“Votê, o que que é esse?”. Com um sotaque “por demais” de acentuado, o servidor público Felipe Carmona, 27 anos, ficou famoso no início deste ano com os áudios engraçados divulgados pelos próprios amigos em grupos no WhatsApp. Os áudios viralizaram e ultrapassaram as fronteiras de Cuiabá e Várzea Grande.
Politicamente incorreto, Felipe, conhecido como "Moita", não deixa passar nenhum comentário feito de maneira espontânea a fatos do cotidiano vividos ou relatados a ele.
O áudio responsável pelo sucesso é o “Oh Sapo, ocê não durme?”, direcionado a um amigo com quem conversava até altas horas da madrugada.
No dia, "Moita" conta que estava conversando com o amigo “Sapo” por Whatsapp e este não o deixava dormir. Foi então que ele mandou o áudio.
“Ele enche demais o meu saco. Ele mandou meu áudio para o grupo de Whatsapp dele chamado ‘De boa, na lagoa’, que possui mais de 250 participantes. O pessoal gostou do áudio, ele me incluiu no grupo, e foi espalhando, espalhando…”, diz "Moita", que possui mais de 100 áudios circulando em grupos de conversa instantânea.
Felipe conta que depois foi inserido em dezenas de outros grupos. “Tem um outro grupo nosso, de um povo de Cuiabá, que eu fiz o áudio do ‘Titico’, um amigo cuiabano, que também viralizou".
Com a fama, propostas para se tornar ator de humor, fazer stand-up e até participar da campanha política em 2018 não faltaram. Todas recusadas.
“Tem gente que faz isso com intuito de ser famoso. Inclusive já fui chamado para ser humorista, mas nunca fiz nada. Não tenho interesse nenhum. O normal meu é a graça do povo. Esse ano, me chamaram até para fazer locução na política, mas eu recusei”, conta Moita, que trabalha na Prefeitura de Várzea Grande há três anos.
"Moita" é engraçado até no apelido, dado pelo amigo do pai quando ele tinha 9 anos devido ao cabelo com topete – que usa até hoje. Na escola, era referencia de bom humor. “Por toda vida. Quando criança, eu jogava futebol em escolinha e até na base do Operário. Nós íamos para alojamento, e a graça era eu”, lembra.
Áudios famosos
Em um dos áudios mais famosos, direcionado ao amigo “Titico”, "Moita" comenta, sem papas na língua, a história da mulher com nanismo que o procurou para pedir ajuda para atendimento médico.
“Ela veio me procurar para pedir auxilio médico para ela ter o bebê dela. E eu contei no grupo, e eles não acreditaram em mim. Acabou que ela conseguiu, mas perdeu o bebê logo depois. Ela queria muito o bebê, ficou muito triste, tadinha”, diz.
Solteiro, o servidor também relata coisas vividas na sua vida íntima. Em um deles, uma garota com quem estava saindo o convidou para ir a uma boate de música eletrônica, mas antes, gostaria de passar em um restaurante japonês de alto padrão.
Para ele os áudios que mais fazem sucesso, são os politicamente incorretos. “O povo gosta da besteira, gosta do que não presta”, conta rindo.
Preconceito linguístico
Felipe Carmona carrega um sotaque acentuado herdado das raízes várzea-grandense. Ele conta que não tem vergonha do jeito em que fala, e carrega até orgulho. “Eu tenho sotaque, mas no áudio eu forço mais”, reconhece.
O humor de Felipe está muito atrelado ao seu sotaque. No entanto, em uma da uma ocasião ele revela que sofreu preconceito linguístico de uma mulher.
“Uma vez uma mulher paulista veio falar para mim do meu sotaque, que eu falo feio, e tudo. E eu perguntei para ela: E ocê é d’aonde, dona? Pois é, e eu sou cuiabano, e tô em Cuiabá, e o errado é ocê de ta aqui falando mal de cuiabano”, conta.
Fonte: Mídia News
