A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) acusou o cineasta José Padilha de distorcer a realidade, agir de má fé e criar notícias falsas na série "O Mecanismo", produção da Netflix que estreou na sexta-feira, 23. Dilma publicou uma nota em seu site para se defender do que chamou de "propagação de mentiras de toda sorte" da trama, cujos escândalos da Operação Lava Jato são a principal fonte de inspiração.
"O cineasta não usa a liberdade artística para recriar um episódio da história nacional. Ele mente, distorce e falseia. Isso é mais do que desonestidade intelectual. É próprio de um pusilânime a serviço de uma versão que teme a verdade", acusa a ex-presidente em nota. Ela acrescenta que, ao produzir ficção sem avisar a opinião pública, a série tenta dissimular, inventa passagens da história e distorce fatos reais "ao seu bel prazer".
"O diretor inventa fatos. Não reproduz 'fake news'. Ele próprio tornou-se um criador de notícias falsas", afirma Dilma sobre Padilha, que também dirigiu Tropa de Elite, uma das maiores bilheterias do cinema nacional.
Entre as distorções cometidas na produção, Dilma diz que a série atribui ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a frase sobre "estancar a sangria", dita , na realidade, pelo senador Romero Jucá, hoje presidente do MDB, numa conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado em que o emedebista sugere um pacto para conter as investigações da Lava Jato.
A ex-presidente, diferentemente do que apresenta a série, nega ainda que fosse próxima do ex-diretor da Petrobras e delator da Lava Jato, Paulo Roberto da Costa, assim como afirma que o doleiro Alberto Youssef "jamais" participou de sua campanha de reeleição ou esteve na sede do comitê, como, segundo ela, mostra a série no primeiro capítulo.
"Sobre mim, o diretor de cinema usa as mesmas tintas de parte da imprensa brasileira para praticar assassinato de reputações, vertendo mentiras na série de TV, algumas que nem mesmo parte da grande mídia nacional teve coragem de insinuar", afirma Dilma.