Não ensinei eles a mentir, acho que tem água estragada no Paiaguás, rebate Mendes a Gallo e Muller

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CAMARA VG

A disputa eleitoral deflagrada entre Mauro Mendes (DEM) e Pedro Taques (PSDB) tem colocado o ex-prefeito de Cuiabá em rota de colisão com ex-secretários de sua gestão que agora atuam no governo. Guilherme Muller e Rogério Gallo rebateram recentemente dados apresentados por Mauro Mendes e o empresário não os poupa na hora de retrucar. “Mentira tem perna curta e é o que eles estão fazendo com a população. Eu não ensinei eles a mentir. Se eles estão mentindo, não aprenderam comigo, aprenderam com alguém, acho que tem água estragada lá dentro do Paiaguás”, afirmou, em entrevista concedida ao Olhar Direto.  

O eixo do desentendimento entre Mendes e seus ex-secretários é a atual situação financeira de Mato Grosso. O ex-prefeito de Cuiabá tem sido contundente ao criticar os restos a pagar acumulados pela administração tucana. “Eles podem sair em defesa, é natural, mas eles não podem mentir para a população. Eles não podem desmentir a eles mesmos. Eu pergunto, pegue o balanço do Estado, que é um documento oficial feito pelo Estado, e olhe lá, quanto tem de restos a pagar? R$ 2,8 bilhões no dia 31 de dezembro de 2017. Pegue o relatório do TCE, quanto tem lá de restos a pagar? R$ 2,8 bilhões. E ai vem o governo com seus secretários mentir descaradamente?”, questionou.
 
“No dia 6 de janeiro o próprio governador reconhece que tem R$ 3 bilhões, ou seja, passou mais um mês de déficit, R$ 3 bilhões. No dia sete de fevereiro, o próprio Rogério Gallo diz tem R$ 3 bilhões. Quando que eles estão falando a verdade e quando eles estão mentindo? Eles que se expliquem. Os números estão ai. Está devendo os poderes ou não está? Está devendo a imprensa ou não está? Está devendo para centenas de fornecedores ou não está? Tem UTI parada por não estar recebendo. Pergunta aos 141 prefeitos do Estado de Mato Grosso se tem divida ou não tem do para com as prefeituras”, completou.
 
Para Mendes, Pedro Taques falhou como gestor público. “Ele foi para nós uma grande decepção e representou resultados muito pífios, muito aquém daquilo que ele prometeu e que criou expectativa em todos nós de que ele seria capaz de entregar. Nós deixamos de apoiá-lo porque o seu governo e a sua administração colocou Mato Grosso numa situação extremamente ruim sob o ponto de vista econômico.Mato Grosso hoje está quebrado”, vaticina.
 
Divergência com ex-secretários
  
O primeiro ex-secretário de Mendes a vir a público “desmenti-lo” foi Rogério Gallo. Em entrevista a TV Vila Real, o hoje secretário de Fazenda afirmou que os números apresentados por Mauro Mendes durante o lançamento de sua candidatura não são reais e que MT virou o ano com R$ 2,8 bi de restos a pagar, mas que deste universo, R$ 700 milhões correspondiam a folha de pagamento, que foi quitada em janeiro. “Primeiro, temos que desmistificar. Esse número, hoje, não é real. Nós viramos o ano com R$ 2,8 bilhões de restos a pagar. Sendo R$ 1,7 bilhão de restos a pagar processados, que são aqueles que estão pronto para pagamento. E R$ 1 bilhão daqueles que não estão aptos”, disse Gallo. 

“R$ 700 milhões eram da folha de pagamento, porque a folha é liquidada em dezembro, mas pode ser paga até o dia 10 do mês subsequente. Então, sobram R$ 2,1 bilhões. Nós já pagamos R$ 700 milhões para outros credores. Então, o valor cai para R$ 1,5 bilhão”, afirmou.
 
Já o secretário de Planejamento de Mato Grosso, Guilherme Muller, afirmou que o governador Pedro Taques tomou todas as providências para equilibrar as contas públicas e explicou que todas as gestões possuem “restos a pagar”.  Conforme o secretário, é comum sobrar dívidas de um ano para o outro e isso não é uma característica do Governo Pedro Taques.
 
“No ano passado o valor de restos a pagar foi em torno de R$ 1,7 bilhão. Desse montante, R$ 700 mil são referentes a folha de pagamento de dezembro que é paga no dia 10 de janeiro. Se você pegar um histórico, nunca é menos que R$ 1 bilhão [de restos a pagar], explicou o secretário.
 
Ele ainda afirmou que o ex-governador Silval Barbosa estornou valores de restos a pagar, ficando o valor oculto, inscrito em despesa do exercício anterior sem cobertura orçamentária. “Esse assunto já virou polêmica por conta do período eleitoral. Começam a fazer comparações com o final do governo Silval, mas, no governo anterior, os restos a pagar foram estornados. Sempre existe essa incapacidade financeira. No Governo do Pedro Taques o quadro aumentou porque mudou a data da folha de pagamento. A folha de dezembro passou a ser restos a pagar porque o pagamento é efetuado em janeiro”, esclareceu.

 

Fonte: Olhar Direto

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