Chefe de gabinete diz na Defaz que sacou cheque da “Bereré” e entregou dinheiro a Romoaldo

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CAMARA VG

Valdemir Leite da Silva, chefe de gabinete do deputado Estadual Romoaldo Junior (MDB), revelou à Delegacia Fazendária (Defaz) que movimentou cheques de fraude da Detran-MT em benefício do deputado. Por isso, Romoaldo será alvo de investigação pelo Ministério Público Estadual (MPE) no âmbito da “Operação Bereré”, por suspeita de participação no esquema de fraudes a licitação, peculato, corrupção passiva e tráfico de influência.

As investigações apontam “agentes públicos destinatários das vantagens indevidas que se valem de pessoas físicas e jurídicas interpostas, da emissão de cheques, de triangularizações de transferências bancárias, dentre outras práticas, para ocultar recebimento de propina, bem como a origem ilícita dos valores”.

Em depoimento prestado no último dia 23 de fevereiro, Valdemir Leite da Silva revelou ao delegado da Policia Civil Sylvio Ferreira Júnior, que atua na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) desde o segundo semestre de 2015 trabalha como chefe de gabinete de Romoaldo.

Questionado sobre o relatório de análise financeira que aponta que Valdemir recebeu, no dia 12/09/2013, o cheque de número 167, no valor de R$ 33 mil, emitido por Rafael Yamada Torres, afirma não se lembrar do valor, mas do restante.

“Acredita que seja cheque que sacou na qualidade de assessor parlamentar do Deputado Romoaldo Júnior, tendo em vista que o declarante nesta época costumava efetuar saques de cheques que lhe eram entregues pelo deputado, bem como pelo pagamento das contas do deputado, sendo que os valores que sobravam do pagamento das contas eram restituídos”, disse em depoimento.

A fala foi suficiente para a Defaz, que encerrou o depoimento em menos de uma hora.

Rafael Yamada Torres é sócio da Santos Treinamento e Capacitação Ltda., empresa que teria como função única “lavar” dinheiro recebido pela FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação Ltda. (atual EIG Mercados Ltda) para os políticos envolvidos no esquema de fraudes no Detran-MT. Yamada também é filho do empresário Wanderley Fachetti Torres, dono da Trimec Construções e Terraplanagem (empresa alvo da “Operação Sodoma 5”).

Quem é:

Conforme narrou à Defaz, Rafael Yamada Torres, investigado na “Operação Bereré”, recebeu em sua conta bancária R$ 389.552,30, equivalente a 10% do valor creditado em sua conta pela empresa Santos Treinamentos para que encaminhasse a Antônio Barbosa, irmão do ex-governador do Estado Silval da Cunha Barbosa.

Para o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), José Zuquim, o início apontado por Valdemir Leite da Silva e asseverado pelo Ministério Público Estadual (MPE) é suficiente para conceder autorização de investigação contra o deputao Romoaldo. Resumiu: o depoente afirmou “ocupar cargo de chefe de gabinete do deputado e que, por ordem deste, trocou cheque emitido pelo investigado Rafael Yamada Torres, e deu o valor, em espécie, ao deputado.

O outro lado:

“Estou tranqüilo”, afirmou o deputado Romoaldo Júnior (MDB) ao Olhar Jurídico, após tomar conhecimento da investigação instaurada contra si. “Tem que investigar mesmo, até mesmo para que não sobre nenhuma suspeita”, avaliou.

Em linhas gerais, o deputado explica ter sido citado por dois servidores e que, em um deles, os fatos sequer referem-se à época em que atuava como deputado (ano de 2009) e que, em outro, sequer fora citado.

“No fundo o Gaeco tem certeza que nenhum deputado está no meio disso”, concluiu.   

Entenda o Caso:

A Operação Bereré é um desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame – um registro do Detran.Dentre os supostos crimes cometidos estão organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 

Segundo o Gaeco, as investigações tiveram início na Delegacia Especializada em Crimes Contra a Administração Pública e Ordem Tributária (DEFAZ), sendo que as medidas cautelares foram requeridas pelo NACO Criminal (Núcleo de Ações de Competência Originária) do Ministério Público Estadual e estão sendo cumpridas em Cuiabá, Sorriso e Brasília-DF, pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) e Polícia Judiciária Civil, com apoio da Polícia Militar, por meio do BOPE.

Durante a operação o Gaeco cumpriu mandados na Assembleia Legislativa e na casa dos deputados Mauro Savi (PSB) e Eduardo Botelho (PSB). O ex-deputado federal Pedro Henry também é um dos investigados.

No último dia 16 foram bloqueados bens de: l) Mauro Luiz Savi, 2) José Eduardo Botelho, 3) Pedro Henry Neto, 4) Marcelo da Costa e Silva, 5) Antônio , Eduardo da Costa e Silva, 6) Claudemir Pereira dos Santos, 7) Dauton Luiz Santos Vasconcellos 8) Roque Anildo Reinheimer, 9) Merison Marcos Amaro, 10) José Henrique Ferreira Gonçalves, 11) José Ferreira Gonçalves Neto, 12) Gladis Polia Reinheimer, 13) Janaina Pollà Reinhéimer, 14) Juliana Polia Reinheimer, 15) FDL Serviços de Registro Cadastro, Informatização e .Certificação de Documentos Ltda., atualmente EIG – Mercados, 16) Santos Treinaménto e Capacitação de Pessoal Ltda. e 17) União Transporte e Turismo Ltda.

Autorização 

Na semana passada, o  desembargador José Zuquim Nogueira, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, autorizou o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de Mato Grosso a estender as investigações, no bojo da "Operação Bereré", aos deputados estaduais Wilson Santos (PSDB), Baiano Filho (PSDB), Romoaldo Júnior (MDB), José Domingos Fraga (PSD) e Ondanir Bortolini (PSD), o Nininho. O pedido do MP se deu por conta de todos eles possuírem foro privilegiado, em razão do cargo que ocupam na Assembleia Legislativa.

De acordo com o MP, as investigações apontaram que “os agentes públicos destinatários das vantagens indevidas que se valem de pessoas físicas e jurídicas interpostas, da emissão de cheques, de triangularizações de transferências bancárias, dentre outras práticas, para ocultar o recebimento de propina, bem como a origem ilícita dos valores.

Todos os parlamentares negam qualquer ato ilícito. 

Olhar Direto.

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