O delegado Michael Mendes, que atua na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), revelou que Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, é a única pessoa indiciada pelo assassinato da jovem Emelly Beatriz Azevedo Sena, de 16 anos, devido à falta de evidências que apontem a participação de outros indivíduos no crime.
Além disso, Nataly confessou ter cometido o homicídio da adolescente grávida e de ter retirado o bebê de seu ventre por conta própria, tendo como intenção ficar com a criança. Ela foi acusada de feminicídio, tentativa de aborto, sequestro de recém-nascido, parto suposto, ocultação de cadáver, fraude processual, falsificação de documento particular e uso de documento falso.
No dia 12 de março, quando o corpo de Emilly foi descoberto nos fundos de uma residência no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá, foram presos Christian Albino Cebalho de Arruda (namorado de Nataly), Cícero Martins Pereira Júnior (irmão de Nataly) e Aledson Oliveira da Silva (cunhado de Nataly).
No entanto, o delegado afirmou não ter encontrado provas suficientes para confirmar a participação do trio no crime. Ele destacou que um inquérito complementar foi aberto com a finalidade de obter mais prazos para reunir dados de celulares, investigar denúncias e avaliar uma possível implicação dos homens no caso, buscando esclarecer todos os aspectos da situação.
“Inicialmente, a impressão que tive era de que havia mais pessoas envolvidas. Pode parecer brincadeira, mas não conseguimos encontrar nada que indicasse que eles estiveram envolvidos”, declarou em uma entrevista ao SBT na última quarta-feira (26).
“O que apuramos é que a narrativa dela se alinha de forma coerente com tudo o que levantamos. As versões deles durante os interrogatórios também se confirmaram. Não conseguimos achar indícios que sugerissem a participação deles, principalmente na execução do crime. Por quê? Porque temos imagens da casa que mostram quem entrou e saiu. Constatamos que eles não estiveram presentes em nenhum momento da execução”, afirmou o delegado.
“Portanto, o que ficou claro foi que, desde a saída do irmão de Nataly da casa, e a chegada da investigada, seguida da vítima, e até quase às 15h, quando entrou a primeira pessoa, não houve mais ninguém que adentrou. Assim, a versão de um dos investigados, Aledson, é coerente com as nossas apurações, pois ele teve um período muito curto de contato com o local”, continuou o delegado.
Segundo ele, o irmão de Nataly chegou à casa logo após esse ocorrido. Nesse momento, ela já teria conseguido limpar toda a cena do crime e mentiu ao afirmar que teve o parto sozinha.
O irmão dela chega logo em seguida. É nesse instante que eles partem acreditando, em um primeiro momento, na narrativa dela, que se refere a um parto. Ele é o primeiro a chegar e ela faz essa afirmação: “aqui estou, tive um parto”. O local já estava limpo. Ele diz que iria acionar o Samu, e ela responde: “não, meu irmão já está a caminho”.
Então, rapidamente, o irmão dela aparece com o carro para levá-la ao hospital, e todos deixam o local. A investigação inicial sobre a execução indica que eles estavam cumprindo com suas obrigações, e isso foi corroborado. Temos o rastreamento da moto do rapaz, e as imagens confirmam a análise. Eles não estavam presentes naquele lugar.
Entretanto, a situação é complicada. Não se trata apenas de envolvimento na execução. É essencial investigar outras formas de participação. É necessário considerar a participação moral, se alguém tinha ciência do ocorrido ou se contribuiu de alguma forma. Isso requer mais tempo, pois precisamos extrair e verificar dados dos celulares.