedito de Siqueira Júnior

Rogers Eizandro Jarbas

cel. pm. Evandro Aexandre Ferraz Lesco

sgt. pm João Ricardo Soler

major pm Michel Ferronato

Helen Christy Carvalho Dias Lesco

José Marilson da Silva

Marciano Xavier das Neves (*medidas cautelares)

Esquema dos Grampos:

Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.
 
A matéria destacou como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”.

O esquema de “arapongagem” já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico.
  
Barriga de aluguel
 
Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados.

Neste caso específico, as vítimas foram inseridas em uma apuração sobre tráfico de drogas.

Processo:

No caso dos grampos, já foram denunciados pelo Ministério Público três coroneis, um tenente-coronel e um Cabo da PM.
 
A denúncia refere-se apenas aos delitos previstos na Legislação Militar. Os acusados são: Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco, Ronelson Barros, Januário Batista e Gerson Correa Junior. Com o posicionamento do Pleno, todos se tornaram réus.
 
Os cinco vão responder pelos crimes de Ação Militar Ilícita, Falsificação de Documento, Falsidade Ideológica e Prevaricação, todos previstos na Legislação Militar. Zaqueu Barbosa e Gerson Correa Junior seguem presos preventivamente.

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