Maria Júlia Coutinho será a primeira mulher negra da história a surgir na bancada do “Jornal Nacional”, da TV Globo. Empolgada com a nova fase da carreira, a jornalista falou a respeito da representação de sua imagem em algo tão importante no atual momento político.
“Porque tem esse fato simbólico de eu ser a primeira mulher negra a ocupar a bancada. É simbólico e, infelizmente, ainda é notícia. É uma comoção para uma população representativa do país que não se viu ainda contemplada naquela bancada”, destacou ao “Uol”.
E continuou: “Tem de fato uma sub-representação. E as pessoas realmente estavam carentes disso. Ao observarem que há uma chance desse quadro começar a mudar. Tem a Zileide, temos Heraldo… obviamente que eu quero que chegue o tempo em que não se fale mais nisso, que sejamos confundidos. O meu sonho é que, realmente, isso não seja mais notícia um dia”.
A profissional ressaltou que, após crescer na emissora carioca, deixou de ser tão atacada por comentários racistas nas redes sociais. “Ninguém nunca mais ousou me ofender. Não sei se no pensamento da pessoa, mas da boca para fora, nas minhas redes ou na minha cara, eu não ouvi mais ofensa”, contou.
“A gente sabe que existe racismo no Brasil, isso não vai acabar. A repercussão do que houve comigo, creio, me blindou. Mas eu sei que os negros e negras da periferia estão sujeitos a isso, porque o racismo é estrutural no país”, completou.