Coloca aos 82 anos Dedé Santana estreia nos palcos o tragicômico ‘Palhaços’

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CAMARA VG

Não há modéstia que sirva a um artista que já nasceu fazendo arte. Mesmo assim, o ator e humorista Dedé Santana fala com simplicidade e entusiasmo de quem só está começando. O ex-Trapalhão retoma as origens circenses no espetáculo Palhaços que estreia nesta sexta-feira, dia 16, no Centro Cultural Banco do Brasil.

A tragicomédia dirigida por Alexandre Borges retrata o encontro do sapateiro Benvindo (Fioravante Almeida) que vai até o camarim do palhaço Careta. O texto escrito nos anos 1970 por Timochenco Wehbi, o dramaturgo brasileiro Timó, já teve as memoráveis interpretações de Dagoberto Feliz e Danilo Grangheia. “Não nos conhecíamos pessoalmente”, conta Almeida. “Mas resolvi convidá-lo para o papel do palhaço.” Já Santana diz que ao ler o texto ficou desesperado. “Tremi na base. Ao mesmo tempo, percebi como a história se misturava à minha e ganhei confiança.”

Não é a primeira empreitada do humorista nos palcos. Em A Última Vida de Um Gato, Santana vivia um aposentado que há muito desistira de socializar e ficava recolhido em seu apartamento, até o vizinho (Felipe Cunha) chegar e sacudir a vida do velho. “Agora, eu voltei ao circo. Faço números, pulo, subo nas coisas”, afirma.

Aos 81 anos, o filho do palhaço Picolino e da contorcionista Ondina e embaixador do Circo no Brasil conta que teve a auxílio da filha Yasmin durante os ensaios. “Precisei decorar todo o texto e ela me ajudou nessa parte. É uma grande atriz”, diz sobre a jovem com quem estrelou em 2015 o longa O Shaolin do Sertão.

O humorista também comemora a primeira temporada da versão que homenageia o quarteto Didi, Dedé, Mussum e Zacarias – com segunda temporada já gravada – mas alerta para os novos desafios de se fazer rir. “Quando comecei na televisão, ainda havia a chance de errar, experimentar. Hoje, com o politicamente correto, se o humorista não acertar, acabou.”

Para Borges, a dedicação de Santana nos ensaios foi recebida com o carinho da plateia na estreia em Brasília. “Ele dizia que tinha medo por seu público não ser de teatro”, conta. “É um texto exigente, que tem uma carga dramática e momentos cômicos, algo natural ao Dedé. Acredito que todo artista tem de se lançar assim, em busca do novo. O que vivemos já passou.”

Palhaços é a terceira direção de Borges, depois de Poema Bar e Muro de Arrimo, monólogo que conduz Almeida no papel de um pedreiro, que aposta metade de seu salário na final da Copa do Mundo de 1974, e poderá ser vista em abril numa mostra de monólogos também no CCBB.

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