Perito cita “factoide” e diz que áudio “não pode ser levado a sério”

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ALMT TRANSPARENCIA

O perito em fonética forense Ricardo Molina afirmou que o áudio atribuído ao deputado estadual Jajah Neves (PSDB) no qual ele cita suposto repasse de verba indenizatória ao secretário de Cidades, Wilson Santos (PSDB) – detentor do mandato na Assembleia Legislativa –, apresenta “todos os elementos” de uma montagem.

“Montagem é uma gravação da qual se extraíram trechos, ou se extraiu o interlocutor, ou fez justaposição (sobreposição) de dois trechos distintos para criar um terceiro trecho. Isso tudo acontece nessa gravação. Em poucos segundos acontece isso tudo”, afirmou Molina, em entrevista ao MidiaNews.

A gravação passou a circular nas redes sociais nas últimas semanas e, desde então, o deputado Jajah se manifestou apenas por nota dizendo ter sido vítima de um “áudio pirata”.

Ele contratou Molina para a elaboração do laudo técnico, que já foi concluído e entregue ao parlamentar.

À reportagem, o perito explicou que as frases contidas no áudio são interrompidas ao meio e que não é possível saber, por exemplo, se se trata de uma conversa ou várias, tampouco quem está conversando com quem.

“Não posso pegar um diálogo que não tenha interlocutor. Dialogo é dialogo. O diálogo é que contextualiza o que a pessoa está falando. Se eu tiro o interlocutor, eu perco o contexto”, afirmou Molina.

“Uma conversa não pode ser fragmentada. Não pode pegar trechos de conversa. Tem partes ali que são [montagens] grosseiras. Não dá para levar a sério uma gravação dessas. Me parece factoide. Coisas que são jogadas”, disse.

 

Sem validade jurídica

Também de acordo com o perito, a gravação atribuída ao deputado Jajah Neves não tem qualquer validade jurídica.

“É uma gravação que nem poderia ser aceita como prova de nada. Esse tipo de gravação, juridicamente, é o que a gente chama de imprestável. Ela não se presta ao que ela quer”, afirmou.

“Tecnicamente é uma montagem. Juridicamente é uma prova imprestável. Tudo que decorrer dessa prova é imprestável também. Teria que aparecer a prova inteira, se aparecer a prova inteira, aí é outra análise, outro tipo de abordagem”.

 

Voz de deputado

Ainda conforme Molina, não houve qualquer tipo de análise em relação a voz que aparece na gravação.

“Essa questão da voz nem foi colocada. Até porque, o primeiro exame que se faz numa gravação, seja ela qual for, é o de autenticidade. Se a gravação for considerada uma montagem, ou seja, um objeto fraudulento, eu não preciso avançar em análise nenhuma”, explicou.

“No direito a gente chama isso de árvore podre. De uma árvore [áudio] podre, só pode advir frutos pobres. Neste caso, a árvore está podre. Não adianta ir além. Sera que a voz é dele? Não sei. Mas ainda que fosse, não mudaria em absolutamente nada. So continuaria sendo montagem. A partir do momento que é uma montagem, não posso ter a certeza de que aquilo que penso que estou entendendo seja realmente o que se intencionava dizer”, afirmou.

Informações quanto à data em que o laudo foi contratado, o período que levou para a conclusão do trabalho e o valor pego pelos serviços, conforme Molina, são sigilosos e somente podem ser divulgados por Jajah Neves.

A reportagem tentou várias vezes falar com o parlamentar, mas as ligações para seu telefone não foram atendidas, as mensagens também não foram respondidas.

Midia News.

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