Fonte: MT.GOV
Ao contrário dos colegas que lecionam em sala de aula para turmas completas, a professora Rúbia Mara do Prado atende os alunos nas casas deles. Como professora domiciliar, ela se desloca até a residência de seus três alunos – duas meninas, uma de 18 anos e outra de 10 anos, e um menino de 14 anos, que não podem ir à escola por problemas de saúde. Ela dedica duas horas diárias para cada um deles, em uma aula que vai além do conteúdo programático.
Segundo a professora, ao ver os alunos pela primeira vez, ela pensou em desistir, pois acreditava que não daria conta do recado. Mas, ao perceber a força de vontade deles, eliminou as barreiras existentes. “A minha maior gratificação é o sorriso deles. Um dos meus alunos não fala, mas consegue gesticular. A alegria desse aluno para mim é tudo. A conversa é pelos gestos. Se está gostando da aula, me manda beijinho”, relata.
Rúbia Mara explica que os alunos ficam ansiosos com o momento da aula. Se, por acaso, ocorrer algum imprevisto no dia da aula, os alunos pedem para ligar perguntando qual o horário de sua chegada. “Eles querem estudar, querem aprender. É um momento único para eles e para mim também”.
A professora atende em três domicílios diferentes. Uma casa fica a sete quadras da Escola Estadual Dante de Oliveira, no Bairro Novo Mundo em Várzea Grande que a contratou. Outro aluno reside no Jardim Glória e o terceiro no Bairro Mapim. Como a distância é maior, Rúbia Mara utiliza uma motocicleta ou se desloca de ônibus para chegar até a residência deles.
Ao chegar na casa dos alunos, a professora divide o tempo com médico, enfermeiro, fisioterapeuta e psicólogo. Cada aluno fica em uma Home Care (atendimento médico domiciliar).
Como professora unidocente (leciona todas as disciplinas), Rúbia Mara prepara um material estruturado pelo planejamento do professor do ano letivo de cada aluno. A aluna de 18 anos, cursa o ensino médio. Todo o material é adaptado para suas necessidades.
“E a caligrafia dela é dar inveja a qualquer pessoa. Melhor que a minha. O aluno de 14 anos é semi-alfabetizado e cursa o quinto ano do ensino fundalmental. Para ele, é preciso também material estruturado assim como para a terceira aluna”, assinala.
Pedagoga, Rúbia tem que dominar o conteúdo que ela busca junto aos professores do estágio de estudo de seus alunos para preparar o conteúdo especial. Para a professora é um desafio trabalhar todas as disciplinas sendo que o ensino médio exige maior dedicação. “Em meus 15 anos de professora, atuei em escola regular, projetos especiais, mas esse é o meu maior momento enquanto profissional porque o desafio é imenso”, frisa.
Hospitalar
Além do atendimento domiciliar, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) disponibiliza professores para atendimento hospitalar. Em todo o Estado, são 75 estudantes – a maioria crianças – que estudam em hospitais. O número, no entanto, é flutuante, uma vez que muitos alunos recebem alta médica e retornam para suas cidades de origem e continuam os estudos nas escolas onde são matriculados.
Em Cuiabá, são dois hospitais com aulas hospitalares – Júlio Muller e Hospital de Câncer, além do Associação de Atendimento de Crianças com Câncer (AACC).
Para obter o atendimento domiciliar ou hospitalar é preciso um afastamento sob solicitação médica superior a 90 dias. Os pais entram em contato com a escola onde o filho está matriculado. A unidade escolar organiza a documentação e entra com pedido na Seduc.
Além do conteúdo
Para a Superintendente de Política de Diversidades Educacionais, Lúcia Aparecida dos Santos, o trabalho domiciliar ou hospitalar vai além do preparo pedagógico e didático. “Para a preparação da aula, é preciso ter algo diferenciado. Tem que fazer um trabalho com o coração, pois o professor se preocupada com a pessoa, com a vida”.