O empresário Wagner Florêncio Pimentel, 47 anos, assassinado a tiros no dia 9 de fevereiro deste ano, estaria negociando uma delação premiada no âmbito da ‘Operação Crédito Podre’. A informação foi repassada para a delegada Jannira Laranjeira Siqueira Campos Moura, responsável pelo caso, pela mulher da vítima. Além disto, as investigações ainda não descartam que ‘barões do agronegócio’ possam estar envolvidos no homicídio, já que todos indícios levam a crer que o crime tenha sido encomendado.
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“Os indícios que temos nos apontam que esta foi uma morte encomendada. As pessoas que nós prendemos até o momento são os que fizeram a observação (olheiros) da vítima e também os executores. Ainda estamos juntando informações sobre os mandantes, em quem eram os interessados na morte do Wagner”, disse a delegada nesta quinta-feira (07), data em que foi deflagrada a ‘Operação Retentium Mortale'.
Questionada sobre os possíveis mandantes, a delegada não descartou a participação de ‘barões do agronegócio’. Vale lembrar que diversos empresários são investigados na ‘Operação Crédito Podre’, que é comandada pela Delegacia Fazendária. Até o fim dos trabalhos, as informações devem ser compartilhadas entre as duas especializadas.
O empresário vinha recebendo ameaças desde outubro do ano passado, muito possivelmente por conta do processo de delação que estaria firmando com o Ministério Público. Questionada sobre o fato, a delegada comentou que este suspeito teria feito a ligação também a mando de outra pessoa.
No fim do ano passado, equipes da Delegacia Fazendária (Defaz) estiveram no interior colhendo documentos para dar continuidade à operação.
A delegada contou ainda que a mulher de Wagner disse em depoimento que ele estava em processo de firmar um acordo de delação premiada. Porém, isso ainda não foi informado de forma oficial pelo Ministério Público Estadual (MPE). Não há, neste momento, nada que indique a participação de pessoas com foro privilegiado no caso.
A investigação irá continuar pelo prazo de 30 dias, podendo o inquérito ser prorrogado pelo mesmo período. Alguns detalhes ainda estão sendo mantidos sob sigilo, já que os mandantes ainda estão sendo identificados. Durante os depoimentos, todos os presos nesta quinta-feira negaram, com exceção de uma delas, que se contradisse e acabou confessando a participação e reconhecendo o marido em um dos vídeos das câmeras de segurança.
Retentium Mortale
A Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (07), a 'Operação Retentium Mortale', com o objetivo de cumprir cinco mandados de prisão temporárias e buscas e apreensões domiciliares na apuração do homicídio do empresário Wagner Florêncio Pimentel, 47 anos, assassinado a tiros no dia 9 de fevereiro deste ano. A vítima era investigada na 'Operação Crédito Podre', onde foi apontada como a responsável por chefiar o grupo criminoso.
Os mandados foram cumpridos contra os seguintes investigados: o casal Wellington Lemos Guedes Castro e Rosiele Fátima da Silva, que monitorou os passos da vítima no dia do crime; Gilmar Fernando Borges Resplande Amorim; Adão Joasir Fontoura, suposto executor; e Dayane Pereira Fontoura (ou Pimenta), que é vista em um veículo passando ao lado do carro da vítima já morta.
De acordo com a PJC, os responsáveis por monitorar a vítima e os executores permanecem presos. Foi descartada a participação de Gilmar Fernando Borges Resplande Amorim e ele foi colocado em liberdade.
Crédito Podre
A operação ‘Crédito Podre’ foi deflagrada no dia 7 de dezembro de 2017 pela Polícia Judiciária Civil, por meio da Delegacia Fazendária, em conjunto com a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz). As investigações da Polícia Judiciária Civil levantaram que mais de 1 bilhão de grãos saíram do Estado de Mato Grosso, sem o devido recolhimento do ICMS, deixando prejuízo estimado em R$ 143 milhões, entre os anos de 2012 a 2017