A delegada Juliana Palhares, titular da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), afirmou em entrevista ao videocast PodOlhar, disponível no YouTube, que a divulgação de jogos online como o “Tigrinho” pode levar a complicações com a polícia. Ela explicou que esses jogos operam de forma ilegal, muitas vezes envolvem fraudes e lavagem de dinheiro, e podem causar vícios semelhantes aos de drogas e álcool.
ASSISTA A ÍNTEGRA DO PODOLHAR COM A DELEGADA JULIANA PALHARES:
Palhares comparou a popularidade atual desses jogos online com golpes antigos, como o do “bilhete premiado”, destacando a ilusão de enriquecimento rápido. “Incrível, né? Parece algo tão óbvio, né? Mas vocês lembram de um golpe antigo chamado bilhete premiado? Uma pessoa, olha, ganhei na Mega Sena aqui, mas eu ganhei um milhão. Mas, olha, estou te dando porque meu filho está não sei o quê. Aí conta uma história triste e te oferece assim: ‘olha, se você me der duzentos mil, você vai lá e retira um milhão'”.
Ela ressaltou que esses jogos exploram a falsa ideia de ascensão financeira sem esforço, o que contribui para a proliferação de vícios e outros crimes associados. “Eu acho que hoje existe uma falsa ideia de uma ascensão, de ganhar dinheiro sem o suor do trabalho, sem o merecimento. Eu falo assim, você gosta da sorte? Você gosta? Tenta algo que é legalizado hoje no nosso país. Esses jogos que são fiscalizados pelo governo, que pagam seus tributos, enfim, né? Então, tenta esse”.
A delegada também abordou a discussão sobre a regulamentação dos jogos online pelo governo federal. Recentemente, o governo tem considerado a possibilidade de regulamentar e tributar essas atividades como uma forma de aumentar a arrecadação. No entanto, Palhares se posicionou contra essa medida, destacando os riscos e impactos negativos. “Eu penso que a DRCI, nessa frente, ela assessora com conhecimento técnico, de repente. Olha, vocês podem me ajudar levantando tais e tais questões técnicas um pouco mais complexas? Nesse sentido, a DRCI pode dar um apoio. […] Aí é uma questão de quais são os benefícios para o país como um todo, não só para a investigação. Quais são os benefícios de regulamentar esse tipo de jogo no Brasil? O que a sociedade brasileira vai ganhar com isso?”
Ela argumentou que a regulamentação poderia aumentar o vício em jogos, impactando negativamente a saúde pública e sobrecarregando os sistemas de saúde e segurança. “E as doenças? E as pessoas que se viciam nisso? E as pessoas que são prejudicadas? E as pessoas que se suicidam por conta disso? E que fazem empréstimos? Enfim, eu acho que a gente precisa valorizar as virtudes. Então, ofertas de emprego, qualificações, acesso a esse tipo de situação que vai engrandecer o ser humano, e não numa situação meramente que vai empobrecê-lo ou torná-lo viciado e o Estado, ó, é regulamentado, não tem nada a ver com isso”.