O presidente da Santa Casa, Dr. Carlos Coutinho, disse em entrevista ao Olhar Diretoque o pedido de renúncia de toda a diretoria do hospital partiu do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), que na manhã desta quinta-feira (11) afirmou ter sido o Ministério Público Estadual (MPE) o autor da requisição. Além disto, garantiu que sua preocupação prioritária é o pagamento de salários dos funcionários. “Se entregar o cargo resolvesse, eu seria o primeiro a fazê-lo”.
“Me chamaram na prefeitura. Ele [prefeito] me pediu para que eu renunciasse. Eu disse que o cargo não é meu, é da sociedade mantenedora. Se eu sair, vem outro. São 80 sócios. Vamos fazer uma assembleia e são eles quem decidem. Ele pede para que eu me demita e sabe que fica mais fácil para ele entrar. A sociedade do filantrópico é absoluta”, comentou o presidente.
Ainda conforme o médico, a intenção do Ministério Público é ajudar a resolver o problema. Além disto, pontuou que a intervenção não seria benéfica. “É só ver como está o Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá. Tem gente que ficou seis meses sem receber lá. Várias especialidades estão atrasadas. No São Benedito a situação não é boa também. É só ver o que aconteceu em Campo Grande, que depois dos políticos ficou ainda pior”.
“O prefeito disse que não vai liberar o dinheiro, quer que saia todo mundo. Ele quer assumir a direção do hospital. Mas isso não depende de mim. Se eu entregar o cargo resolvesse o problema, eu seria o primeiro a fazê-lo. Minha preocupação é com os funcionários, que recebem pouco e estão com vários meses atrasado”, finalizou.
Palavra do prefeito
O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) revelou, na manhã desta quinta-feira (11), que o Ministério Público Estadual (MPE) não quer firmar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a atual diretoria da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, que está fechada há exatamente um mês. Por conta disto, foi sugerida uma renúncia coletiva dos médicos que estão no atual comando do hospital, o que não foi acatado por eles. Submersa em dívidas, a unidade de saúde tem R$ 7 milhões prontos para entrar em caixa, mas os recursos estão travados por conta do impasse.
Emanuel pontuou que todos estão fazendo um grande esforço para tentar amenizar a situação. “Precisamos de um mecanismo legal. Não posso repassar agora o dinheiro porque a Santa Casa deve para a prefeitura. O Ministério Público desaconselhou, na frente de todo mundo, dizendo que eu poderia responder por improbidade se o fizesse. Da mesma forma aconteceu com o [presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Eduardo] Botelho. Está muito difícil, devido a complicada situação financeira”.
Até agora, foram feitos dois TACs do Ministério Público com a Santa Casa, que segundo o prefeito, não foram cumpridos. Emanuel revelou que o órgão ministerial exigiu a mudança da atual diretoria, com uma renúncia coletiva, o que não teria sido aceito pelos médicos que compõe o atual staff.
“Fizeram dois TACs com a Santa Casa e eles não cumpriram. O Ministério Público não vai querer isto novamente. Querem que mude toda a atual diretoria. Entendemos que são médicos, pessoas de bem, mas existe um problema que afetou toda a diretoria. Isto ficou claro na posição do MP”, disse Emanuel.
Portas fechadas
A direção da Santa Casa paralisou os atendimentos no dia 11 de março. A Prefeitura de Cuiabá pontuou que foram repassados R$ 24,8 milhões para a instituição, mas os serviços hospitalares que deveriam ser oferecidos aos cidadãos não foram executados.
Em relação aos R$ 3,6 milhões que o Poder Executivo se comprometeu em ajudar a unidade como forma de adiantamento em troca de serviços, o recurso não foi repassado por conta de notificação da Controladoria Geral do Estado recomendando que não fosse feito nenhum repasse em função de uma investigação da Delegacia Fazendária.
A Assembleia Legislativa irá disponibilizar a quantia de R$ 3,5 milhões de sobra de caixa para pagar parte dos salários dos funcionários da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá. A informação foi confirmada pelo presidente do Legislativo Estadual, Eduardo Botelho (DEM), que garantiu que este será o primeiro passo para a reabertura do hospital filantrópico.
Desde o fechamento da unidade hospitalar, os pacientes oncológicos e nefrológicos foram transferidos para o Hospital de Câncer e Hospital Geral da União (HGU). Entretanto, não foi liberado prontuário para que eles fossem regulados para os outros hospitais, e os pacientes continuam sendo tratados na unidade.