“Amo qualquer gay, lésbica ou traveco; não a prática pecaminosa”

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CAMARA VG

Midia News

Único representante declarado da bancada evangélica em Mato Grosso, o deputado federal Victório Galli (PSC) tem focado o seu primeiro mandato como parlamentar titular em críticas e ações contra os direitos de pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT).

Em entrevista ao MidiaNews, o parlamentar confundiu preconceito e opinião, questionou a sexualidade do repórter e disse não ser necessária uma lei contra homofobia, mesmo com relatórios nacionais e internacionais apontando o Brasil como primeiro lugar em homicídios de LGBTs nas Américas.

“Deus criou homem e mulher. Casamento é entre homem e mulher. Então, nós defendemos a família tradicional, que, lá no princípio, foi originada com homem e mulher. É uma doutrina cristã, mas respeitamos quem não a segue. Agora, não se pode confundir respeito com aceitação. Eu respeito, mas não aceito. E se, porventura, tiver uma votação no Congresso, pode ter certeza de que meu voto sempre será contra. Eu, como cristão, amo qualquer homossexual, qualquer lésbica, traveco. Agora, sou contra a prática pecaminosa”, disse.

Na entrevista, Galli ainda defende o projeto do também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-RJ), que criminaliza o comunismo no Brasil. Se disse contra o projeto que acaba com a isenção fiscal das igrejas e afirmou que cabe ao Ministério Público fiscalizar o que as igrejas fazem com esse benefício.

Por fim, ainda disse acreditar na reeleição do governador Pedro Taques (PSDB) e que “reza” para que o tucano não esteja envolvido no suposto esquema de escutas telefônicas que seria operado pela Polícia Militar e com anuência de alguns setores do Governo.

Veja os principais trechos da entrevista:

MidiaNews – O senador José Medeiros é relator de um projeto de lei que acaba com a isenção fiscal das igrejas. Qual sua avaliação sobre o projeto?

Victório Galli – Fizemos várias reuniões no Estado para chamar a atenção das pessoas da igreja, seja evangélica ou católica. Eu acho isso um absurdo. Para começar, isso não nasceu lá no Parlamento, veio de fora [a proposição veio do que o Senado chama de "Ideias Legislativas", que podem ser enviadas por qualquer cidadão pelo portal E-Cidadania]. Se a igreja tiver que pagar impostos, terá que pagar duas vezes, porque os membros da igreja já pagam impostos. Aquilo que a igreja recebe de oferta já passou pelo imposto. E a igreja faz um trabalho social que o Estado não consegue fazer. E faz de graça para o Estado. Por exemplo, com casas de recuperação, onde milhares de pessoas do País são recuperadas e saem das drogas, do álcool, do tabaco e voltam para a família em condição de ter uma vida normal.

MidiaNews – Então, acredita que o projeto seja absurdo?

Victório Galli – Um absurdo.

MidiaNews – E por que existe uma grande parcela da população que apoia essa proposta?

Victório Galli – São pessoas que não vão à igreja, são avessas às igrejas. Concordo que nem todos os pastores são perfeitos, nem todos os padres são perfeitos. Inclusive, a Igreja Católica paga milhares de dólares nessa questão da pedofilia. Assim como na Igreja Evangélica tem pastores que não seguem a sua vocação. Mas não posso condenar dez porque um errou. Existem, sim, pastores que pegam dinheiro dos fiéis, que abusam da fé, reconheço isso. Mas não podemos julgar o restante por causa de um.

MidiaNews – De que modo evitar, então, que pessoas usem essa isenção para adquirir bens em benefício pessoal?

Victório Galli – Com a palavra, o Ministério Público. Eles estão aí para investigar isso. E que cada um pague por seus erros.

MidiaNews – Então, a função de conter essas irregularidades fica a cargo do Ministério Público?

Victório Galli – Sim. Inclusive, acho que o Ministério Público está omisso nisso. Deveria fiscalizar a situação. A nossa igreja [Assembleia de Deus], por exemplo, presta contas do que faz.

MidiaNews – De que forma?

Alair Ribeiro/MidiaNews

Victório Galli

"Existem, sim, pastores que pegam dinheiro dos fiéis, que abusam da fé, reconheço isso. Mas não podemos julgar o restante por causa de um"

Victório Galli – Todo ano, levamos ao Ministério Público a planilha do que entrou e do que saiu, onde aplicamos o dinheiro, se é em construção de templo, se é na compra de terreno ou na casa pastoral, em carro para atender demanda da igreja ou na casa de recuperação. Tudo é prestado conta. Na minha igreja nunca houve esse tipo de situação. Inclusive, quando há pastores que cometem algum tipo de incoerência doutrinária, eles são disciplinados.

MidiaNews – O projeto passa ou não em Brasília?

Victório Galli – Tenho certeza que não passa. Estamos trabalhando com os parlamentares nesse sentido. Temos a força da bancada evangélica, católica, que estão em comum acordo sobre esse projeto. Isso vem de pessoas de fora, inconformadas. Por exemplo, tem membro da nossa igreja que vai só para tomar ceia, os chamamos de “ceiero”, só vai uma vez ao mês. Como também tem os católicos que só vão à igreja para casar e batizar os filhos.

MidiaNews – O que acha desse tipo de fiel?

Victório Galli – Não são verdadeiros fiéis. E é deste tipo de fiel que surgem projetos como este.

MidiaNews – O senhor era um crítico das políticas do Governo do PT, no que diz respeito aos homossexuais. Acha que o Governo Michel Temer mudou esse viés

Victório Galli – Não. O Ministério dos Direitos Humanos não foi extinto, continua lá. A forma de entender as pessoas continua sendo a mesma. Não podemos crucificar alguém, matar ou extinguir por opção sexual. Respeito opção sexual de cada um, desde que a pessoa seja maior de idade. A minha encrenca com LGBT é querer fazer apologia à homossexualidade, porque é uma situação avessa à natureza. Deus criou homem e mulher. Casamento é entre homem e mulher. Então, nós defendemos a família tradicional, que, lá no princípio, foi originada com homem e mulher. É uma doutrina cristã, mas respeitamos quem não a segue. Agora, não se pode confundir respeito com aceitação. Eu respeito, mas não aceito. E se, porventura, tiver uma votação no Congresso, pode ter certeza que meu voto sempre será contra. Eu, como cristão, amo qualquer homossexual. Tenho amor, como ser humano, a qualquer lésbica, qualquer traveco. Agora, sou contra a prática pecaminosa.

MidiaNews – O senhor foi muito criticado, e até achincalhado, por declarações a respeito da Disney, ao considerar o Mickey Mouse gay, pelo fato de ele nunca ter-se casado. O senhor se arrepende dessa declaração?

Victório Galli – Não vou mudar minha posição por conta de crítica. Não sou filho de pai assustado. Tenho posição e vou defendê-la. O que eu falei sobre o Mickey não é só dele. Tem também o Super Homem, a Pantera Cor-de-Rosa, o Rei Leão, entre outros. São ideologias que a Disney está colocando nas nossas crianças, são mensagens subliminares, para transmitir uma situação avessa à natureza. A natureza do leão é matar um animal para comer carne, não é comer capim.

MidiaNews – Não acha que um deputado tem mais coisas a se preocupar do que com o Mickey?

Victório Galli – Eu me preocupo, mas não é só isso. Me preocupo com a Saúde, sendo o deputado que mais investiu emenda em Saúde. Sou o único que está lutando para acabar com o horário de verão, que desmantela as pessoas aqui em Mato Grosso, traz transtorno enquanto a mídia diz que traz economia. Conversa fiada. Então, não é só isso que defendo. É igual o motorista de ônibus: você acha que ele fica só com a mão no volante? Este é um bom exemplo, né?! O motorista não fica só com a mão no volante. Tem que trocar a marcha, olhar retrovisor, conversar com quem está ao lado, dar seta. Eu não sei por que as pessoas dizem que o Victório só fala isso. Aí um abençoado de um colega meu [senador Cidinho Santos] contou uma piada comigo no aeroporto, gravou e o abençoado do defensor público me protestou [o defensor público Willian Zuqueti moveu ação civil pública por dano moral coletivo pelas declarações de Galli, consideradas homofóbicas. A juíza Celia Regina Vidotti, da Vara Especializada de Ação Civil Pública, negou pedido para proibir o parlamentar de fazer comentários contra o público LGBT]. É um direito dele, mas a Constituição me deu direito a opinião, prova que a juíza me deu decisão favorável. Agora, eu tenho autorização para falar o que quiser dos LGBT. Mas eu nunca falei mal de gay. Você é gay?

MidiaNews – Isso não vem ao caso aqui, deputado…

Victório Galli – Eu não tenho nada a ver com isso, mano. Eu amo você como ser humano. A opção sexual é sua. Eu amo as pessoas, mas não é por isso que sou a favor do que ela pratica. Eu sou contra o ativismo gay.

MidiaNews – Por quê?

Victório Galli – Porque o ativismo gay estraga os gays. Extrapola. Eles fazem manifestações nas ruas, e eu sou a favor que eles façam manifestações, que lutem pelo que querem. Se um barbudo quer casar com outro barbudo, que isso vire lei se conseguirem os votos necessários. Agora, você acha correta em uma manifestação pública pegar uma lésbica levar na cruz e crucificar como se fosse Jesus? [a atriz Viviany Beleboni, transexual, chamou atenção na 19ª Parada do Orgulho LGBT em São Paulo, em 2015, ao se prender à cruz, encenando o sofrimento de Jesus, para ‘representar a agressão e a dor que a comunidade LGBT tem passado’].

Alair Ribeiro/MidiaNews

Victório Galli

"Deus criou homem e mulher. Então, nós defendemos a família tradicional. É uma doutrina cristã, mas respeitamos quem não a segue"

MidiaNews – Foi errado?

Victório Galli – Claro que é errado. Você acha certo um gay tirar a roupa do outro em uma manifestação e introduzir um crucifixo no ânus? [após a polêmica com Viviany Beleboni, uma série de imagens foram espalhadas na internet ligando atos obscenos à 19ª Parada LGBT de São Paulo. A grande maioria não havia ocorrido naquele evento ou em paradas gays, mas sim em documentários, filmes e até na Marcha das Vadias, ocorrida em 2013 no Rio de Janeiro].

É um desrespeito à religiosidade. Que faça suas manifestações, mas faça com ética. Eles ultrapassam os limites. É este o problema. Então, sou contra o ativismo gay, que está destruindo a humanidade e o próprio movimento gay.

MidiaNews – Também não houve um extrapolamento da sua parte ao tentar sustar os efeitos da resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que permite o registro de união homoafetiva em cartórios de todo o Brasil?

Victório Galli – Não foi para desrespeitar quem quer casar homem com homem ou mulher com mulher, mas porque a Justiça desrespeitou o poder do Parlamento. Isso tem que sair do Parlamento. O juiz não tem poder para fazer lei, quem tem é o Legislativo. Foi nessa questão que entrei com indicação para derrubar isso. Se quiserem fazer isso da forma correta, que façam no Congresso.

MidiaNews – Mas o CNJ não preencheu uma lacuna que o Congresso Federal se recusava a preencher?

Victório Galli – Aí é que entra a questão do Parlamento: uma omissão também é uma forma de se posicionar. A maioria não aceita. Isso não passa lá. Por isso está assim. Mas, de qualquer forma, o jurídico não pode fazer lei. Pode julgar, não criar. É um desrespeito.

MidiaNews – Por ser homem público e ter projeção na mídia, não teme que esse tipo de posicionamento incite a violência de alguma forma?

Victório Galli – Não. Estou falando que respeito, que amo, mas que aborreço as práticas. É um princípio cristão. Deus ama o pecador, mas aborrece o pecado. Eu amo o gay, amo a lésbica, amo o traveco, mas aborreço o que eles fazem, suas práticas. Essas falas não aumentam violência. Se você fizer uma pesquisa, quem de fato está matando os gays, são eles mesmos. É ciúme de homem com homem, de mulher com mulher. Tem estudo disso [de acordo com o último relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais, o Brasil ocupa o primeiro lugar em homicídios de LGBTs nas Américas, com 340 mortes por motivação homofóbica em 2016. Os grupos brasileiros estimam que 144 desses homicídios sejam de travestis e transexuais].

Alair Ribeiro/MidiaNews

Victório Galli

"Se um barbudo quer casar com outro barbudo, que isso vire lei se conseguirem os votos necessários"

Vá ao Zero Quilômetro [ponto de prostituição de Várzea Grande] e veja como é a briga entre eles lá. Agora, existem os gays éticos, que são os gays que ficam na deles. Cada um com seu namorado, mas entre quatro paredes. Você não os vê nas ruas se esbanjando como alguns sem-vergonhas.

MidiaNews – Então, prefere um gay que fique no “armário”, um não assumido?

Victório Galli – Não é armário, mas para se assumir gay, precisa ir à rua e crucificar uma lésbica? Isso acontece em todas as manifestações deles. Sempre há alguma aberração, seja de uma forma ou de outra. Seja vestindo roupa íntima de santo… O problema dos LGBTs é que querem privilégios. Por exemplo, se eu vou a um hotel com minha esposa e preciso de um quarto, mas me dizem que o hotel já está cheio, vou e procuro outro. Agora, se for um gay ativista nesta mesma situação, vai dizer que é homofobia. Na minha igreja, por exemplo, não permitimos casais se abraçarem no pátio da igreja. Sempre pedimos para não se beijarem no pátio da igreja e fica tudo bem. Se eu fizer isso com um gay, vou ser chamado de homofóbico. Eu não sou homofóbico, defendo direitos. Mas é preciso que o meu direito também seja respeitado.

MidiaNews – Mas o senhor não está tentando colocar uma doutrina que é sua em outras pessoas?

Victório Galli – Não é minha, é o cristianismo. No Brasil, 95% das pessoas são cristãs. Eu não sei quantos cristãos são gays. Hoje em dia, ser gay é privilégio.

MidiaNews – O que acha de uma lei contra a homofobia?

Victório Galli – Não precisa. Já tem lei que criminaliza maltratar uma pessoa. Não precisa de lei de homofobia. Agora, porque a pessoa é gay o crime é maior? É duplicado? É um ser humano igual aos outros.

MidiaNews – Mas são tratados como seres humanos iguais aos outros?

Victório Galli – Eu trato desta forma. Como ser humano, sim. Onde você já viu um pastor ou um padre bater em gay? Tem relato? Não existe. Procure direitinho nas fontes corretas e verá que quem está assassinando os homossexuais são eles mesmos. É entre eles mesmos, é briga, é ciúmes. Então, já existe no Código Penal lei suficiente que penaliza quem maltrata as pessoas.

MidiaNews – Se o senhor tivesse um filho homossexual, teria a mesma convicção?

Victório Galli – Eu tenho um casal. Mas nunca vou receber isso deles, porque foram doutrinados de que homem tem que ser homem. Eu ensinei meu filho a ser homem e minha filha a ser mulher. Mas na minha família tenho parentes que são gays. Primos e sobrinhos. Tenho uma relação tranquila, respeitosa. Me pedem benção e os abençoo. Mas isso é por influência. Ninguém nasce gay. A natureza é perfeita. Ninguém nasce homossexual. Nascem ou homem ou mulher.

MidiaNews – O senhor é autor do projeto que obriga a instalação de banheiros masculinos e femininos e bebedouros em casas lotéricas, e fez uma indicação ao Ministério do Esportes para que a revista France Football reconheça que o jogador Pelé foi o melhor do mundo, entre os anos de 1958 e 70. Acha mesmo necessário gastar tempo e recursos com isso? São projetos relevantes?

Victório Galli – Tudo que a gente valoriza no brasileiro é relevante. E isso aí não nasceu de mim, pediram para fazer. São centenas de pessoas que ligam para mim. Esse projeto dos banheiros, que também são nos bancos, é porque é um absurdo a pessoa ficar 50 minutos lá e não ter um banheiro. Os usuários das lotéricas é que me pediram isso. E isso não quer dizer que vai ser aprovado. Vai ser discutido, avaliado, vai ter audiência pública. Se concordarem, será aprovado, senão rejeitado. Já o Pelé é um orgulho para o Brasil e é preciso dar um reconhecimento a ele enquanto vivo, não depois que morrer.

MidiaNews – Então, acha que vale a pena gastar tempo e dinheiro nisso?

Victório Galli – Sem dúvida, porque é um reconhecimento ao nosso País.

MidiaNews – Esses projetos garantiriam, por exemplo, sua reeleição?

Alair Ribeiro/MidiaNews

Victório Galli

"Procure direitinho nas fontes corretas e verá que quem está assassinando os homossexuais são eles mesmos"

Victório Galli – Não faço projeto pensando nisso, mas para atender a demanda do meu eleitorado. Eles é que estão pedindo isso para mim. Os gays também estão lá perdendo tempo para discutir sexo. Para fazer cirurgia de transplante de órgão genital masculino e feminino. E olha que isso é caro. Uma cirurgia dessas passa de R$ 200 mil. E estão pedindo para ter prioridade. E há pessoas na fila do SUS esperando há três anos para fazer uma ressonância magnética. Agora, porque o ‘beleza’ é gay, vai fazer isso na frente. Isso é perder tempo e dinheiro.

MidiaNews – O deputado federal Eduardo Bolsonaro, de seu partido, elaborou um projeto que criminaliza o comunismo no Brasil. O que acha?

Victório Galli – Sou contra tudo aquilo que não dá certo. O comunismo nunca deu certo, até onde nasceu não deu certo. Por que vamos apoiar aqui? Ele [Bolsonaro] está certíssimo e estou junto.

MidiaNews – Mas, criminalizar ideias não seria algo autoritário demais?

Victório Galli – O comunismo não é algo só de se pensar. É genocida, além de invadir o direito privado. Se você tem algo, vai ter que me dar, pois não tenho. Se eu tenho dois carros, tenho que dar um para você que não tem nenhum. Eu não concordo com isso.

MidiaNews – O capitalismo também não tem suas aberrações?

Victório Galli – Não tem. Porque sempre foi assim, sempre tem que ter o grande e o pequeno. Veja no oceano: um lambari não engole uma baleia.

MidiaNews – Não falta uma melhor distribuição de renda?

Alair Ribeiro/MidiaNews

Victório Galli

"Eu defendo o livre direito de todos trabalharem, ter um emprego digno. Agora, distribuir renda sem o cara trabalhar não funciona"

Victório Galli – Isso é coisa da esquerda. Eu defendo o livre direito de todos trabalharem, ter um emprego digno. Agora, distribuir renda sem o cara trabalhar não funciona, isso não é princípio democrático [último levantamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com dados de 2015, mostra que o Brasil ocupa o 79º lugar entre 188 nações no ranking de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que leva em conta indicadores de educação, renda e saúde. Houve uma queda na classificação correspondente à diferença entre ricos e pobres. A desigualdade social é uma das consequências da má distribuição de renda].

Gestão Taques e eleição 2018

MidiaNews – Qual será a posição do PSC na eleição para governador em 2018?

Victório Galli – Nós estamos juntos com Pedro Taques, ganhamos a eleição juntos. Trabalhamos e torcemos pela governabilidade. Não sou do time do "quanto pior, melhor". Não vou torcer para que o governador Pedro Taques tenha um governo ruim, porque estarei torcendo pela desgraça de todos os mato-grossenses. Estou torcendo e orando para que Deus dê a Pedro Taques um ótimo governo. Mas ele não é perfeito e tem suas deficiências como todos os governadores que já passaram tiveram. E uma de suas deficiências é a Saúde, que está precária em nosso Estado.

MidiaNews – É falta de gestão?

Victório Galli – Não, é falta de dinheiro. O Governo do Estado não tem máquina de fazer dinheiro e a arrecadação está caindo. E mais, se não fosse o agronegócio aqui, Mato Grosso já estava no vermelho há muito mais tempo. Servidores públicos, inclusive, estariam com dois ou três salários atrasados, como no Rio de Janeiro.

Eu acho que ele precisa, agora, puxar o freio do asfalto, diminuir essa questão de infraestrutura e colocar mais dinheiro na Saúde. Acho que a Saúde é o gargalo do Governo Pedro Taques. Mas nem tudo que vemos no Governo é falta de gestão, seria se o dinheiro estivesse sobrando no caixa. Mas não tem dinheiro novo para gerir essa demanda.

MidiaNews – Ele chega em 2018 credenciado para uma reeleição?

Victório Galli – Sim, sem dúvida. Tem tudo para terminar o Governo bem e entrar em uma reeleição.

MidiaNews – O governador Pedro Taques vê seu Governo envolvido em um escândalo de escutas telefônicas ilegais, que já resultou em prisão de secretários. Esse episódio pode atrapalhar eventual plano de reeleição?

Victório Galli – Vai atrapalhar se de fato provar que foi ele quem pediu para fazer isso. Por enquanto, só há conversa para cá e para lá. Se ele autorizou isso, lamento. Vai ser muito ruim. Ele vem de formação jurídica, é um profundo conhecedor da matéria e sabe que isso é inconstitucional. Se cometeu isso, foi um grave erro.

MidiaNews – Mesmo que nada seja provado contra ele, o caso deve ser utilizado pelos adversários na próxima eleição. Isso pode influenciar o voto do eleitor?

Victório Galli – Na política, tudo pode acontecer e tudo se usa, mesmo que nada seja provado. E nesse sentido, pode prejudicar. Mas todo mundo tem o direito à ampla defesa. Eu vou torcer para que ele seja inocente. Como cristão, jamais posso torcer para alguém se dar mal em alguma situação.

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