As três audiências estavam agendadas para os próximos dias 9, 11 e 13 de dezembro. No entanto, em um despacho publicado nesta quarta-feira (27), o juiz Marcos Faleiros cancelou as três, pois foi convocado pelo presidente do Tribunal de Justiça para participar das atividades referentes à Inspeção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O magistrado redesignou as sessões de instrução nas quais ocorrerá a inquirição das testemunhas de defesa e interrogatórios dos réus para os dias 26, 27 e 28 de maio de 2020, mesmo mês em que Scheifer morreu em 2017.
No dia 26 serão interrogadas as testemunhas MAJ PM Saulo Pellegrini Monteiro, CAP Sávio Pellegrini, MAJ PM Lucelio Ferreira Martins Faria Franca, TEN. CEL PM Januario Antonio Edwirges Batista e 3º SGT PM Saulo Ramos Rodrigues.
Já no dia 27 serão ouvidas as testemunhas 1º SGT PM Leonildo Morbeques, 2º SGT PM Izaias Ferreira Lobo, MAJ PM Orlando Vinicius de Souza Coutinho, 3º SGT PM Lucio Eli Morais, 1º SGT PM Domingo Sebastião Viana dos Santos, CB PM Diogo Muzzi Busato, 1º SGT PM Paulo Damacena Meira, SGT PM Leandro Zuqueti.
No terceiro dia, 28 de maio, além dos três réus cabo Lucélio Gomes Jacinto, sargento Joailton Lopes de Amorim e cabo Werney Cavalcante Jovino, também devem ser ouvidas as testemunhas Wellington Bessa A. da Silva e Fernando de Souza Neves.
Os relatos
As cinco testemunhas de acusação ouvidas no último mês de abril relataram o cenário em que se deu a morte de Scheifer. A equipe do Bope, integrada pelos militares Lucélio Gomes Jacinto, Joailton Lopes de Amorim, Werney Cavalcante Jovino e chefiada por Carlos Henrique Scheifer, teria ido ao distrito de União do Norte, próximo a Peixoto do Azevedo (695 km de Cuiabá), em maio de 2017, para atuar em uma operação contra uma quadrilha de roubos a banco, na modalidade novo cangaço.
De acordo com os relatos, a equipe de Scheifer foi de aeronave até a localidade e pouco depois que chegou teria recebido informações, de um suspeito que foi abordado em um posto de gasolina, sobre o local onde estariam alguns dos membros da quadrilha.
A equipe de Scheifer teria ido até esta residência informada e lá teriam realizado a abordagem que resultou na morte de Marconi Souza Santos, isso por volta do meio-dia. Jacinto teria sido o autor do disparo que matou Marconi, justificando que o suspeito estaria armado.
Segundo o tenente Herbe Rodrigues da Silva, que testemunhou, uma arma foi encontrada do lado de dentro da casa, nos fundos, enquanto o corpo de Marconi teria sido encontrado do outro lado do muro, fora da propriedade. Herbe disse que ele próprio entregou a arma a Scheifer.
Outras equipes da Polícia Militar, de regiões próximas, foram acionadas para dar apoio a esta operação. O soldado Vizentin, que auxiliava no recolhimento dos materiais abordados, disse à Justiça que teria visto o cabo Jacinto andando de um lado para o outro, nervoso, e dizendo “este tenente é muito legalista”, se referindo a Scheifer.
Os policiais localizaram um veículo, que seria dos suspeitos, que foi abandonado em uma região de mata. Já no período da tarde, a equipe do tenente-coronel Jonas Puziol foi juntamente com a equipe de Scheifer até o local onde estava o veículo, e lá Scheifer teria pedido a ele que fosse embora do local e levasse a viatura do Bope, na tentativa de simular para os bandidos que a polícia teria deixado o local.
Momentos mais tarde os policiais da região começaram a receber por rádio a informação de que um policiai estava ferido, e pediam informações sobre o hospital mais próximo. De acordo com as testemunhas, Scheifer teria chegado ainda com vida ao hospital, em Matupá, mas logo veio a óbito.