Internados, pacientes têm fé na recuperação: “Vamos sair daqui”

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CAMARA VG

As idas ininterruptas ao hospital, o tratamento longo e agressivo, – fatores que normalmente são associados a pacientes com câncer – não são suficientes para diminuir a esperança de quem luta contra a doença.

Nesta semana, a reportagem do MidiaNews conheceu a rotina de algumas pessoas que travam uma batalha diária contra uma doença tão forte e temida sem nunca perder a fé ou deixar o sorriso sumir do rosto. 

Internada no Hospital de Câncer de Cuiabá, a várzea-grandense Nilza Rodrigues Fróes contou que precisou "vestir sua armadura" pela segunda vez em dez anos para lutar contra a doença, descoberta recentemente.

"Mas tenho fé de que vou levantar daqui rápido. Se Deus quiser, e ele quer", afirmou.

Atualmente com 57 anos, ela relatou ter descoberto o primeiro câncer – no colo do útero – durante um exame ginecológico de rotina. Ela relembrou a dificuldade para aceitar a notícia, até mesmo porque buscava o resultado do exame sozinha, em um posto de saúde, e afirmou que demorou para reagir.

“Quando eu recebi a notícia, uma amiga que trabalha no posto de saúde ligou para o meu marido, que foi lá [ficar comigo]. Naquela hora, parecia que um buraco se abriu e eu caí dentro. Levei um baque, mas consegui reagir”, contou.

Segundo ela, naquela ocasião, o diagnóstico era de que o câncer era invasivo e de que precisaria ser internada rapidamente. Porém, após o tratamento com quimioterapia, veio o alívio: o tumor havia desaparecido.
“Quando o médico fez minha primeira avaliação disse que tinha acontecido um milagre, porque não havia mais nada da doença. Eu falei pra ele que já sabia, porque eu tenho o médico dos médicos, e foi nele que eu confiei”, disse Nilza. 

O retorno do câncer – também no útero – foi diferente dessa vez. Ela suspeitou que a doença havia retornado ao sentir muitas dores. O diagnóstico, porém, demorou a sair.

“Eu comecei a passar mal em dezembro, fiz exames de rotina de seis em seis meses, mas os médicos não descobriam o que eu tinha. Quando a médica descobriu uma massa dentro do meu útero, tudo já havia atrofiado”, relatou.

Nilza passou por uma cirurgia exploratória, ocasião em que os médicos descobriram que a situação era delicada e, por isso, retiraram apenas um pedaço do tumor, necessário para a biópsia. "Foi assim que descobriram que era [um tumor] maligno", disse. 

Hospital de Câncer pacientes 07-08-2018

A notícia, porém, não desanimou a paciente. Ela afirmou que, apesar de se encontrar acamada e sentir muitas dores, não perdeu a fé de que irá sair do hospital e retomar as atividades que tanto gosta – trabalhar e viajar. 

"Tive que parar com tudo e agora minha vida é da casa para o hospital. Mas eu vou melhorar e vou sair dessa de novo”, afirmou.

Cura pelo amor

No mesmo corredor onde fica o quarto da dona Nilza, também encontra-se o professor de Educação Física Sérgio Luis Miliati, de 50 anos.

Morador da cidade de Dom Aquino e acostumado a praticar exercícios físicos por décadas, ele disse que não se conforma à nova rotina de ficar deitado em uma cama, impedido até mesmo de conversar direito.

Internado desde o dia 27 de junho no hospital, ele revelou à reportagem que descobriu que estava com um tumor entre o pâncreas e o fígado há apenas 20 dias e que, por conta disso, já perdeu mais de 12 quilos.

“Comecei a ter prisão de ventre e, após dois dias, emagreci seis quilos. O médico diagnosticou que eu estava com gastrite leve. Ficamos 20 dias tratando disso e nada de melhorar”, disse.

Devido a não melhora do professor, que até entao já havia perdido 12 quilos e não se alimentava mais, sua esposa, Elaine Miliati, resolveu procurar outra unidade hospitalar, dessa vez em Jaciara, cidade vizinha.

“Lá eles pediram uma tomografia e deu essa infecção entre o fígado e o pâncreas. Ele foi internado lá e, no outro dia, fomos transferidos para cá”, contou.

O caso de Sérgio é mais delicado e ele ainda precisa apresentar melhora em seu estado de saúde para poder fazer uma biopsia, que dirá se o câncer que está em seu corpo é benigno ou maligno.

O maior desejo de Sérgio, segundo o próprio, é de pelo menos voltar a dar aulas nas escolas estaduais e municipais.

“Temos que ser otimista e pensar que vai dar tudo certo, então é isso que eu penso. Eu quero voltar a dar minhas aulas”, afirmou ele.

 

Hospital de Câncer pacientes 07-08-2018

Com um largo sorriso no rosto, Elaine afirma crer na cura do marido e tem esperança de que eles voltarão a dormir juntos sob o teto da casa deles em Dom Aquino.

“São 20 anos de casados e a noite em que ele passou no Hospital Municipal de Jaciara foi a única que dormi longe dele. A gente não desgruda, somos unha e carne. Aqui é uma história de amor, e é o nosso amor que vai curá-lo. Ele vai sair daqui”, disse, beijando-o nos lábios, em seguida.

Fé no futuro

Outro exemplo de esperança na cura pelo amor pode ser encontrada alguns quartos à frente no corredor, onde encontra-se internada a jovem Aline da Silva Martini Costa, de 22 anos.

Moradora de um distrito de Peixoto de Azevedo e casada há apenas um ano, ela descobriu que tem leucemia (câncer no sangue) há cerca de três meses.

Acompanhada de seu marido, Matheus Emanuel Nunes, de 18 anos, ela revelou que confia que a descoberta da doença serviu para unir mais os dois e que acredita em retornar à vida normal em breve. 

“Foi Deus quem colocou ele na minha vida", disse, ao referir-se ao companheiro.

Aline descobriu a doença após ficar com a aparência amarelada e se sentir muito cansada para fazer coisas simples. Ela trabalhava como vendedora e as complicações de saúde dificultaram a continuidade no serviço.

Até receber o resultado dos exames, a jovem disse que não tinha noção da gravidade da doença e que, mesmo após estar com o diagnóstico em mãos, voltou ao trabalho para cumprir a carga horária.

“Depois que sai do laboratório, o rapaz de lá foi até o trabalho do meu marido, buscou ele e foi até o meu trabalho para me buscar, porque ele viu que eu estava bem mal. De lá, nós fomos ao postinho de saúde. Eu lembro que fiquei bem assustada quando vi os dois”, relembrou.

Após a confirmação da doença, os dois vieram para a Capital, onde Aline começou as sessões de quimioterapia. Ela lamentou que as sessões não têm surtido o efeito esperado e contou que precisará passar por um transplante de medula.

“Graças a Deus estou me sentindo bem melhor agora, mas no primeiro mês foi bem sofrido. Agora, os meus irmãos vão fazer os exames para saber se são compatíveis comigo para fazer o transplante", contou.

Com esperança no futuro, ela espera resultados positivos e sonha em ter filhos.

"Estou confiante de que esse transplante vai dar certo e, lá na frente, vou conseguir realizar meu sonho de ter filhos”, afirmou.

 

Fonte: Mídia News

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