Maioria da bancada de MT rejeita denúncia contra Michel Temer

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CAMARA VG

A Câmara dos Deputados barrou, na noite desta quarta-feira (25), a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB), pelos crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça.

O voto que garantiu a vitória de Temer saiu às 20h35 (horário de Brasília), com o "sim" do deputado Francisco Floriano (DEM-RJ). Ele foi o 158º a votar "sim", e se somou aos 14 ausentes para dar vitória ao Governo.

A maioria da bancada de Mato Grosso na Câmara votou a favor do relatório que rejeitava a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente.

Votaram a favor do arquivamento os deputados Carlos Bezerra (PMDB), Adilton Sachetti (sem partido), Ezequiel Fonseca (PP), Fábio Garcia (sem partido), Nilson Leitão (PSDB), Rogério Silva (PMDB) e Victório Galli (PSC).

Só o deputado Ságuas Moraes (PT) votou "não", ou seja, pelo prosseguimento da denúncia que poderia resultar no afastamento do presidente da República.

Na prática, os parlamentares mantiveram o posicionamento durante a votação, em agosto, da primeira denúncia contra Temer, feita pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

A base aliada precisava de 172 votos (entre "sim", ausências e abstenções) para impedir a admissibilidade da denúncia contra Temer.

 

Delação

O voto que garantiu a vitória a Temer saiu às 20h35, com o "sim" do deputado Francisco Floriano (DEM-RJ). Ele foi o 158º a votar "sim", e se somou aos 14 ausentes para dar vitória ao governo. 

Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) também são acusados pela PGR do crime de organização criminosa.

Com a decisão dos deputados, a denúncia assinada pelo ex-procurador-geral da República não seguirá à análise do Supremo Tribunal Federal (STF) e ficará suspensa até que Temer deixe o Palácio do Planalto, em janeiro de 2019.

Assim como a primeira denúncia contra Michel Temer, pelo crime de corrupção passiva, arquivada pela Câmara em agosto, a segunda acusação da PGR se baseou nas delações premiadas de executivos do Grupo J&F, que controla a JBS.

O conteúdo do explosivo acordo da empresa com o Ministério Público Federal veio a público em maio. 

A sessão de hoje, iniciada pouco depois das 9h, só atingiu o quórum mínimo de 342 deputados, necessário à abertura da votação, por volta das 17h.

Até aquela altura, deputados oposicionistas não haviam registrado presença no plenário, em uma estratégia para forçar o adiamento da decisão, o que prolongaria o desgaste do presidente. Atingido o número mínimo de parlamentares, os partidos orientaram as posições de suas bancadas e a votação foi iniciada.

 

O que diz a denúncia

A denúncia assinada pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot acusa Michel Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco de integrarem uma organização criminosa que teria recebido ao menos 587 milhões de reais em propina sobre contratos de empresas estatais e ministérios.

Também foram denunciados outros integrantes do chamado “PMDB da Câmara”, como os ex-ministros Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que estão presos. 

“Michel Temer dava a necessária estabilidade e segurança ao aparato criminoso, figurando ao mesmo tempo como cúpula e alicerce da organização. O núcleo empresarial agia nesse pressuposto, de que poderia contar com a discrição e, principalmente, a orientação de Michel Temer”, diz o texto. 

O presidente também é acusado de obstrução à Justiça, a partir de uma conversa gravada pelo empresário e delator Joesley Batista, sócio do Grupo J&F. No diálogo, que se deu em março, no subsolo do Palácio do Jaburu, Joesley informou a Michel Temer que estava “de bem” com Eduardo Cunha e o lobista Lúcio Bolonha Funaro. Como resposta, Temer o orientou a “manter isso aí”. 

Com base na gravação e na delação premiada do empresário, a PGR sustenta que o “estar de bem” significava que Joesley Batista estava fazendo pagamentos a Cunha e a Funaro para evitar suas delações premiadas, que incriminariam o presidente e seu grupo político, e que o peemedebista encorajou Joesley a manter os repasses.

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