Com mais de 28 mil estudantes matriculados, a UFMT possui somente 4 mil negros

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Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto
CAMARA VG

Fonte: Olhar Direto

Com 28.481 estudantes matriculados na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), aproximadamente 4.072 são pretos quilombolas e não quilombolas, de acordo com a V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) Graduandos (as) das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). A porcentagem dessa população representa 14,3% do total de estudantes na Universidade. Se somado aos pardos, o número chega em 59,5%, o que corresponde a aproximadamente 16.946 pessoas.

A nível nacional, os negros ou pardos são a maioria no ensino superior em unidades públicas, com 50,3%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir do estudo de Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, divulgado na última semana. Todavia, entre os entrevistados de 18 a 24 anos, 78,8% dos brancos estão cursando ou já concluíram o ensino superior, enquanto negros e pardos possuem uma taxa de 55,6%.

Mestre em educação e também membra do Grupo de Pesquisa Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação (NEPRE), Zizele Ferreira dos Santos, aponta que inúmeros pontos implicam nos dados apresentados pelos estudos, como, por exemplo, as políticas públicas de permanência.

“Para além disso, há questões complexas como: políticas de permanência que não são aplicadas, pelo contrário, o Estado brasileiro vem fazendo cortes há um bom tempo; a autodeclaração racial de pessoas que podem transitar entre um grupo e outro. Há, ainda, as fraudes sendo enfrentadas aos poucos”, aponta a pesquisadora.

O sistema de cotas também é uma importante ferramenta para a correção da desigualdade. “Quando chegarmos em um ponto em que, comprovadamente, alcançarmos tais objetivos, devemos seguir avançando, enquanto país, de outras formas. Hoje ainda é necessária esta política”, explica.

Apesar do índice 0,3% superior, essa população ainda é inferior em outros âmbitos educacionais também a nível nacional, como nas universidades privadas, onde os brancos ocupam 53,4%, enquanto os negros ou pardos 46,6%. Já a taxa de conclusão de ensino médio é 76,8% branca e 61,8% negra ou parda.

“O não enfrentamento ao racismo estrutural, aquele institucionalizado. É preciso educar o Brasil e o brasileiro, em todos os espaços, para a aceitação da humanidade, ou seja, reconhecimento das diferenças individuais e coletivas. Se o Estado não assumir isso em todas as esferas, enfrentando tais desdobramentos discriminatórios no judiciário, legislativo e demais espaços, continuaremos a naturalizar uma educação racista. O racismo não resulta apenas de uma ação individual, ele opera nas relações entre grupos”.

População indígena e amarela

A V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) Graduandos (as) das IFES também aponta um pequeno número de indígenas e pessoas amarelas na UFMT. Com porcentagem de 1,3% e 2,5%, há aproximadamente 370 indígenas e 712 pessoas amarelas na Universidade.

Rendimento mensal

A população negra ou parda tem um rendimento mensal 23,32% menor que a população branca em Mato Grosso. De acordo com o estudo de Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, do IBGE, o rendimento médio dos brancos é de R$ 2.667, enquanto de negros ou pardos, o valor é de R$ 2.045.

A diferença entre ocupações informais entre as populações é mais, atingindo a porcentagem de 26%. No trabalho informal, o rendimento dos brancos é de R$ 2.090, enquanto dos pretos ou pardos o número chega a R$ 1.540. Já para trabalhos formais, R$ 3.006 é o rendimento dos brancos e R$ 2.383 dos pretos e pardos, o que equivale a uma diferença de 20,73% entre os dois. Os números tomam como base o trabalho principal das pessoas.

Nacionalmente, a diferença total de rendimento mensal ultrapassa R$ 1 mil. Os brancos recebem R$ 2.796 e os negros ou pardos têm um rendimento de R$ 1.608. Quanto aos empregos formais, o brancos têm um rendimento de R$ 3282 e os negros e pardos R$ 2.082. Já em relação aos empregos informais, os brancos recebem R$ 1.814, enquanto os negros R$ 1050.

Dia da Consciência Negra

Nesta quarta-feira (20), é comemorado o Dia da Consciência Negra em todo o país. Em comemoração a data, o Coletivo Negro da UFMT promove o I Ciclo de Estudos de Música Afro-diaspórica, que terá sua segunda parte sendo realizada nesta segunda-feira (25).

A programação teve início na última segunda-feira (11), com uma oficina de dança afrobrasileira com os ministrantes Lupita Amorim e Pedro Scarlett. Já no dia 2 de dezembro, Danielle Souziel e Zizele Ferreira irão comandar uma oficina de literatura dramática.

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