Os impactos causados pelo alcoolismo na sociedade e na família serão debatidos durante um seminário, em Cuiabá, no dia 19 de outubro, no auditória da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL). Promovido pelo Alcóolicos Anônimos (AA), o evento está em sua 16ª edição. Busca reunir profissionais de diferentes áreas para falar sobre a doença, que acomete homens e mulheres, de todas as idades, no mundo inteiro.
A relação álcool e violência doméstica será um dos assuntos abordados. De acordo com a promotora Lindinalva Correia Rodrigues, do Núcleo das Promotorias de Justiça Especializadas no Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Cuiabá, cerca de 30% dos casos atendidos envolvem pessoas que tem problemas com o álcool. “Há 10 anos constatado esta realidade nos nossos processos. Estas pessoas cometem os crimes porque tem estas ações potencializadas pelo uso de álcool e não conseguem deixar estes vícios. A maioria não conhece sequer como funciona o AA”.
Na opinião da promotora, o seminário é uma oportunidade de não só falar da doença, mas também de compartilhar as histórias de vida mudadas pelo Alcóolicos Anônimos. “Não podemos deixar de comparecer e prestigiar este que é um momento único, de conhecer pessoas que conseguiram se livrar deste vício há anos, e que mostram que, a cada dia, um dia de cada vez, conseguem se livrar deste vício, que é o álcool”.
Além dela, a juíza auxiliar da Corregedoria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Ana Cristina Silva Mendes, que por um longo período esteve a frente da Vara de Combate a Violência Doméstica da capital, também tem presença confirmada no evento. “É de suma importância estarmos juntos, o judiciário estar junto, participando no combate a este mal que atinge toda a sociedade, que é o alcoolismo, e que tem sido o fator preponderante ao aumento da violência e conflitos sociais. Sabemos que o debate de tão espinhoso assunto vai nos trazer norte e luz nesta questão de combate, tanto à equipe disciplinar quanto a outros operadores de direito”.
Ainda participará dos debates a delegada Jorzilete Magalhães Crivetto, da Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Mulher de Cuiabá. Porta de entrada das vítimas de violência doméstica e familiar, a unidade também recebe muitas vítimas do alcoolismo. “É importante que possamos discutir esta questão do alcoolismo que está presente na sociedade e que tem trazido grandes consequências na desestrutura familiar. Precisamos saber, falar e aprender mais sobre este assunto. Saber como podemos avançar e enfrentar esta questão e trazer perspectivas para estas pessoas que enfrentam este problema”.
Os impactos na saúde física e psíquica dos doentes também serão tratados no seminário, pelo médico Fernando Antônio dos Santos Silva, especialista em psiquiatria e medicina da família, e pela psicóloga Christina Guimarães.
Na programação também haverá depoimento de membros do Alcóolicos Anônimos, irmandade mundial de homens e mulheres que se ajudam mutuamente a permanecerem sóbrios.
A. chegou no grupo de AA há alguns anos e tem se mantido sóbrio desde então. Ele ainda lembra do dia em que chegou em uma sala da irmandade, após uma longa bebedeira e uma semana sem ter condições de trabalhar. Foi após ser aconselhado pela assistente social da empresa em que trabalhava que ele decidiu procurar um grupo de Alcoólicos Anônimos. “Eu senti que era minha última chance e me agarrei nela”.
Com o passar do tempo e a frequente participação nas reuniões, A. tornou-se consciente da sua impotência diante do álcool e tem evitado o primeiro gole. “Eu sei que não tomando o primeiro gole, não terei o segundo e nem o terceiro e assim por diante”.
Presente em 180 países, Alcóolicos Anônimos acredita que o alcoolismo é uma doença física, mental e espiritual, progressiva, incurável e de término fatal. Uma vez que a pessoa tenha perdido a possibilidade de controlar a bebida, nunca mais é possível beber controladamente, em outras palavras, ele nunca pode tornar-se um “antigo alcoólico” ou um “ex-alcoólico”. Mas, em A.A., ele pode tornar-se um alcoólico sóbrio, um alcoólico em recuperação.
Para que isso seja possível, o AA sugere que os membros participem de um grupo, que realiza reuniões regulares, nas quais os membros relatam entre si suas experiências, forças e esperanças em seu processo de recuperação. Existem reuniões abertas para qualquer pessoa interessada e reuniões fechadas somente para alcoólicos.
Em Cuiabá, existem grupos de AA em diversos bairros. Para saber qual o mais próximo de sua casa e o horário das reuniões, você pode ligar no Escritório de Serviços Locais, telefones (65) 3321-1020 e (65) 99699-9554. Não é preciso se identificar.
