Sargento que é suspeito de ter assassinado advogado diz ser inocente e uma “vítima do sistema”

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Foto: Reprodução
CAMARA VG

O sargento da reserva remunerada da Polícia Militar Omigha de Lima Oliveira, 54 anos, em entrevista ao Olhar Direto negou que tenha qualquer envolvimento no assassinato do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Renato Nery, ocorrido no dia 5 de julho, em Cuiabá.

Procurado pela reportagem, o militar, em uma conversa de pouco menos de 20 minutos deu sua versão sobre os fatos e alegou ser inocente. Ele foi um dos alvos de uma operação deflagrada pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na terça-feira (30), em que foram cumpridos três mandados de busca e apreensão. As ordens judiciais foram cumpridas em Guarantã do Norte (745 km de Cuiabá), Várzea Grande e Cuiabá.

“Primeiramente, eu quero dizer que sou solidário à família do advogado Renato Nery, profissional que trabalhou a vida inteira. Eu sei que ele tem filhos, tem família, tem esposa, tem netos igual eu tenho. Duas famílias estão sendo destruídas: a dele (Renato Nery) porque foi vítima de um ataque cruel e a minha por meio da mídia, que me vincula como matador, como o autor, o orquestrador desse crime”. A mesma forma que a minha vida foi dilacerada a do advogado também foi”, defendeu-se.

Omigha foi questionado pela reportagem se conhecia Renato Nery. O militar negou veementemente e disse que nunca tinha ouvido falar no nome do advogado. O investigado ainda disse ser vítima do sistema.

“Nós dois fomos vítimas: ele de bandido e eu do sistema. Eu nunca vi esse cidadão (Renato Nery), esse trabalhador, esse profissional, nunca tive contato, nenhum sentido, nenhuma ligação, nenhum envolvimento. Nada me vincula a essa pessoa. A minha vida acabou”, declarou.

Explicação sobre a não entrega da arma

Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, a Polícia Civil informou que o sargento resistiu e não entregou uma arma calibre 9 milímetros, mesmo calibre que matou Nery.

O sargento explicou à reportagem que não entregou o armamento, porque em nenhum momento a equipe investigativa informou o motivo da investigação. Ele acrescentou que se tivesse sido informado entregaria a arma.

“Quando eles entraram, perguntaram-me: ‘Cadê a arma?’. Eu disse ‘pra que?’. Eles disseram que iriam prender minha a arma e eu disse que não iria deixar enquanto eles não me falassem do que se tratava a investigação. Em nenhum momento nenhum dos policiais, nem o delegado, informou-me o teor da investigação. Só me falavam: ‘Está em sigilo’.

Eu disse que a arma não estava na minha residência, mas estava, sim. Ele (o delegado) não buscou. Estava no guardo da minha família, debaixo da cama. Eu não entreguei porque ele não disse o teor da investigação. Se ele tivesse me dito do que se tratava a investigação eu na hora entregaria. Eu não estou envolvido nisso e não concordo com esse tipo de coisa de tamanha natureza. Ia ser bom para os dois lados”, detalhou.

Investigado promete entregar arma

À reportagem, Omigha disse que ficou sabendo do que se tratava a investigação pela imprensa. Diante disso, saiu da sua cidade, Guarantã do Norte, e veio para Cuiabá para ter mais detalhes do processo.

Na entrevista, ele informou que retorna para o seu município ainda nesta quarta-feira e deve chegar apenas na quinta-feira (1º). Porém, explicou que a primeira coisa que irá fazer e entregar a arma em uma delegacia da Polícia Civil.

“Nesse momento, eu estou em frente à rodoviária de Cuiabá e vou embora para minha casa. Serão 12 horas de viagem. Assim que chegar, vou pegar minha arma 9 milímetros e entregar na Delegacia da Polícia Civil, porque agora eu sei o que estão me acusando. Eu acredito no Judiciário de Mato Grosso. Eu acredito na Polícia Civil e na competência dela”, completou.

 

 

Fonte: Informações/ Olhardireto