Uma audiência de instrução para ouvir os policiais que sequestraram e desapareceram com Rubson Faria dos Santos foi designada pelo juiz José Eduardo Mariano, da 1a Vara Criminal de Cáceres. A reunião estava agendada para o dia 15 de março, mas foi reprogramada a pedido do Ministério Público.
De acordo com a denúncia, os militares Kristian Batista Maia (soldado), Rodrigo Brandão (soldado), João Eduardo Silva (cabo), Eliézio Francisco Ferreira dos Santos (soldado), Jeferson da Silva Leal (soldado) e André Filipe Batista da Silva (primeiro tenente)
Eles foram acusados de abuso de autoridade, ocultação de cadáver, fraude processual e homicídio. A denúncia foi recebida pela juíza Helícia Vitti Lourenço em março de 2022. Os seis réus foram considerados culpados.
Rubson desapareceu em meados de janeiro de 2021, em Cáceres. Os dados de geolocalização da viatura da Polícia Militar que a conduziu, deram-se conta de que o camburão permaneceu por três minutos em um local remoto da cidade, que é bastante escuro e está próximo à margem de um rio e de um açude.
Ele foi levado inconsciente por policiais militares no dia 29 de janeiro. De acordo com os familiares e vizinhos, a residência foi invadida pelos agentes que agrediram o pedreiro até que ele não tivesse consciência, quando foi levado.
Rubson não foi conduzido à delegacia para o registro de um boletim de ocorrência e nem à unidade de saúde. Dessa forma, a família começou a buscar informações.
Um dia antes do desaparecimento, a esposa e o marido foram abordados pela Polícia Militar devido a um carro que haviam adquirido há cerca de 15 dias. Os dois não tinham conhecimento, mas o carro era roubado e, por isso, o veículo foi apreendido.
O enteado da vítima, em depoimento, disse que, no dia do incidente, foi surpreendido com policiais militares do GAP destratando e batendo-o, sendo que um deles ordenou que ele saísse do local.
Uma mulher que transitava de motocicleta com o marido e, ao parar, observou a situação. Ela disse que viu os policiais militares saírem da viatura, mas não ouvimos gritos ou pedidos de socorro.
Cinco pessoas, ao todo, afirmaram ter ouvido o pedreiro gritar por socorro, sendo que uma delas confirmou ter ouvido pancadas e agressões.
De acordo com o relatório, a viatura permaneceu inativa/desativa entre as 23h06 e as 0h13, na avenida 7 de setembro, no Centro de Cáceres. Após isso, ele se dirigiu pelas ruas da cidade, parando novamente às 00h42, na rua Joaquim Murtinho. O veículo permaneceu na Radial Um entre as 00h54 e as 01h29.
A viatura permaneceu estacionada entre as primeiras horas e as 02h06. Parando novamente na avenida Pedrino Alexandrino Lacerda (que é uma via sem iluminação e bastante escura à noite), das 02h16 às 02h18, retornei à primeira via às 02h33 e, por fim, até às 02h45.
Ao verificar as coordenadas do local em que a viatura permaneceu parada por aproximadamente três minutos (avenida Pedrino Alexandrino Lacerda), o Google Maps mostrou que é uma área rural, com lagoas/açudes e o rio Paraguai nas proximidades.