Comércio de Chapada apresenta queda de 60% na arrecadação durante bloqueios na MT-251

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Foto: Reprodução
CAMARA VG

A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Chapada dos Guimarães divulgou um relatório sobre o impacto no comércio municipal após as medidas impostas pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) para intervenções na rodovia MT-251, principal via de acesso entre Cuiabá e o município. Conforme o estudo, todos os setores econômicos estão afetados pela restrição ao trecho do Portão do Inferno, ocasionando demissões neste início de ano.

Chapada é um munícipio turístico, e não está imune aos desafios inerentes à sazonalidade, um fenômeno que exerce impactos significativos no desenvolvimento econômico local. Os meses com grande fluxo de visitantes são durante o Natal até o Carnaval e nas férias escolares de julho.

“Empresas do setor, como hospedagens, restaurantes e guias turísticos, muitas vezes enfrentam variações significativas nas receitas ao longo do ano. A sazonalidade extrema pode levar a uma concentração de esforços e investimentos durante os períodos de pico, enquanto os meses mais calmos podem resultar em dificuldades financeiras para os negócios locais. Todos os setores econômicos do município estão diretos ou indiretamente impactados pelo turismo”, diz trecho do relatório.

A CDL promoveu uma pesquisa qualitativa com o comércio na última quarta-feira (17), constatando uma queda média de 60% nas vendas em relação ao mesmo período de 2023, com picos de 90% nos pontos turísticos em dias de fechamento total da MT-251.

Além disso, ocorre a dispensa imediata de funcionários com contratos temporários para o período de férias, sendo mais drásticas nos restaurantes turísticos como Morro dos Ventos, com dez trabalhadores dispensados e três encaminhados para férias. Na Pousada Penhasco, dois mensalistas e dez temporários foram dispensados, junto com cinco funcionários do setor de obras, que foram paralisadas. E na Villa do Chocolate, oito temporários foram demitidos.

A expectativa é que com o agravamento do cenário na situação da MT-251, novos desligamentos serão mais profundos nas estruturas comerciais, pelo simples fato de não haver renda suficiente para manter equipes de trabalho completas.

Os sinais mais preocupantes vieram dos setores da construção civil com a paralização imediata de muitas obras e das imobiliárias que cessaram as vindas de novos clientes, indicadores que apontam para o aprofundamento da crise no médio e longo prazo.

Empreendedores da cidade também se preocupam com os compromissos financeiros assumidos, como por exemplo, empréstimos oriundos do período de pandemia ou para expansão de negócios, pois muitos já foram obrigados a buscar linhas de crédito especiais para manter o fluxo de caixa em diversas oportunidades, como queimadas, pandemia e reforma da praça central de Chapada.

Diante do cenário, os comerciantes fazem um apelo ao Governo de Mato Grosso, afim de reconsiderar as medidas de bloqueio da MT-251. Foram feitas algumas sugestões, como: nova análise da gestão de risco com profissionais dos diversos órgãos responsáveis em Comissão Independente, para emissão de relatório confiável a comunidade; liberação de veículos tipo camionete com mercadorias na caçamba com produtos de supermercado, caixas térmicas e materiais leves; liberação do trecho para tráfego no período diurno, relocação das equipes de trabalho para o horário de menor uso da rodovia; entre outras.

Veja abaixo os apontamentos sobre cada setor:

Pousadas:

  • Queda média de 70% nas vendas em relação ao mesmo período do ano anterior;

  • Baixa procura de quartos para o carnaval;

  • Dispensa de funcionários relatado nas maiores pousadas;

  • A maioria das pousadas é administrada pelo próprio dono, muitas como sua única fonte de renda;

Agências de Turismo

  • Queda média de 50% nas vendas em relação ao mesmo período do ano anterior;

  • Passeios diretamente afetados e guias de turismo com pouco trabalho;

  • Característica de força de trabalho com autônomos, mais suscetível a perda de renda imediata.

Materiais de Construção:

  • Queda média em 26% nas vendas em relação ao mesmo período do ano anterior;

  • Aumento no frete para aquisições e consequentemente nos preços dos novos produtos ao consumidor final;

  • Relatado haver paralisações de obras e cancelamentos de orçamentos, não sendo possível dimensionar impacto das próximas semanas;

  • Já houve demissões em duas empresas.

Imobiliárias:

  • Redução média em 50% nos atendimentos a clientes para locação e venda;

  • Insignificante a procura por casas de temporada até para o carnaval, muitas relatando não haver nenhum pedido;

  • Relatado paralisação e/ou cancelamento em vendas já iniciadas por conta da falta de previsibilidade na regularização do acesso.

Supermercados e agropecuárias:

  • Redução média em 20% nas vendas, principalmente aos finais de semana;

  • Cancelamento de contratação para vagas de temporários em três supermercados;

  • Preços estáveis aos varejistas que fazem aquisições de produtos em sistema de rede, porém os pequenos estão impactados pelo aumento do frete.

Lojas:

  • Redução média em 30% nas vendas, principalmente aos finais de semana;

  • Demissão de funcionários temporários;

 

 

Fonte: Olhardireto