“Ponho minha mão no fogo pelo Mauro; ele não trairá o Taques”

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CAMARA VG

O secretário de Estado de Cidades, Wilson Santos, diz ter convicção de que o ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), não será candidato ao Paiaguás em 2018, enfrentando o governador Pedro Taques.

Mendes e Taques são aliados e caminham no mesmo grupo político desde as eleições de 2010. Entretanto, nos bastidores, a informação é de que o ex-prefeito estaria articulando a construção de uma candidatura.

“O Mauro tem a marca da lealdade. O Pedro confia de olhos fechados nele. Porque se teve alguém leal ao Mauro, que arrastou bunda no caco de vidro por ele em 2012 aqui em Cuiabá, foi Pedro Taques. Portanto, diante desse histórico que toda a sociedade é testemunha, eu não tenho nenhuma dúvida e ponho minha mão no fogo por Mauro Mendes. Ele não trairá o Pedro Taques”, disse.

Wilson avaliou ainda que a oposição tenta "roubar" alguém da base do governador, pois não possui candidato com musculatura para disputar o pleito. Ele disse, no entanto, que o grupo adversário não vai conseguir. E cravou: Pedro Taques vence no primeiro turno. 

“A oposição não possui nomes com musculatura eleitoral e desvinculado do ex-governador Silval Barbosa para nos enfrentar. Com isso, de forma inteligente, eles estão tentando sacar um dos nossos líderes da base. Eles trabalham em cima do Mauro Mendes, Carlos Fávaro e Jaime Campos. Estão tentando diuturnamente, como a serpente fez com Eva. Eles querem nos derrotar com um irmão nosso, com aliado do Pedro, mas não vão conseguir”, afirmou. 

  

Na entrevista, Wilson Santos ainda comentou sobre a relação do governador com a Assembleia Legislativa, o áudio atribuído ao deputado Jajah Neves e obras da Copa. 

 

Leia os principais trecho da entrevista: 

MidiaNews –  Um dos temas mais comentados sobre o Governo Taques nos últimos dias foi a crise na Saúde. O senhor não acha que o problema chegou a um ponto insustentável? O governador não está sofrendo um grande desgaste com essa situação?

Wilson Santos – Saúde é um problema nacional e até internacional. O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, criou um plano de saúde

Alair Ribeiro/MidiaNews

Wilson Santos 25-01-2018

"Eu acho que Pedro vai ganhar a eleição no primeiro turno"

pública para incorporar 60 milhões de norte-americanos. E o Donald Trump está anulando tudo isso. Não existe saúde pública no País mais poderoso do mundo. Lá ninguém tem SUS [Sistema Único de Saúde]. O equívoco é países pobres como o Brasil quererem bancar a universalização da Saúde. Isso é bobagem. É utopia. Se o Estados Unidos, que têm um PIB [Produto Interno Bruto] de US$ 18 trilhões, não conseguem bancar Saúde para todos, imagina um País como o nosso. Não tem condições. Nós temos que cair na realidade. Nós somos um País pobre. Quem pode tem que bancar Saúde, Educação. Essa história de dar universidade gratuita para todos… Quem pode tem que pagar. Saúde, a mesma coisa. Nós não temos condições de bancar Saúde para quem pode pagar. Nós ficamos nessa utopia. É uma falsidade. E o exemplo que dou é que a maior potência do planeta não oferece saúde pública. E nós vamos oferecer? Enquanto estivermos nessa utopia, nesse sonho, nesse delírio, não tem dinheiro que dê. Se pegar os R$ 20 bilhões do Estado e colocar tudo na Saúde, não consegue atender.

 

MidiaNews – Mas por que a impressão que se tem é que a Saúde piorou no Governo Taques?

Wilson Santos – No Governo Taques aumentou a longevidade do mato-grossense. Nos últimos três anos, o mato-grossense passou a viver mais. Como que a Saúde piorou se aumentou a longevidade? Outro delírio. A gente insiste em fazer análises equivocadas. O problema que tem de Saúde no Brasil é, primeiro, os agentes políticos ainda estarem delirando, achando que o País tem condições de oferecer Saúde de qualidade a todo mundo. Não tem. Segundo: no que se oferece o grande gargalo é da área de urgência e emergência. Esse é o gargalo. Por isso que se criou a UPA [Unidade de Pronto-Atendimento] e o Samu [Serviço de Atendimento Médico de Urgência]. O que nós temos que avançar é naquilo que eu fiz em Cuiabá, a atenção básica. É você tratar das pessoas enquanto ainda estão sadias. Combater o sedentarismo, criar uma cultura de alimentação correta. Isso que tem que fazer. Isso é Saúde. O resto é cuidar de doença.

 

MidiaNews – Mas com relação aos atrasos constantes nos repasses aos hospitais?

Wilson Santos – Eu não sei se existe isso. Sou secretário de Cidades. Eu fiz uma avaliação global. Agora, pega os dados do IBGE que você vai ver: a média de idade do mato-grossense melhorou na gestão Pedro Taques.

 

MidiaNews – Mas tudo isso não trouxe um certo desgate ao governador?

Wilson Santos – Eu acho que não. Eu acho que Pedro vai ganhar a eleição no primeiro turno. Por um conjunto de fatores. Ele acabou com os mensalinhos da vida, ajudou a colocar o Silval Barbosa e sua quadrilha na cadeia, fez muito em todas as áreas. Nessa área mesmo da Saúde, foi o governador que mais fez leito de UTI na história de Mato Grosso. Se você somar os últimos três governadores, eles não fizeram juntos 200 leitos de UTI e o Pedro fez sozinho. O Pedro dobrou os repasses para a Saúde. No primeiro trimestre de 2015, umas das primeiras coisas que ele fez foi colocar os repasses aos Municípios em dia. Tinha quatro ou cinco meses em atraso e ele ainda dobrou o repasse para a Saúde.

Na área de pavimentação, o governador vai entregar mais de três mil quilômetros de asfalto novo e reconstruído. Na habitação, já foram entregues mais de 10 mil casas e esse ano serão entregues mais 10 mil. Na área da segurança, foram chamados mais de 4 mil policiais. Ele fez sozinho o que os últimos 10 governadores não conseguiram. É o Estado que mais avançou em segurança pública. Morre menos gente em Mato Grosso hoje do que morria em governos anteriores. Em 2014, no último ano de mandato do Silval Barbosa, foram assassinadas mais 1.300 pessoas no Estado. Em 2017 caiu para 900. Isso é investimento em tecnologia, equipanento, armamento, capacitação…

Então, quando todos esses dados forem confrontados com os candidatos da oposição, eu não tenho dúvida que a maturidade, experiência e a sensatez do mato-grossense vai dar ao Pedro o segundo mandato. Porque o Pedro tem muita coisa do Dante de Oliveira. O Dante fez um primeiro mandato muito sofrido, machucado… E o segundo mandato foi espetacular. O segundo do Pedro Taques vai ser extraordinário, porque ele está terminando de arrumar a casa. Este ano ele termina a arrumação da casa e vai fazer um Governo interessante.

Eu digo o seguinte: a eleição em Mato Grosso será um plebiscito entre o Pedro – que quer continuar mudando o Estado, acabando com a roubalheira, sepultando de vez a corrupção – e devolver o Estado ao grupo do Silval Barbosa. É claro que não será o Silval o candidato, mas alguém ligado a ele, que teve uma participação visceral no seu Governo. Todos os líderes da oposição são siameses do Silval. O senador Welligton Fagundes, por exemplo. Quem foi Welligton Fagundes na gestão Silval? Ele indicou o Cinésio Nunes de Oliveira para a Sinfra. O ex-deputado José Riva tinha várias secretarias indicadas. O Meraldo Sá, o Pedro Henry foram secretários do Silval. Então todos da oposição têm o carimbo Silval Barbosa na testa.

 

MidiaNews – Mas os próprios aliados do governador Pedro Taques parecem estar se mobilizando para se candidatar ao Governo. Um deles é Mauro Mendes. Acha que Mauro poderá ser candidato enfrentando o governador?

Wilson Santos – Não. O Mauro tem a marca da lealdade. O Pedro confia de olhos fechados no Mauro Mendes. Porque se teve alguém leal ao Mauro, que arrastou bunda no caco de vidro para eleger o Mauro em 2012 aqui em Cuiabá – fez mais de 60 reuniões para ele na periferia – foi Pedro Taques. Fez reunião até sem a presença do Mauro. O mandato do Mauro teve duas etapas, antes do Pedro e depois do Pedro. É só ver os índices de popularidade do Mauro durante os dois primeiros anos e depois, nos últimos dois. Então, se teve alguém leal, mais leal do que chumbo de imprensa oficial, foi Pedro Taques a Mauro Mendes. Portanto, diante desse histórico que toda a sociedade é testemunha, eu não tenho nenhuma dúvida e ponho minha mão no fogo por Mauro Mendes. Ele não trairá o Pedro Taques.

 

MidiaNews – Não é estranha a notícia de que o vice-governador Carlos Fávaro esteja dialogando com a oposição sobre eventual candidatura ao Governo?

Wilson Santos – Eu nunca ouvi isso. Isso aí provavelmente foi uma esperteza do senador Welligton Fagundes querendo fazer a cizânia em nosso grupo. E aí a minha tese está correta. A oposição não possui nomes com musculatura eleitoral e desvinculado do Silval para nos enfrentar. Com isso, de forma inteligente, eles estão tentando sacar um dos nossos líderes da base. Eles trabalham em cima do Mauro Mendes, Carlos Fávaro e Jaime Campos. Estão tentando diuturnamente, como a serpente fez com Eva. Eles querem nos derrotar com um irmão nosso, com aliado do Pedro, mas não vão conseguir. Nenhum dos três trairá o Pedro Taques. Eu sou testemunha da última reunião do secretariado, quando o Carlos Fávaro fez um depoimento – eu estava na frente dele, olhando para ele – dizendo que depois de fazer profundas consultas à sua base ele ali anunciava definitivamente em caráter irrevogável seu apoio a Pedro Taques e que gostaria de renovar a chapa para 2018. Eu sou testemunha e mais de 20 secretários são. O governador Pedro Taques estava ao lado dele quando ele fez esse depoimento.

Com relação ao Jaime, essa semana eu o estive visitando em Várzea Grande. Ele renovou a mim compromisso dele com o Pedro Taques. O Jaime tem a marca da lealdade. O DEM tem a marca da lealdade. Eu posso dizer isso, porque em 2010, quando disputei a eleição para o Governo, ele foi o último sair, a apagar a luz quando nós perdemos para o Silval Barbosa. 

 

MidiaNews – O senhor não acha, então, que era a hora destas três lideranças falarem em público que o candidato do grupo é o governador Pedro Taques?

Wilson Santos – A Justiça Eleitoral proíbe isso. Hoje a Justiça Eleitoral tem limites. Não pode chegar e falar que tal pessoa é seu candidato.

 

MidiaNews –  Para o senhor, qual seria a chapa majoritária ideal em 2018? Cite governador, vice e dois senadores.

Wilson Santos – Eu acho que está ficando muito claro. Temos quatro vagas para cinco ou seis excelentes nomes. Pedro Taques como candidato ao Governo. Aí você tem para compor a vice e as duas senatórias o Carlos Fávaro, Jaime Campos, Blairo Maggi, Nilson Leitão e o Mauro Mendes. Desse time aqui sairia o vice-governador, os dois senadores e os dois suplentes. Ou se alguém não quiser ser suplente, vai a deputado federal ou deputado estadual ou fica fora para compor o secretariado no segundo Governo. Mas há espaço para todos.

 

MidiaNews – Acha possível uma chapa com Nilson Leitão para o Senado e Pedro Taques para o Governo? Como ficariam os outros aliados?

Wilson Santos – Com o tempo isso vai ser tudo ajustado. Com muita calma. O que o PSDB não pode abrir mão é da reeleição do Pedro Taques. Porque nós queremos que o programa de mudança para Mato Grosso continue. Chega de corrupção na política.

 

MidiaNews – Está descartada uma saída do governador do partido?

Wilson Santos – Totalmente. Cem por cento. Ele segue no PSDB.

 

MidiaNews –  Como o senhor vê a criação de uma CPI para investigar desvios no Fundeb [Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica] e no Fethab [Fundo de Transporte e Habitação] com apoio da base do Governo? Mostra que Taques precisa reconstruir a base no Legislativo?

Wilson Santos – CPI é sempre bom para quem governa com transparência, porque dará atestado de honestidade ao Governo. É o que essa CPI vai fazer. Quando eu fui prefeito de Cuiabá, sofri duas CPIs: a do Lixo e do Transporte. E depois recebi certificado de honestidade da Câmara Municipal.  A CPI é problemática quando verdadeiramente há malandragem, desvio, o que, nesses casos, não aconteceu de forma nenhuma.

 

MidiaNews – Acredita que a CPI seja um instrumento para pressionar o Executivo a liberar emendas parlamentares, tão importantes em ano eleitoral?

Wilson Santos – Não é isso, não. A CPI é uma prerrogativa do parlamento nacional, estadual e municipal. Os deputados não estão errados em propor CPI. É um direito que eles têm. E nós estamos pagando emendas, sim! Não no ritmo desejado, porque há uma crise, o Brasil passa por uma crise. Há Estados aí que não conseguem nem honrar salários em dia.

 

MidiaNews – O fato dos deputados da base terem assinado a CPI não foi um ato de rebeldia?

Wilson Santos – Foi um ato de relação democrática com o Executivo. O Executivo foi consultado e não colocou nenhum óbice, liberou a base. Teve deputado que não quis assinar, teve deputado que quis e o governador não moveu nenhuma pedra para impedir aqueles que queriam assinar e participar da investigação.

 

MidiaNews – Na avaliação do senhor, não há nenhum tipo de estranhamento entre os deputados da base com o governador?

Wilson Santos – De forma nenhuma. A base varia de 16 a 20 parlamentares conforme o tema.

 

MidiaNews –  Recentemente o atual líder do Governo, Dilmar Dal’Bosco, anunciou o desejo de deixar a função para se dedicar à reeleição. Como está essa situação? Ele sai mesmo?

Wilson Santos – O que eu sei é o que saiu na imprensa. A função de líder é muito cansativa e você sacrifica sua base, o seu trabalho como parlamentar. Eu fui o líder do Taques nos primeiros 22 meses de Governo. Eu sei o que o Dilmar passa, pensa. Você abandona seu gabinete, abandona sua base para se dedicar exclusivamente à defesa do Executivo no Parlamento. Isso cansa, enjoa. Mas pelo o que sei, já houve uma conversa dele com o deputado Max Russi e o Dilmar resolveu continuar.

 

MidiaNews – O senhor disse que cansa e enjoa ser líder do Taques ou de qualquer Governo?

Wilson Santos – Ser líder de qualquer Governo e em qualquer nível, municipal, estadual e nacional. É um conjunto de interesse que não é fácil administrar.

 

MidiaNews –  O senhor aceitaria retornar à função de líder caso houvesse pedido do governador?

Wilson Santos – Primeiro que não haverá pedido e segundo que o deputado Dilmar Dal’Bosco vem correspondendo à expectativa. E se ele não quiser, há outros que podem exercer com eficácia essa função. A prioridade nossa é manter o Dilmar. Mas se ele não quiser, o nome mais indicado é o Max Russi, até porque está na Casa Civil e vai retornar sua função na Assembleia.

 

MidiaNews –  Como avalia esse áudio atribuído ao deputado Jajah Neves, em que ele diz que repassa a verba indenizatória ao senhor? Vai impactar negativamente no seu projeto de reeleição?

 

Alair Ribeiro/MidiaNews

Wilson Santos 25-01-2018

"Eu sou pré-candidato à reeleição tranquilo e isso [áudio de Jajah] não impacta absolutamente nada

Wilson Santos – Eu sou pré-candidato à reeleição tranquilo e isso não impacta absolutamente nada. As pessoas me conhecem, eu venho de longe.  Eu tenho, só na vida política eleitoral, 30 anos, mas estou no serviço público desde 1981, quando comecei como professor interino na rede estadual. Só um exemplo: há 23 anos eu abro mão de receber o Fundo de Assistência Parlamentar (FAP), que é uma espécie de pensão precoce e privilegiada dos parlamentares de Mato Grosso. Hoje eu teria direito a receber R$ 25,3 mil por mês. Em todos esses anos, deixei de receber R$ 7 milhões. Não aceitei me aposentar precocemente. Vocês nunca viram meu nome em mensalinho, mensalão, nada disso. E outra: eu não tenho precedentes disso. Não é a primeira vez que eu deixei o mandato parlamentar. Em 1993 eu saí e Antônio Joaquim assumiu. Em 2000 eu saí e o José Magalhães assumiu como deputado federal. Em 2004 o Lino Rossi assumiu no meu lugar e agora, em 2016, o deputado Jajah Neves. Eu já mandei um ofício ao Ministério Público Estadual e à Comissão de Ética da Assembleia para que façam uma investigação. E sugeri que eles convoquem meus três ex-suplentes para serem ouvidos, além de mim, claro, e do Jajah Neves.

 

 MidiaNews – Então, o senhor, em nenhum momento, recebeu dinheiro de verba indenizatória fora do cargo de deputado?

Wilson Santos – Nenhum momento. Eu recebo salário de deputado estadual. Eu tinha a possibilidade de optar entre o salário de secretário de Estado e de deputado estadual e optei pelo de deputado estadual.

 

MidiaNews – Recentemente, o perito em fonética forense Ricardo Molina afirmou que o áudio apresenta “todos os elementos” de uma montagem, mas não fala nada sobre a voz ser realmente do deputado Jajah Neves. Acredita que esse relatório será suficiente para usar como defesa, caso o MPE entre com alguma ação, como já indicou que o fará?

Wilson Santos – Eu não tenho nada a ver com Jajah, com áudio dele. Eu vou fazer a minha defesa e estou cobrando das instituições que investiguem. Isso não me tira um minuto de sono.

 

MidiaNews –  Com relação ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), até quando o Governo continuará tentando encontrar uma solução para a obra? Nesta semana, a desembargadora Helena Bezerra suspendeu os efeitos da rescisão contratual com o consórcio. 

Wilson Santos – Até quando todos os agentes públicos entenderem que essa obra é muito maior do que qualquer questiúncula. A desembargadora Helena Bezerra, que merece todo nosso respeito, deu três decisões consecutivas contra o Estado. Embargou o VLT, as obras da MT-010 e os trabalhos na Ilha da Banana. Ora, nós somos todos daqui, cuiabanos, mato-grossenses. Então é preciso que o espírito público norteie, fale mais alto. Não é possível! A gente se dedica, trabalha às vezes 20 horas por dia para tentar destravar tudo isso e qualquer fio de cabelo, qualquer detalhe é suficiente para embargar o trabalho de anos e anos.

 

MidiaNews – O senhor vê certa perseguição da desembargadora?

Wilson Santos – Não vou dizer perseguição, mas acho que está faltando sensibilidade, espírito público, amor à nossa terra. Ter foco nas questões maiores. Essa obra [VLT] precisa ser concluída. Nós pagamos mais de R$ 15 milhões por mês de uma obra que nunca andou, que nunca serviu para nada e a Justiça continuará insensível a isso? Insensível a um consórcio de quem o Silval Barbosa admitiu que recebeu R$ 18 milhões de propina. Esse consórcio ainda merece crédito? Essa é a pergunta que faço. Ainda merece crédito depois do ex-governador ter admitido em delação premiada que recebeu propina dessa consórcio? E nós que estamos aí trabalhando dia e noite para retomar essa obra. É frustrante. É desanimador. Tanto trabalho, tanto sacrifício, tanta dedicação e uma simples canetada joga tudo por água abaixo. É lamentável. 

Mas nós continuaremos insistindo. E eu não vou parar nada. Essa decisão não paralisa absolutamente nada na Secid. Determinei celeridade, mais velocidade ainda. Nós estamos trabalhando duas ações em relação ao VLT. A primeira é determinando o cálculo do preço final do restante da obra e o segundo é a elaboração do edital. Lá essa decisão da desembargadora não reflete em nada. Continuarei trabalhando agora com mais denodo, com mais intensidade.

 

MidiaNews – O edital do VLT será internacional. O senhor acredita que vai conseguir atrair empresas de fora do País mesmo com todos esses problemas em relação à obra?

Wilson Santos – Não é fácil empresário sério se interessar por obras da Copa. Temos feito várias licitações com resultados desertos e fracassados. Há um histórico muito ruim das obras da Copa. Então empresas idôneas, empresas responsáveis, pensam quatro, cinco vezes antes de disputarem essas licitações. Espero que, pelo volume – é uma obra que deve ultrapassar os R$ 400 milhões e já temos R$ 193 milhões em caixa – possa estimular a entrada de empresas e consórcios idôneos e capitalizados. Porque o que tem hoje são empresários com uma pastinha de elástico na mão e o telefone celular, a famosa empresa pastel. Na mesa de bar são verdadeiros leões, mas no canteiro de obras são gatinhos raquíticos.

 

MidiaNews – Em números reais, qual é o saldo negativo das obras do modal de transporte deixado pela gestão Silval Barbosa?

Wilson Santos – O Silval Barbosa é um criminoso. Réu confesso. Os danos, os prejuízos que ele trouxe a Mato Grosso ainda se arrastarão por décadas. Eu alertei a sociedade em 2010, quando disputei a eleição com ele. Há vídeos gravados, áudios gravados [mostrando] que alertei para que a sociedade não votasse nele. Eu tinha a vida pregressa dele. A sociedade foi alertada, mas acabou sendo induzida porque ele tinha apoios importantes, poderosos. Hoje estamos vendo que gastou centenas de milhões de reais para comprar aquela eleição e os prejuízos que ele trouxe ao

Alair Ribeiro/MidiaNews

Wilson Santos 25-01-2018

"Não é fácil empresário sério se interessar por obras da Copa"

Estado se arrastarão por algumas décadas, algumas gerações. Com relação ao VLT, o Estado já pagou mais de R$ 600 milhões de dívidas. Porque o dinheiro do VLT foi a título de empréstimo. Gastou-se R$ 1,6 bilhão, dos quais R$ 900 milhões em cash e R$ 106 milhões de desoneração tributária. Esses R$ 900 milhões todo ele foi a título de empréstimo e nós já estamos pagando isso. Na gestão do Silval não pagou nenhum centavo. E R$ 600 milhões foram pagos na gestão Pedro Taques.

MidiaNews – O senhor acredita que, até o fim da atual gestão, o Estado entrega as chamadas “obras sem fim” – com exceção do VLT?

Wilson Santos – Pretendemos entregar todas e retomar o VLT. Quando entrei na Secid, havia 16 obras paralisadas da Copa. Hoje tem apenas quatro. Já entregamos o Complexo Viário do Tijucal, a iluminação em LED da Avenida Miguel Sutil, o sistema de água na Chapada dos Guimarães e drenagem da Avenida Fernando Corrêa da Costa.

A meta de 2018 é entregar todas e retomar o VLT. Pretendemos concluir os dois Centros Oficiais de Treinamento (COTs), o João Batista Jaudy na UFMT e Rubens dos Santos, em Várzea Grande. Pretendemos terminar a duplicação da Avenida Filinto Muller, concluir a Salgadeira, a Trincheira do Santa Rosa, a Avenida Parque Barbado, a Avenida Arquimedes Pereira Lima, a Arena Pantanal, a Trincheira Jurumirim e o Aeroporto Marechal Rondon.

O trabalho está intenso, mas estamos sofrendo também com algumas empresas que estão completamente descapitalizadas. Por exemplo, a empresa Engeglobal, que é uma empresa nossa, cuiabana, gente nossa, querida, mas há cinco meses não consegue investir nada expressivo em quatro obras que tem da Copa. E não larga do osso. Ela [empresa] é responsável pelo Aeroporto, os dois COTs e a Avenida 8 de Abril. Não conseguiu desde 2012, 2013 terminar nenhuma das quatro. E recentemente a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Cáceres. Uma obra para 12 meses, já transcorreram 8 meses e ela fez 8% da obra apenas.

Nós vamos ter que ir para o enfrentamento judicial. O governador já autorizou e esperamos encontrar magistrados sensíveis com o interesse público. Esperamos que nessas demandas judiciais que travaremos em breve com a Engeglobal possam cair nas mãos de magistrados sensíveis, que tenham o interesse público como foco.

MidiaNews – Tirando as obras da Copa, o que mais será entregue neste ano pela Secid em todo o Estado?

Wilson Santos – Há mais de 300 obras relativamente pequenas e médias, como iluminação, lama asfáltica, casa mortuária, centro de convivência para idosos, poços artesianos, miniestádios, creches, calçadas, reforma de praças, enfim.

Midia News.

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