Filho de Silval diz que carros garantiam propina a deputados

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Foto: Reprodução
CAMARA VG

Midia News

O filho do ex-governador Silval Barbosa, Rodrigo Barbosa, afirmou ter repassado R$ 650 mil para os deputados estaduais Wagner Ramos (PSD), Silvano Amaral (PMDB) e José Domingos Fraga (PSD) votarem pela aprovação das contas de Governo de seu pai, referentes ao exercício 2014.

Porém, até conseguir o dinheiro, ele disse ter dado três carros de alto valor aos três como garantia.

A acusação consta na delação do médico firmada com a Procuradoria Geral da República (PGR) e homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 9 de agosto.

Segundo Rodrigo, próximo da votação das contas de Governo, no final de 2015, ele foi procurado por uma pessoa chamada "Góes" – que, mais tarde, descobriu ser Antonio Góes, ex-secretário-adjunto de Governo da Prefeitura de Sinop. Ele queria agendar uma reunião de Rodrigo com o deputado estadual Silvano Amaral.

No encontro, o parlamentar teria reclamado que Silval não o ajudou com a campanha de 2014 e que, agora, estava com as contas para aprovar.

O parlamentar pediu R$ 200 mil pelo seu voto na Comissão de Fiscalização e Acompanhamento da Execução Orçamentária, responsável por dar parecer às contas.

O filho de Silval disse que “iria pensar”. Mais tarde, pediu uma reunião com os demais deputados, em especial com Wagner Ramos, que era o relator das contas na comissão.

Marcus Mesquita/MidiaNews

Rodrigo Barbosa

O filho de Silval Barbosa, Rodrigo Barbosa

De acordo com Rodrigo, o encontro ocorreu no estacionamento da Padaria Moinho, em Cuiabá, ocasião em que Ramos pediu R$ 400 mil para dar parecer favorável. O médico propôs R$ 250 mil, mas o parlamentar não aceitou.

“(…) Que no dia seguinte, o deputado estadual Romoaldo Junior entrou em contato com ou com o tio do declarante, Antonio Barbosa, ou com o próprio declarante [Rodrigo] e disse que queria conversar sobre o voto do Wagner Ramos. Que nesse período o deputado Silvano Amaral estava fazendo pressão, dizendo que pediria vistas do processo, que não iria votar e que esse processo iria adiar, nitidamente para tumultuar, no intuito de receber a propina exigida”, disse.

Estacionamento da AL

No dia 16 de dezembro de 2015, dois dias antes da votação das contas, Rodrigo e seu tio Antonio Barbosa se encontraram com Romoaldo Junior (PMDB) no estacionamento da Assembleia Legislativga.

O peemedebista disse que estava “organizando tudo” para o voto de Wagner Ramos.

O parlamentar, então, pediu que Ramos fosse até o estacionamento da Assembleia.

“(…) Que Wagner Ramos entrou no carro do declarante e Romoaldo Junior falou para que as partes acertassem o valor e as datas. Que Wagner Ramos diz que já tinha três meses que o declarante e seu tio sabiam dessa situação e não resolveram nada. Romoaldo sugeriu ao declarante que levantasse dinheiro em algum lugar ou emitisse cheque, mas o declarante ponderou que somente efetuaria o pagamento depois do parecer favorável da comissão”, afirmou.

“(..) Que no dia 18/12/2015 as contas foram votadas pela comissão. Que Góes e Wagner Ramos diziam que Silvano Amaral e José Domingos Fraga estavam fechados na votação, devendo a quantia de R$ 250 mil ser destinada a Wagner Ramos (Relator), R$ 200 mil destinada a Silvano e R$ 200 mil destinada a José Domingos”, disse.

De acordo com o delator, a conversa no estacionamento da Assembleia foi gravada por meio de um aparelho celular de propriedade de seu tio, Antonio Barbosa.

 

Carro como garantia

Na comissão, as contas de Silval tiveram parecer favorável, por 3 a 2, tendo Wagner Ramos, Silvano Amaral e Baiano Filho votado favoráveis e Eduardo Botelho (PSB) e José Carlos do Pátio (SD) votado de forma desfavorável.

Zé Domingos deixou a comissão porque não queria se “indispor” com o atual Governo, que pedia o voto contrário.

No plenário, Silval recebeu 10 votos a favor e sete contra, tendo as contas de 2014 aprovadas.

Segundo Rodrigo Barbosa, o pagamento aos três deputados ocorreu em janeiro de 2016. Ele afirmou que seu tio foi a Matupá para fazer o levantamento de R$ 650 mil.

Inicialmente, foram repassados três automóveis como garantia de pagamento: uma L200 Triton (placas NPK 3644) uma Hilux SW4 (NTY 0015) e Audi Q3 (FSI 3815). Todos foram entregues a Antonio Góes em sua residência. Ele disse não saber como ocorreu a divisão entre os parlamentares.

Depois, dois dos três automóveis foram devolvidos e a diferença dos R$ 650 mil foi repassada em dinheiro.

“Que os deputados estaduais Wagner Ramos, Silvano Amaral e José Domingos Fraga permaneceram na posse dos automóveis, mas ao final devolveram os automóveis Hilux SW4 e Audi Q3, recebendo em seu lugar o equivalente em dinheiro. Que a diferença para completar a quantia de R$ 650.000 foi paga em dinheiro em espécie”, afirmou.

“Que Antonio Barbosa levantou a quantia provavelmente em Matupá e enviou ao declarante em espécie. Que o declarante não se recorda se recebeu o dinheiro em espécie de sua tia Tânia ou de seu primo Antonio da Cunha Barbosa Neto. Que o declarante foi até a residência de Góes e lá entregou toda a quantia em espécie”, completou.

 

Veja trecho da delação:

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