José Domingos se diz vítima de armação de Silval e admite que chorou com gravação recebendo dinheiro

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Foto: Reprodução
CAMARA VG

Olhar Direto

Filmado pelo ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa (PMDB) contando dinheiro e colocando em uma caixa de papelão, o deputado estadual José Domingos Fraga (PSD) se disse “vítima de uma armação premeditada”. Esta foi a primeira vez que o deputado falou com a imprensa sobre o assunto e, com a voz ainda embargada, ele admitiu que chorou com as imagens que foram amplamente divulgadas em veículos de comunicação a nível nacional.

“Eu ando tão abatido que não sei nem o que falar. Eu chorei. Chorei porque eu tive a felicidade de ser prefeito por 12 anos, estou no meu terceiro mandato de deputado e durante toda a minha vida pública nunca tinha sido vítima de uma armação como essas. Foi uma armação, totalmente premeditada, quem sabe já pensando numa delação premiada, até para poder socializar os prejuízos causados ao Estado”, afirmou o deputado, que esteve na Assembleia Legislativa pela primeira vez nesta terça-feira (05), desde que o caso se tornou público.

Em sua defesa, Zé Domingos argumentou que o dinheiro recebido nas imagens entregues por Silval Barbosa seriam referentes a dívidas de campanha e, não a propina, conforme delatou o ex-governador em seu acordo de delação premiada.

Tão logo alguns trechos dos vídeos foram divulgados, o deputado chegou a emitir nota por meio de sua assessoria de imprensa, dizendo que não se reconhecia nas imagens. Posteriormente, com a veiculação completa das gravações – incluindo áudios em que Zé Domingos sugere esconder o dinheiro na meia -, o parlamentar se isolou.

“Isso realmente me machucou, me machucou muito, mas eu tenho que ter a hombridade de buscar realmente tomar conhecimento dessa questão para que eu possa me defender, só me resta isso”, disse nesta terça-feira.

Em seu acordo de colaboração premiada, homologado no dia 09 de agosto pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), Silval Barbosa afirmou que pagava um “mensalinho” aos deputados estaduais em troca de apoio a sua gestão.

“Eu nunca sentei com o ex-governador para discutir nada, qualquer tipo de ajuda a esta Casa. Até porque, nós tínhamos uma Mesa [Mesa Diretora] muito forte e eu me vi aí até como um parlamentar de baixo clero. Sempre que a Mesa discutia alguma coisa era diretamente com o Governo”, argumentou o deputado.

“Com relação a gravação, nós fomos convidados para uma reunião, até porque havia um entendimento de que ele deveria ajudar os deputados a resolver os problemas passados de campanha e futuros, em função da reeleição que ele estava cozinhando. Os recursos haviam sido negociados para campanha e eu tenho certeza que estão declarados na minha prestação de contas”, acrescentou Zé Domingos, que disse aguardar ter acesso do inteiro teor da delação para tomar as devidas providencias no âmbito da Justiça.

TCE

Nos últimos meses, no âmbito do Edifício Dante Martins de Oliveira, Zé Domingos tem sido o nome mais forte do Poder Legislativo para ocupar cadeira no Tribunal de Contas do Estado (TCE), na vaga aberta desde de 2014 com a renúncia do ex-conselheiro e ex-deputado Humberto Bosaipo.

Agora, o deputado afirmou que só irá tratar do assunto depois que tiver provado sua inocência. “Eu não consigo pensar em futuro antes de resolver essa questão. Eu não discuto mais TCE, até porque eu tenho essa questão que tem que ser resolvida, até para provar que não se trata de corrupção e que jamais eu pressionei quem quer que seja para me auto beneficiar”, finalizou. 

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