Deletran teme aumento de mortes com retomada de obras do VLT e critica gelos baianos

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ALMT TRANSPARENCIA

As obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ainda não foram retomadas. Porém, já causam preocupação ao delegado Christian Cabral, titular da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran), que teme um acréscimo no número de mortes no trânsito com a retomada dos serviços. Ele ainda pediu que os responsáveis pensem em uma alternativa aos gelos baianos, que – segundo ele – potencializam as lesões das vítimas.

“As obras diminuem as faixas das principais avenidas. Por exemplo, se as vias forem ficar com o estreitamento que tem hoje, igual na avenida da FEB ou Prainha, tem que ter sistema de controle para que as velocidade sejam bem mais baixas. O VLT vai ajudar na mobilidade urbana, redução de acidentes, menos pessoas estarão trafegando em seus veículos. Porém, o entorno precisa ser preparado com o estudo de segurança viário para que não seja perigoso”, explicou o delegado em entrevista ao Olhar Direto.
 
O delegado ainda acrescenta que “os sistemas de gelo baiano, que é o utilizado hoje, aquilo é um agravante. Qualquer acidente que dá, ele potencializa a gravidade das lesões que as pessoas vão ter. Ele mais atrapalha do que ajuda no ponto de vista da segurança viária”, comentou.
 
Além disto, Christian também pede reforço na sinalização dos desvios, que geralmente aumentam o tráfego de veículos em ruas dos bairros, potencializando os atropelamentos: “Na época da Copa do Mundo, tivemos um aumento de atropelamentos, casos dentro dos bairros por conta dos desvios. São vias que não são preparadas para absorver o tráfego, de vários cruzamentos, com sinalização deficitária. Além disto, tem pedestres – geralmente crianças e idosos – que não estão acostumados com aquele alto fluxo de veículos”.
 
“Nestas vias, as velocidade imprimidas são menores. Portanto, as lesões acabam sendo de menor gravidade. Porém, os números acabam aumentando muito”, finalizou o delegado.
 
Após a rescisão unilateral do contrato com o Consórcio VLT, o Executivo já prepara uma nova licitação, na modalidade de Regime Diferenciado de Contratação (RDC) e quer que as obras sejam retomadas ainda este ano. Para a operação, o modelo escolhido é a Parceria Público-Privada (PPP), com a empresa devendo cuidar do novo modal durante 30 anos (o tempo ainda será discutido).
 
Como já havia adiantado ao Olhar Direto, o secretário explicou que existe um esforço para que o preço seja enxugado: “Teremos o túnel que vai ligar o Consil ao Araés/Baú, que estava no escopo do VLT e isso agora vai ser feito pela prefeitura, o que nos fará economizar R$ 1,5 ou R$ 2 milhões. Além disto, teremos mais R$ 25 milhões de economia com a exclusão daquela trincheira na avenida do CPA, a Luiz Felipe”.
 
A trincheira Luiz Felipe teria 340 metros de extensão por 32 metros de largura. Seria constituída da via permanente, para passagem do VLT, e três faixas de rolamento por sentido, para tráfego geral dos veículos. Sobre a trincheira também era prevista a construção de uma rotatória que seria usada para conversão e acesso à rua Luiz Felipe – sentido Rodoviária de Cuiabá -, e em direção ao bairro Terra Nova.
 
As obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) tiveram início em 2012, com previsão de conclusão em março de 2014, três meses antes da Copa do Pantanal Fifa 2014, tendo Cuiabá como uma das sedes – quatro jogos foram realizados na Arena Pantanal José Fragelli. Alegando não ter recebido por parcela considerável do que já havia realizado, o Consórcio VLT paralisou as obras em dezembro de 2014.
 
Após a posse, o governador Pedro Taques determinou auditoria nas obras e no contrato do Consórcio VLT. Constatou-se superfaturamento e falhas pontuais, como a aquisição antecipada das locomotivas e vagões do VLT supostamente por causa de um período de baixa do dólar.
 
Em fins de 2015, por determinação do juiz Ciro Arapiraca, da Seção Judiciária de Mato Grosso, houve a retomada das conversações do governo com o Consórcio VLT, para que as obras pudessem ser concluídas. Após a delação premiada de Silval Barbosa, revelando que houve corrupção, o contrato foi rompido. No início, o valor do projeto foi fixado em R$ 1,447 bilhão.

Olhar Direto.

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