Cartógrafo, historiador, artista plástico e projecionista que trabalhou nas principais salas de cinema de rua de Cuiabá na década de 1960 (como o Cine Teatro Cuiabá, Cine São Luiz e Cine Bandeirantes), Aníbal Alencastro é o personagem central do documentário “Paradiso de Aníbal”, que será exibido nesta terça-feira (23), na Mostra de Cinema de Tiradentes, em Minas Gerais.
O evento, que termina neste sábado (27), abre o calendário audiovisual brasileiro apresentando um panorama de exibições de filmes em pré-estreias e sessões especiais divididas em vários recortes, em diversos espaços de Tiradentes, sempre com entrada gratuita. Debates, encontros com os filmes, bate-papos após as sessões e rodas de conversa completam a experiência cinematográfica proporcionada pelo evento.
Paradiso de Aníbal integra a Mostra Praça, que reúne, entre longas e curtas-metragens, filmes de diálogo imediato com o público e classificação livre.
Nas últimas cinco edições da Mostra de Tiradentes, outros quatro curtas mato-grossenses foram exibidos: “Majur”, de Íris Alves Lacerda, “O menino e o ovo”, de Juliana Capilé, “Dois Bois”, de Perseu Azul e “A velhice ilumina o vento”, de Juliana Segóvia.
Em 2024 a Mostra exibirá 145 filmes, sendo que 99 são curtas, provenientes de 20 estados brasileiros: Alagoas (4), Bahia (1), Ceará (5), Distrito Federal (2), Espírito Santo (2), Goiás (4), Maranhão (1), Minas Gerais (32), Mato Grosso (1), Pernambuco (6), Paraíba (1), Pará (3), Paraná (1), Rio de Janeiro (12), Rio Grande do Norte (3), Rio Grande do Sul (3), Santa Catarina (2), Roraima (1), Sergipe (1) e São Paulo (19). A curadoria de curtas é assinada por Camila Vieira, Mariana Queen Nwabasili, Leonardo Amaral, Lorenna Rocha e Pedro Maciel Guimarães. Os títulos escolhidos são distribuídos nas mostras Clássicos (1), Foco (13), Foco Minas (8), Formação (10), Homenagem (8), Invenção (2), Jovem (4), Mostrinha (7), Panorama (22), Praça (14), Regional (4) e Valores (6). “
Sobre o curta
“Paradiso de Aníbal” faz um recorte em torno de memórias do personagem central sobre a época em que trabalhou como cartazista e projecionista em Cuiabá nas décadas de 1950 e 1960, ao mesmo tempo em que enfatiza a relação afetiva que Aníbal estabeleceu com dispositivos e equipamentos de projeção cinematográfica.
Na casa de Alencastro, objetos que revelam a paixão pelo cinema. No espaço doméstico ele interage com a esposa Vera Fernandes Alencastro (in memoriam) sobre a época em que ainda eram namorados. O curta também apresenta o personagem em locações como o Cine Teatro Cuiabá e o Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (MISC), espaços que tiveram importância central na trajetória de Aníbal.
O Cine Teatro Cuiabá mantém-se como única sala de cinema de rua em que Aníbal trabalhou ainda em funcionamento. Já o MISC abriga o acervo de equipamentos cinematográficos doados por Aníbal à instituição.
O curta reúne fragmentos de um passeio com Aníbal por ruas de Cuiabá à bordo de um Ford A 1929 conversível, dirigido pelo colecionador de carros José Antônio Marinho, o Magal. No percurso, Alencastro revisita espaços que abrigaram salas de cinema de rua na cidade.
Nesse e em outros momentos do curta, Aníbal relembra do convívio com outros profissionais do circuito da exibição cinematográfica na Cuiabá de meados do século passado, como Odair Jorge Leite, Luiz de França Barros, Bela Tabori, Sebastião Palma, Névio Lotufo e José Mario Amiden.
O documentário é dirigido por Diego Baraldi, programador audiovisual, membro da Rede Cineclubista de Mato Grosso (REC-MT) e professor do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso. Na equipe estão profissionais vinculad@s ou que tiveram passagem (como estudantes, docentes ou técnic@s) pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
A trilha sonora foi composta especialmente para o documentário pela musicista e arte-educadora Katy Ribeiro, atualmente radicada no Rio de Janeiro.
Além da presença de Baraldi como representante do curta na Mostra, Mato Grosso conta com a presença da Superintendente de Desenvolvimento da Economia Criativa da SECEL-MT Keiko Okamura no “Fórum de Tiradentes”. O Fórum é espaço de discussões sobre políticas públicas para o audiovisual e tem presença confirmada da Ministra da Cultura Margareth Menezes, além de representantes de diferentes setores da cadeia do audiovisual brasileiro.
A versão de 20 minutos de “Paradiso de Aníbal” é um dos desdobramentos do projeto “Memórias de Aníbal Alencastro e das antigas salas de cinema de rua de Mato Grosso”, contemplado pelo Edital Conexão Mestres da Cultura Marília Beatriz de Figueiredo Leite (Lei Aldir Blanc/Secel-MT).