Presos são espancados em ‘salve’ na PCE e mostram costas repletas de cortes;

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Foto: Reprodução
CAMARA VG

Fonte: olhar Direto

Imagens que mostram dois presos da Penitenciária Central do Estado (PCE) bastante machucados começaram a circular nesta terça-feira (17) pelas redes sociais. É possível ver que ambos foram espancados em uma espécie de salve [série de agressões] aplicado dentro da unidade prisional. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (Sesp), o episódio aconteceu no início da ‘Operação Agente Douglas’, deflagrada em 12 de agosto, com o objetivo de reestabelecer a ordem e realizar uma reforma no local.
 
A direção da penitenciária esclareceu, em nota, que as imagens se tratam de agressões sofridas por dois presos da unidade por parte de outros presos, no período inicial da operação deflagrada na unidade prisional, no dia 13 de agosto.


 
Além disto, informa que os presos agredidos receberam atendimento na enfermaria da penitenciária e foram removidos das celas onde estavam para outra na unidade prisional.
 
Um vídeo ao qual o Olhar Direto teve acesso mostra dois dos presos espancados acusando outros detentos, identificados como ‘Borracha’ e ‘Baiano’, de terem sido os autores do ‘salve’ dentro da cela. Eles teriam tido algum tipo de problema com a facção que comanda o local.

 

Cabos de energia teriam sido utilizados para espancar os dois detentos dentro da cela. Os presos ainda teriam tentado colocar a culpa no Grupo de Intervenção Rápida (GIR).

Situação difícil

O defensor público-geral Clodoaldo Queiroz afirmou que a Penitenciária Central do Estado (PCE), que passa por uma intervenção para uma limpeza e reforma, nunca vivenciará uma situação tranquila enquanto houver superlotação. Ele cobrou a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) para que a questão da ventilação para os presos seja sanada de forma urgente. Isso porque, a partir de agora, os equipamentos foram colocados do lado de fora das celas: “A situação dos reeducandos é difícil”.

O defensor ainda acrescenta que a superlotação da unidade a mantém como uma espécie de panela de pressão sempre. “Nunca esteve e nem estará tranquilo dentro de uma unidade prisional que cabe 900 presos e tem 2.500. Ainda que se coloque ar condicionado lá dentro. A superlotação gera todos os outros problemas".

Outro que citou a questão do calor foi o juiz da Vara de Execuções Penais de Mato Grosso, Geraldo Fidélis. “Estou em Mato Grosso desde 1982, não lembro de um setembro mais quente que este. Estas semanas foram horríveis, os nossos aparelhos de ar condicionado não estão funcionando, imagina dentro de uma cela com aquele tanto de gente. É algo sensível, eles estão irritados, mas nada acima do limite. Queremos manter as pessoas de maneira mais digna. São 2.500 pessoas. Temos que aumentar no mínimo mais mil vagas”.

Apreensão

A intervenção realizada na Penitenciária Central do Estado (PCE), que teve início no dia 12 de agosto deste ano, com o objetivo de fazer uma limpa e reformar a unidade, teve balanço divulgado nesta segunda-feira (16) pela Secretaria de Segurança Pública (Sesp). No total, foram 171 celulares encontrados, 500 chips e até uma churrasqueira. O gestor da pasta, Alexandre Bustamante, destacou a redução no número de crimes neste período em que o acesso dos detentos ao mundo externo foi dificultado.

Entre os materiais apreendidos estão 171 celulares (de diversas marcas e modelos), mais de 500 chips de telefonia, 12 baterias de celular, drogas, facas artesanais (chuchos), churrasqueira, sanduicheira, entre outros.

Também foram apreendidos 352 cadernos do crime organizado, com detalhes da contabilidade das facções e seu relacionamento com o exterior da unidade. Parte deste material já está sendo analisado pela Polícia Civil e o setor de inteligência do sistema prisional.

A operação foi prorrogada por mais 30 dias, como já havia antecipado o Olhar Direto. Isso porque ajustes ainda precisam ser feitos, assim como uma estruturação. O secretário deixou claro também que os reeducandos que danificarem o ambiente serão punidos com a perda de benefícios.

Operação
 
A operação foi batizada de “Agente Douglas” em homenagem ao agente penitenciário executado por membros do Comando Vermelho, na cidade de Lucas do Rio Verde, com vário tiros de pistola 0,9 mm, quando chegava em sua residência.
 
A operação de reforma na Penitenciária Central do Estado foi iniciada no dia 12 de agosto. Estão sendo realizadas mudanças nas celas, pinturas e retirada de produtos que estão em desconformidade com o Manual de Procedimento Operacional Padrão do Sistema Penitenciário.

Além da reforma, a operação de revista geral tem o objetivo de fortalecer as ações de enfrentamento a crimes que possam ser cometidos dentro da unidade penal, além de se antecipar a possíveis atos delituosos.
 
A operação é realizada apenas na Penitenciária Central do Estado, não sendo estendida a nenhuma outra unidade no interior ou mesmo na Capital.

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