Fonte: Olhar Direto
Um advogado criminalista da cidade de Pontes e Lacerda (445km de Cuiabá) foi agredido com um soco no peito por um policial da Força Tática na última sexta-feira (26). O vídeo foi divulgado nas redes sociais, e a Polícia Militar e a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB-MT) se manifestaram. Felipe C. Almeida, advogado criminalista, acompanhava uma abordagem na casa de um cliente que, segundo ele, havia sido preso por direção perigosa e dirigir com CNH vencida.
Segundo publicação nas redes sociais, Felipe afirma que, além do soco, sofreu agressões verbais, e que os policiais disseram frases como: “todo advogado criminalista é bandido”, “eu não gosto de advogado, “você é bandido igual a esse outro”, se referindo ao detido. Ele ainda divulgou o nome do policial, Alexandre Aparecido de Assis e afirmou que fez um boletim de ocorrência, exame de corpo de delito, e denúncia no tribunal de defesa das prerrogativas.
Após a divulgação do vídeo, a OAB-MT, por meio do Tribunal de Defesa de Prerrogativas, afirmou que “designou representante em Pontes e Lacerda, para prestar as primeiras providências em seu apoio e orientação”.
A Ordem ainda classificou os atos como “inconcebíveis em desfavor de todos os cidadãos e muito mais àqueles que estão no exercício de suas atividades profissionais, como no caso do advogado ofendido, representando violação gravíssima às prerrogativas profissionais e configurando, além de violência real, ato tipificado como abuso de autoridade”, e afirmou que irá apurar o caso, além de cobrar a punição dos envolvidos, inclusive com afastamento dos policiais.
Outro lado
A Corregedoria da PM se manifestou por meio de nota, e também afirmou que irá apurar o caso:
A Corregedoria da Polícia Militar informa que recebeu nesta segunda-feira (29.06) o vídeo relacionada à ocorrência envolvendo um advogado, situação registrada em Pontes e Lacerda, e que está analisando as imagens, solicitando cópias do Boletim de Ocorrência(BO), se houver, e outras documentações afetas aos fatos fins subsidiar o procedimento investigatório juntamente como material disponível até o momento.
Já o tenente-coronel Sandro Barbosa, comandante da Polícia Militar na região de Pontes e Lacerda, afirmou por meio de um áudio que a imagem foi tirada de contexto, e que o advogado havia aberto o portão para acobertar seu irmão, que é já foi preso por tráfico de drogas na região.
O tenente explicou que tinha informações de que o veículo estaria transportando entorpecentes na região do córrego da onça. “Foi dado mandado de parada, ele fugiu e entrou pela cidade adentro, rampando quebra molas, fazendo manobras perigosas, com o telefone no ouvido, tentando localizar alguém que pudesse abrir o portão da casa pra ele poder fugir da Polícia”.
Sandro ainda explicou que a cena aconteceu após uma “fuga alucinada”, e que “tudo isso tem que ser levado em consideração”. “Por trás daquele empurrão tem toda uma cena de um crime que poderia ter sido evitada, se o irmão, a pessoa que foi empurrada, tivesse orientado a pessoa a parar e atender a PM fora da casa dele. Quem é a pessoa de bem que recebe uma ligação, falando que a Polícia está atrás dele e abre a porta?”, questiona.
O coronel ainda afirmou que o irmão do advogado já foi preso por tráfico de entorpecentes junto com um dos maiores traficantes de Pontes e Lacerda, inclusive pela Polícia Federal, e que o pai deles tem um mandado, também por tráfico de drogas, em aberto.
Sobre o policial que aparece nas imagens, o tenente afirma que ele não será afastado. “Por ele ter dado o empurrão está sendo vítima de pré-julgamento, e ele vai continuar fazendo o trabalho dele normalmente, porque aquele empurrão não é o suficiente para afastar o policial”.
