As condenações contra o ex-deputado estadual José Geraldo Riva superam 89 anos de prisão. Os cálculos são feitos com base nas cinco condenações já sofridas pelo ex-parlamentar, que responde a mais de 100 processos por corrupção na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
A sentença mais recente foi proferida nesta quinta-feira (10) pelo juiz Marcos Faleiros, da Sétima Vara Criminal, pela "Operação Sodoma II".
Leia mais:
Silval desprezou valores morais e éticos ao agir contra a sociedade, afirma juiz em sentença
As dificuldades de José Riva com a Justiça começaram em 2014, quando o ex-deputado foi pego pela Polícia Federal na “Operação Ararath”. Passou três dias preso, em liberdade, tentou candidatar-se ao governo do Estado, mas teve registro cassado pela “Lei da Ficha Limpa”.
No ano seguinte, foi preso quando da deflagração das “Operações Ventríloquo e Metástase”. Passou apenas alguns meses atrás das grades, sendo acusado de desviar cerca de R$ 75 milhões dos cofres públicos, somando o valor do rombo dos esquemas dos quais é suspeito de liderar enquanto era deputado e compunha a mesa diretora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
Solto, sentiu o prazer da liberdade por apenas 104 dias, quando foi deflagrada a segunda fase da “Operação Metástase”, denominada “Célula Mãe”. Riva ficaria mais alguns meses preso. Neste caso, ele seria acusado de figurar como principal articulador do conchavo que teria lesado os cofres públicos em cerca de R$ 2,6 milhões, entre 2011 e 2014, desviando as extintas “verbas de suprimento de fundos”, destinadas, na época, para pequenos gastos mensais de cada gabinete, com valores entre R$ 4 mil e R$ 8 mil.
Em 2016, Riva freqüentou a sala de audiências da Sétima Vara Criminal de Cuiabá em variadas ocasiões, prestando depoimentos à Selma Rosane de Arruda, sua algoz. Por diversas vezes tentou acusá-la de perseguição e, consequentemente, incapacidade de julgar com imparcialidade. Sem sucesso.
A reviravolta na conduta do ex-deputado perante a justiça começou em 15 de fevereiro de 2016, na Sétima Vara Criminal, quando, em frente à juíza Selma Arruda, o réu chorou. “Estou extremamente arrependido". Em seguida, admitiu que fez parte do esquema criminoso revelado pela "Operação Ventríloquo", para desvios na Assembleia Legislativa. "Não tenho como dizer que não participei, porque participei".
Não funcionou. Selma Arruda caracterizou sua confissão como "tardia e irrelevante". "Não restituiu nenhum centavo aos cofres públicos" e nem "se propôs a fazê-lo".
Em novembro daquele ano, Riva sofreu sua terceira condenação, pela juíza da 1ª Zona Eleitoral de Cuiabá, Olinda de Quadros Altomare Castrillon, à cinco anos de reclusão pelo uso de documento falso e falsidade ideológica na prestação de contas das Eleições 2006.
Em março de 2017, Riva sofreu seu primeiro golpe duro: foi condenado a 21 anos e 08 meses de prisão, com 516 dias multa, por peculato e lavagem de dinheiro em um dos processos oriundos da "Operação Arca de Noé.
Dois meses depois, pela mesma ação penal, foi condenado a 22 anos e quatro meses por desvio de recursos da AL, mediante factoring pertencente ao ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro.
Em março de 2018, Selma Arruda tornou à condená-lo, desta vez a 26 anos, sete meses e 20 dias de prisão por peculato e associação criminosa na ação penal da “Operação Imperador”.
Finalmente, nesta quinta-feira, 10 de maio de 2018, Riva sofre sua quinta condenação: 13 anos e 04 meses de reclusão, e 01 ano e 04 meses de detenção em regime fechado.
José Riva "exercia forte influência dentro do Poder Legislativo, e nem mesmo os membros da organização criminosa (da Sodoma) queriam confrontá-lo, de modo que não havia limite para suas investidas, revelando o alto desprezo pelos padrões morais e éticos exigidos para um Deputado Estadual”, avalia o juiz Marcos Faleiros.
Sobre o ex-parlamentar, Faleiros avalia. "A culpabilidade do agente é altíssima, pois, como registrado, o acusado exigiu a transferência da propina exigida da Consignum, exercendo forte pressão sobre o líder para atingir sua finalidade, alegando que precisava recursos, pois se lançaria candidato à Governador do Estado".
As perspectivas de José Geraldo Riva são bastante negativas. Ele responde mais de 100 processos cíveis e criminais por corrupção. Sendo cálculos feitos pelo site O Globo, o cálculo do suposto desvio da AL por ele cometido supra os R$ 65 milhões.
Somente pela "Operação Arca de Noé", Riva responde a 80 processos. Como a pena máxima para as acusações contra ele (naquelas açõs) são de 12 anos, o ex-parlamentar pode pegar até 960 anos de reclusão, um caso raro à nível nacional.
Fonte: Olhar Direto